Ada Lovelace, a condessa pioneira da computação no século XIX

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

As inovações tecnológicas da computação estão presentes em vários campos e atividades da vida moderna, realizadas através das operações de desenvolvimento e aplicações do uso de processos, técnicas e linguagens de programação, envolvendo um domínio de habilidades e conhecimentos específicos fundamentais. Surpreendentemente, essa revolução tecnológica e os fundamentos por trás dela surgiram muito antes dos computadores através de ideias visionárias como o “Motor Analítico” desenvolvido no século 19 por Charles Babbage e pela concepção dos primeiros algoritmos concebidos por Ada Lovelace para que máquinas pudessem processar e executar seus comandos.

Augusta Ada Byron nasceu em Londres em 1815. Era filha única do casal constituído brevemente por Anne Milbanke e pelo famoso e celebrado poeta Lord Byron (George Gordon Byron), que abandonou a família e foi embora da Inglaterra ainda durante a gestação da filha. A menina Ada foi educada em casa sob a supervisão rigorosa da mãe, que não queria que ela desenvolvesse inclinações artísticas como o pai e por isso influenciou que ela apendesse profundamente a matemática. Ada foi instruída pelo matemático Augustus De Morgan, que reconheceu na jovem uma incrível capacidade e potencial para se tornar uma teórica de elevado nível e aos 17 anos ela conheceu o também matemático Charles Babbage e teve acesso ao trabalho inovador que ele vinha desenvolvendo e que daria origem à ciência e ao pensamento computacional. 

Ela começou a estudar o Motor Analítico, protótipo que Babbage desenvolveu de uma máquina computadorizada que realizava cálculos numéricos, e compreendeu já na ocasião a possibilidade de execução de tarefas pelas máquinas a partir da elaboração de comandos lógicos. Em seu trabalho conhecido simplesmente como “Notas” (1842-1843), ela apresentou a demonstração completa de um algoritmo de programação para a realização de cálculos dos chamados “Números de Bernoulli”, sequências numéricas complexas que ela programou para que a máquina pudesse realizar através de repetições e “loops”, operação que programações realizam até nos computadores atuais. A partir de suas análises, Lovelace percebeu que aquela tecnologia seria capaz de realizar muitas outras funções a partir da proposição de outros algoritmos e programações, indo além da análise de dados matemáticos e podendo até produzir música, outras formas de arte e manipular símbolos. A incrível perspectiva de Lovelace levou em consideração até mesmo a noção sobre se futuros aprimoramentos de outros motores analíticos (computadores) poderiam originar ideias ou conceitos por conta própria, antecipando a ideia de inteligência artificial.

Sua vida pessoal foi agitada. Ela se casou aos 19 anos com o aristocrata William King, que depois herdou o título familiar e passou a ser o Conde de Lovelace e Ada assumiu a condição nobiliárquica de condessa. Ada e William tiveram três filhos. A corte do rei Guilherme IV era um ambiente frequentado pelo casal e Ada tinha interações e contatos na elite intelectual e científica inglesa.

O elevado status social o brilhantismo visionário além de seu próprio tempo, não impediram a matemática de fazer escolhas nada sensatas ou lógicas em sua vida. Ela comprometeu seriamente suas finanças e fortuna através do vício em jogos de azar e apostas em corridas de cavalos. Sua genialidade matemática não foi capaz de fazer dela uma apostadora exitosa e seus sistemas não se aplicaram ao seu desenfreado desperdício de dinheiro na luxuosa vida da aristocracia.

Ada tinha uma saúde frágil desde a infância, tendo sido acometida várias vezes por doenças que a deixaram afastada de seus afazeres. A pioneira da ciência da computação acabou morrendo em 1852, aos 36 anos, por causa de um câncer uterino.


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