Septímio Severo: Um Imperador Africano em Roma

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

Assim como ocorreu a pós a queda de Nero, a morte do imperador Cômodo fui seguida por um momento caótico conhecido como o “Ano dos Cinco Imperadores”, em 193 a.C. Pertinax, prefeito de Roma, foi proclamado o sucessor pelo Senado, mas assumiu durante um momento tão tumultuado que foi incapaz de controlar a situação e acabou sendo assassinado pela Guarda Pretoriana com apenas 3 meses de governo. Seus assassinos aceitaram Dídio Juliano como imperador após negociar corruptamente o trono e fazendo promessas de grandes pagamentos aos soldados, mas o imperador desaprovado pelo Senado e pela população também durou 3 meses no poder e foi assassinado. Pescênio Níger governava a Síria e foi proclamado imperador por suas tropas e por apoiadores nas províncias do leste ao mesmo tempo que Clódio Albino, governador da Britânia, foi proclamado no ocidente ao lado de Septímio Severo como seu co-imperador.

Lucius Septimius Severus nasceu em 145 no continente africano, em Leptis Magna, atual Al-Khums na Líbia, sendo o primeiro governante do império nascido fora da Europa. Sua guinada ao poder ocorreu nesta fase tumultuada do ano 193. Ele apoiou Pertinax, fez parte da revolta contra Dídio Juliano e por sua posição de prestígio como general e governador da Panônia Superior (província que correspondia aos atuais territórios da Áustria, Hungria, Eslováquia, Eslovênia e Croácia), tinha predileção por parte do Senado para assumir o posto de imperador, embora tenha decidido firmar uma aliança com Clódio Albino para evitar uma disputa, pois o general que governava a Britânia também tinha força para postular o trono. Depois da derrota de Dídio Juliano, os dois compartilharam o poder para pacificar Roma, mas a relação não era estável e no decorrer do governo conjunto romperam a união em 195, quando cada um deles declarou que regia de maneira exclusiva e isoladamente. Uma guerra foi deflagrada e vencida por Severo na Batalha de Lugduno, em 197, fazendo Clódio Albino se suicidar diante do resultado desfavorável.

Seu governo foi marcado por realizações como o aumento dos pagamentos dos soldados como forma de garantir a lealdade das tropas, apesar do comprometimento orçamentário. A Guarda Pretoriana foi reformada e renovada, reduzindo seu poder e autonomia que já desafiou outros imperadores. Províncias foram divididas para favorecer a redução dos poderes dos governadores, e outras medidas proporcionaram melhorias significativas para o império, como a atividade judicial que foi aprimorada com reformas e valorização de notáveis juristas como conselheiros ou agentes do governo, além de obras públicas dotaram Roma de novas construções e de renovações em outras estruturas já existentes. Nos campos de batalha o imperador conduziu campanhas exitosas contra a Pártia, levando o domínio territorial romano até o rio Tigre. Na frente ocidental ele buscou assegurar o domínio da Britânia, reforçando a Muralha de Adriano e tentando se impor diante da Caledônia (atual Escócia).

O período de Septímio Severo no comando de Roma também foi problemático. O peso de seu favorecimento aos militares custou caro para a economia romana, forçando a inflação e a constante falta de recursos, resultando em impactos negativos para a população em geral. O imperador governou desprezando o Senado e perseguindo muitos de seus integrantes, gerando uma forte animosidade nas elites políticas e econômicas do império representadas pela instituição. Os frequentes incidentes de abuso de poder do imperador também revelavam frequentes casos de corrupção, comprometendo ainda mais sua reputação e popularidade. 

Apesar de algumas de suas tentativas de reformas e de conseguir manter certa estabilidade temporária, a militarização exacerbada fez de Roma uma monarquia militarista autoritária que funcionava para sustentar o exército sacrificando todos os demais setores e aspectos do Estado e da sociedade, gerando descontentamentos entre a elite e as camadas pobres. Seu governo acabou figurando na fase da longa e desgastante decadência de Roma.

Septímio Severo morreu em 4 de fevereiro de 211 em decorrência de uma doença que o atormentava durante anos. Ele tinha 65 anos na ocasião e estava em Eboracum, na Britânia, atual York, Inglaterra, comandando mais uma campanha militar. Seus filhos Caracala (Lucius Septimius Bassianus) e Geta (Publius Septimius Geta) haviam sido designados como sucessores e era esperado que compartilhassem o poder como co-imperadores, mas logo após a oficialização do governo manifestaram divergências e pretensões que culminaram com o assassinato de Geta por ordem do próprio irmão.

Septímio Severo instituiu a Dinastia dos Severos, que durou até o fim do governo de Severo Alexandre (Marcus Aurelius Severus Alexander Augustus), em 235, precipitando a fase conhecida como “Crise do Terceiro Século”.


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