Ashoka, o imperador indiano que trocou a guerra pelo pacifismo

(Representação visual gerada pelas IAs DALL-E e Leonardo)

O Império Maurya comandou vastas regiões do subcontinente indiano e desempenhou um papel significativo na história antiga da Índia. Seu surgimento ocorreu a partir do momento que Chandragupta Maurya, o primeiro imperador, conseguiu tomar o poder e unificar territórios em 321 a.C., aproveitando-se da oportunidade proporcionada pela queda do domínio de Alexandre, o Grande, sobre a região. O processo de consolidação do império seguiu adiante sob o comando de seu filho, o imperador Bindusara, que estabilizou a estrutura do Estado e ampliou os domínios territoriais através de conquistas militares. O terceiro governante da dinastia foi Ashoka, o Grande, que assumiu o poder em 268 a.C. determinado a continuar a ampliar os domínios do império através da guerra.

Ashoka era conhecido por sua natureza combativa, por seu talento como comandante militar e estrategista caracterizado pela agressividade, além de sua postura inclemente diante dos adversários. O imperador guerreiro obteve importantes conquistas, estendendo as regiões do império do atual Afeganistão até Bangladesh e sua campanha de guerra mais marcante foi realizada contra o reino de Kalinga, que estava estabelecido no atual leste da Índia. A posição costeira de Kalinga favorecia as atividades comerciais que interessavam ao poderoso e perigoso vizinho, fazendo do reino um alvo evidente para a política expansionistas do Império Maurya que Ashoka governava.

Em 231 a.C. as tropas comandadas pessoalmente por Ashoka invadiram Kalinga e realizaram uma operação de guerra devastadora. Além de toda destruição em cidades, vilas e estruturas, o saldo humanitário da guerra foi extremo, deixando mais de 100.000 mortos em combate, além das mortes decorrentes de fome e doenças resultantes da ocupação violenta do território de Kalinga. Além dos mortos, cerca de 150.000 habitantes originais do reino derrotado foram expulsos ou deportados para diversos lugares.

Apesar do êxito nos campos de batalha, a vitória do Império Maurya não deixou seu soberano satisfeito. Depois de testemunhar a carnificina dos combates e a calamidade que se abateu sobre a população de Kalinga, Ashoka ficou aterrorizado. O imperador voltou para sua capital modificado pela experiência, refletiu sobre seus próprios valores, a respeito de seu papel como governante e reconsiderou o papel do governo diante de tanta violência. Ele se converteu ao budismo e resolveu adotar uma política de não-violência como orientação de seu reinado a partir de então.

Com um imperador que abandonou o belicismo, as ações do governo mudaram. A política expansionista deu lugar a reformas sociais ações voltadas para a pacificação do império. Além de passar a promover a expansão do budismo, proclamou os seus famosos editos, que consistiam em normas em princípios baseados nos ensinamentos de Buda, reunindo declarações oficiais em favor da tolerância religiosa, lições sobre respeito às formas de vida e convívio harmonioso, sendo tais comunicações expostas para a população em inscrições em pedra e nos famosos Pilares ou Colunas de Ashoka que foram espalhados principalmente pelo norte da Índia. Medidas como a reorganização estatal e aprimoramento dos governos provinciais e ainda a melhoria no sistema de arrecadação ajudaram a promover um novo ciclo de prosperidade. As mudanças no destino dos recursos públicos proporcionaram a realização de obras como estradas foram realizadas para favorecer a integração das regiões e atividade comercial do império, sendo tais rotas aprimoradas pela instalação de poços e alojamentos para viajantes, além de outras iniciativas foi a construção de hospitais para pessoas e animais.

Ashoka morreu em 232 a.C., mas a continuidade de sua proposta foi prejudicada pelas disputas entre seus próprios descendentes, que chegaram a usurpar o trono de seu filho Kunala, acusado de ser fraco por ser cego. Além disso, a insuficiente determinação de seus descendentes ao longo dos anos que se seguiram resultou no esfacelamento do império, reduzido por causa de movimentos separatistas e independência de antigas províncias.


Referências:

Um comentário

Os comentários estão fechados.