Abbas Ibn Firnas foi um gênio realizador de notáveis e engenhosos feitos científicos durante o século IX. Ele nasceu em 810 na cidade de Izn-Rand Onda, na região espanhola da Andaluzia (Al-Andalus), e era descendente de berberes provenientes do Marrocos. Em sua época, os mouros (islâmicos estabelecidos sobretudo na Península Ibérica a partir do século VIII) constituíram no Emirado de Córdoba um importante centro de estudos e por lá teve acesso a uma formação diversificada que qualificou sua atuação como médico, engenheiro, cientista e como músico e poeta talentoso. Ele era um polímata, intelectual que transitava por diversas áreas de conhecimentos, posição que não era incomum antes da formação especializada que foi difundida a partir do Iluminismo.
Conhecido como “Hakim de Al Andalus” (“o Sábio de Al Andalus”), trabalhou regularmente como médico, educador e artista, mas se destacou mesmo através de sua atuação experimental e realização de inventos inovadores. Aplicando conhecimentos variados, desenvolveu métodos para produção de vidros transparentes de alta qualidade, que depois foram importantes para a confecção dos famosos copos andaluzes, lentes para favorecer a visão e para utilização em experimentos ópticos. Ele também montou dispositivos mecânicos diversos, incluindo um planetário para simular a movimentação dos astros. Outro de seus inventos foi um sofisticado e preciso relógio de água conhecido como Al-Maqata.
A sua experiência mais conhecida envolveu o desenvolvimento e emprego de um dispositivo projetado para voar, sendo reconhecido na história da aviação como um pioneiro na realização de um voo documentado. Sua máquina voadora era um planador com estrutura feita de bambu, revestido por seda, coberto por penas e que era dotado de mecanismo de controle de direcionamento. A demonstração de sua criação foi realizada diante do público em Córdoba e para executar o voo, o próprio Abbas, que já contava com seus 70 anos de idade, conduziu seu aparelho saltando de uma posição elevada e conseguiu planar pelos ares realizando manobras durante cerca de 10 minutos. A falha do projeto se apresentou no final da exibição, pois o aeroplano rudimentar não contava com nenhum aparato para aterrissagem, resultando em uma queda que deixou Abbas gravemente ferido.
Depois do acidente e apesar das lesões que deixaram sequelas, Abbas continuou sendo um ativo estudioso das ciências, das inovações tecnológicas e até chegou a aperfeiçoar seu projeto de planador, embora não se saiba se ele realizou um novo voo.
O Sábio de Al Andalus morreu em 887, aos 77 anos de idade.
Referências:
HistóriaBlog 
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