O mulherengo D. Pedro I

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

Em seus 36 anos de vida, d. Pedro I — o “imperador galante”, na visão popular e de muitos historiadores — conheceu três mulheres que desempenharam um papel importante não só na sua vida, mas também em sua carreira. Desde cedo, o príncipe, “seguindo a natureza ardente de sua mãe, também viria a ser um mulherengo inveterado”, como assinala Patrick Wilcken em Império à deriva. “Cavalgava pela cidade à procura de mulheres, detendo liteiras na rua e fazendo propostas a qualquer passageira bonita.” O casamento por conveniência com d. Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo (1797-1826), um ano mais velha, quando ele tinha ainda 19 anos, brindou-o com uma mulher culta e politicamente influente que preencheu também o papel de mãe, dando-lhe sete filhos (um deles falecido ainda bebê), antes de morrer prematuramente aos 29 anos. Sobre sua relação com d. Pedro, d. Leopoldina escreveu à irmã, Marie-Louise: “Com toda a franqueza, diz ele tudo o que pensa, e isso com alguma brutalidade; habituado a executar sempre a sua vontade, todos devem acomodar-se a ele; até eu sou obrigada a admitir alguns azedumes (…) apesar de toda a sua violência e de seu modo próprio de pensar, estou convencida de que me ama ternamente”.

Ainda casado com d. Leopoldina, d. Pedro teve uma relação extraconjugal a partir de 1822 com Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867), a quem deu o título de marquesa de Santos. O imperador teve cinco filhos com a amante, dos quais três filhas foram reconhecidas por ele. Como d. Leopoldina, a marquesa de Santos influenciava bastante d. Pedro em suas decisões políticas. O romance durou sete anos e, por sua notoriedade, criava dificuldades para que o rei viúvo encontrasse uma nova esposa nas cortes europeias.

A ruptura definitiva com Domitila foi determinada por uma cláusula contratual do segundo casamento de d. Pedro, com d. Amélia Augusta Eugênia Napoleão de Leuchtenberg (1812-1873), com quem o imperador teve uma filha. D. Amélia compartilharia os últimos cinco anos de vida do monarca, exercendo também importante papel na reaproximação politica de Pedro I com José Bonifácio.

Texto extraído da edição especial da revista Nossa História: A Construção do Brasil (2006)