Violência na veia: Os Irmãos Harpe, assassinos em série pioneiros nos EUA

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

Joshua e William Harper eram filhos de imigrantes escoceses-irlandeses e nasceram por volta da década de 1760, durante uma turbulenta fase de contestações e revoltas coloniais na América do Norte. Já crescidos, Micajah “Big” Harpe e Wiley “Little” Harpe, como passaram a ser mais conhecidos, aderiram ao conflito armado e atuaram numa aliança com indígenas Cherokee Chickamauga em favor da Inglaterra. A vida no combate de guerrilha nas matas no decorrer da atuação de ambos na guerra proporcionou habilidades de sobrevivência e domínio da ação necessária para realizar ataques contra oponentes e além dessa vivência em campo eles ainda participaram de abordagens contra assentamentos de colonos, realizando saques e pilhagens.

Depois da Guerra da Independência dos Estados Unidos, tendo acumulado experiências ativas com a violência, os ex-combatentes viraram bandidos de alta periculosidade e decidiram travar outras lutas, sobretudo contra a lei e a integridade de quem cruzasse seus caminhos. Os irmãos Harpe praticaram crimes como roubos de cavalos e assaltos, mas eram temidos por causa dos assassinatos brutais. A dupla sanguinária percorreu os estados do Tennessee, Kentucky, Illinois e Mississippi promovendo terror e carnificina.

A brutalidade era a marca dos irmãos, que frequentemente desmembravam, esmagavam ou evisceravam suas vítimas, que tinham órgão internos barbaramente arrancados e cavidades corporais preenchidas por pedras antes do descarte em rios para assegurar o afundamento dos cadáveres. Os Harpe atacavam pessoas indistintamente, dependo apenas da disposição, desejo de matar no momento do crime ou da ocasião. Eles assassinaram desde indivíduos isolados e viajantes até famílias inteiras, provocando pânico e atenção das autoridades e população em diversas localidades. Em 1799 havia um bom prêmio estabelecido pelas cabeças de Big e Little Harpe, o que mobilizava vigilantes e caçadores recompensas dispostos a rastrear e capturar os criminosos seja por dinheiro ou pelo alívio de eliminar o perigo representado pela existência deles.

Um grupo de perseguidores acabou localizando os malfeitores foragidos em agosto de 1799. Na ocasião ocorreu um tiroteio que acabou ferindo Big Harpe, que foi detido enquanto o irmão conseguiu escapar. Entre os captores estava um homem chamado Moses Stegall, que aderiu ao grupo de vigilantes movido por uma causa mais valiosa do que a recompensa, pois seu objetivo era vingança pelas mortes de sua esposa e filho, vítimas dos Harpe. Coube a Stegall a sangrenta satisfação de decapitar Big Harpe e a cabeça do criminoso ficou fincada num poste no cruzamento de estradas que ficou conhecido como “Harpe’s Head” e passou a ser uma espécie de marco do estado de Kentucky. O fugitivo Little Harpe continuou na vida de crimes e ingressou numa quadrilha comandada pelo infame bandido Samuel Mason, mas traiu seu novo aliado por causa de uma recompensa e acabou detido enquanto tentava resgatar o prêmio pela cabeça decepada Mason em 1804. Little Harpe foi julgado e condenado à morte, executado por meio de enforcamento.

O grande número de vítimas (podendo ir além das 50 mortes), o modus operandi brutal, a gratificação psicológica pelos atos de violência praticados e a contínua prática assassina caracteriza os irmãos entre os primeiros casos de serial killers documentados das história dos EUA.


Referências:

Um comentário

Os comentários estão fechados.