Oxum: A divindade Yorubá que conquistou sua posição sagrada

(Representação visual gerada pelas IAs DALL-E e Leonardo)

Oxum é uma das mais importantes e veneradas divindades do panteão Yorubá, tendo sua devoção iniciada nas atuais regiões de Benin, outras partes do oeste africano e principalmente na Nigéria, onde corre o rio Oxum, corpo de água muito vinculado à sobrevivência primitiva dos habitantes locais e considerado sagrado por ser a morada terrena da deusa conforme a tradição.

Contam os mitos que em tempos ancestrais os orixás masculinos como antigo Oduduwa, o sábio Orunmilá, o impulsivo Ogum, o forte Xangô, entre outros, não davam o devido valor à Oxum, que era subestimada e não recebia a devida atenção. Para comprovar sua importância, a deusa não recorreu ao confronto e usou da astúcia para que os demais entendessem sua posição. Ela foi embora para um destino remoto e inatingível, privando tudo e todos de seus atributos. Como consequência da ausência de Oxum, a desolação passou a imperar, a seca dominou o ambiente, a fertilidade da terra foi comprometida, a beleza do mundo foi esvaindo e a escassez prevaleceu sobre a fartura. Ficou claro para aqueles que não respeitavam Oxum qual era sua relevância divina, então procuraram por ela em vários lugares e clamaram por seu retorno. Percebendo que sua lição foi devidamente compreendida, Oxum decidiu voltar por conta própria e seu retorno restituiu o equilíbrio e restaurou a beleza da vida. Ela também foi valorizada como detentora de saberes desejados pelos orixás a respeito da imortalidade e mistérios da criação e compartilhou as revelações que recebeu sobre tais coisas. Diante disso ela conquistou sua posição como um dos orixás mais poderes, muito respeitada entre os demais.

Um dos elementos essenciais de Oxum é sua ligação com as águas doces que provém a vida. Ela criou os rios, as cachoeiras e os lagos quando os Orixás chegaram à terra seca e desértica, impulsionando a fertilidade e a diversidade da natureza. Dona de uma incrível beleza, ela encantou vários entes sagrados, principalmente Xangô, o orixá do fogo, do trovão e da justiça, e Ogum, o orixá do ferro e da guerra.

Entre os seguidores terrenos Oxum assumiu um importante papel protetor, promovendo fertilidade e maternidade, proteção das crianças, promoção de cura, paz nos relacionamentos, riqueza e prosperidade. Os povos Yorubá celebraram e veneraram Oxum através de lugares sagrados como santuários e templos nas proximidades de rios, onde ofereciam mel, perfumes, espelhos e joias à deusa através de rituais em busca de sua intervenção. Nas tradições religiosas afro-brasileiras do Candomblé e da Umbanda e através do sincretismo sua presença é muito sentida e celebrada.