
Publicada em 2 de novembro de 1917, em plena guerra, a declaração do ministro britânico promete ao povo judeu o apoio do Reino Unido quanto ao “estabelecimento, na Palestina, de um lar nacional”. Ele empregará “todos os esforços para facilitar a realização desse objetivo, estando bem claro que nada será feito que possa ferir os direitos civis e religiosos das comunidades não judias existentes na Palestina”.
Antes dessa declaração, os judeus não dispõem de nenhum estabelecimento oficial no mundo que ofereça a seu povo uma segurança.
Depois dessa declaração, torna-se possível obter um estabelecimento oficial e fortalecê-lo até que se transforme em uma nação independente e soberana.
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James Balfour, que reconhecia o primeiro lar judeu na Palestina, é um homem político britânico, nascido em Whittingehame em 1848. Deputado conservador na Câmara dos Comuns desde 1874, muito intransigente com os rebeldes irlandeses, ele inaugura uma série de reformas sociais ambiciosas. Primeiro-ministro em 1902, é conhecido por sua energia reformadora. Dirige em 1917 o Foreign Office.
Nessa função, ele é freqüentemente visitado pelo chefe do sionismo inglês, Chaim Weizmann, que lhe submete, em nome de toda a comunidade judaica instalada na Palestina desde 1882, um projeto inédito e ambicioso. Balfour o escuta e, no mesmo ano, produz um texto que deixará seu nome na história: a declaração Balfour de 1917.
Antes da intervenção de lorde Balfour, o Oriente Próximo, onde se instalou um lar judaico, encontra-se na zona de combate da Primeira Guerra Mundial: a Turquia, aliada dos alemães, vê uma parte de seu império ameaçada pelos franceses e principalmente pelos britânicos. Em grande segredo, são assinados, em maio de 1916, por esses últimos, os acordos Sykes-Picot, prevendo a divisão do império otomano depois da vitória.
Os britânicos, contra os turcos, estimulam o nacionalismo árabe: o príncipe de Meca, Hussein, não hesita em se rebelar contra a Turquia com a bênção do Estado-Maior francês e inglês a quem ele fornece cavaleiros em número suficiente para tomar Damasco. Como franceses e ingleses podem ao mesmo tempo proteger os judeus e exaltar os árabes?
A prioridade mais urgente é a proteção dos judeus fixados na Palestina desde a primeira instalação de uma colónia agrícola em Jaffa no ano de 1882. É necessário construir as bases de uma nação sobre um solo instável e brevemente hostil.
Os judeus eram 24.000 em 1880 na Palestina; eles são aproximadamente 100.000 em 1914. C. Weizmann, engenheiro químico, britânico de origem russa, presidente da federação sionista da Grã-Bretanha em 1917, obtém o apoio da família Rothschild na França e mantém relações estreitas com N. Sokolow, o representante dos sionistas russos na Grã-Bretanha.
A política prevista por C. Weizmann em relação ao futuro Estado de Israel, cuja criação havia sido pedida por Théodore Herzl, só pode, em seu espírito, confundir-se com os interesses britânicos no Oriente. Ele deve realizar-se na Palestina. C. “Weizmann vai apresentar suas opiniões diante de um bom número de personalidades políticas britânicas. Ele encontra um ouvido favorável em lorde Balfour, interessado pela hipótese de uma nação judaica na Palestina.
Desde dezembro de 1916, depois da formação do gabinete de guerra de Lloyd George, Balfour é confrontado com os problemas do conflito contra os turcos no Oriente. As colônias judaicas da Palestina estão ameaçadas: as más colheitas do ano de 1915, causa de fome e de epidemias, reduziram a população a cinqüenta mil. Os judeus temem uma sorte comparável à dos armênios, cujo rumor de um grande massacre começa a circular.
A Palestina atrai o interesse internacional. Ponto estratégico de máxima importância, corredor entre a Anatólia e o Egito, via de acesso para o Iraque e para o Ira ricos em petróleo, seu controle garantiria uma proteção mais eficaz do Canal de Suez, atacado pelos turcos em 1914. Os britânicos não pensam de imediato em dividir, pura e simplesmente, a região, o que era, no entanto, estipulado pelo acordo Sykes-Picot, divisão de Oriente Próximo concluído entre os governos de Londres e de Paris. Eles querem esperar e ver o que acontece.
Os projetos sionistas justificariam assim o estabelecimento de um protetorado que seria igualmente a zona-tampão tão desejada entre a Síria francesa e o Egito. A declaração de Balfour autorizava essa esperança. Um exército britânico comandado pelo general Allenby preparava-se para entrar em Jerusalém. Ele contava com três mil voluntários judeus.
Depois da declaração de Balfour, seria um longo caminho até a criação do Estado de Israel, mas a ideia já estava lançada. Os judeus perseguidos desde a diáspora encontrariam finalmente um abrigo em seu país de origem. O retorno a Jerusalém tornava-se possível, também após uma longa espera.
No final do primeiro conflito mundial, a Liga das Nações confia aos ingleses os mandatos da Palestina e do Iraque, com exceção da cidade de Jerusalém, que, por razões culturais e religiosas, deveria continuar internacional. Aos franceses a Liga confia o mandato da Síria e do Líbano.
A criação de um Estado judeu foi contrariada pela política árabe do Foreign Office, que mantinha um comportamento dúbio. Enquanto que a carta de Balfour tranqüilizava os judeus da Palestina, uma negociação secreta com o príncipe de Meca, Hussein Ibn Ali, prometia a este último, contra a dominação dos turcos, o apoio do Foreign Office para a criação de um reino árabe independente. Nada resultava dessa promessa, mas o nacionalismo árabe havia sido encorajado. Essa política dúbia, oportunista e vaga durou até a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, a emigração continuava, apoiada pelo Fundo Nacional Judeu alimentado pelas comunidades da América, da França e da Grã-Bretanha. Em 1931, os judeus eram 174.000 na Palestina. Na conferência de paz de 1919, pela primeira vez, o movimento sionista era oficialmente admitido a reivindicar a criação de um Conselho judeu na Palestina capaz de administrar os assuntos da comunidade. Ele tinha também a possibilidade de aumentar as implantações.
Nenhuma decisão era tomada, mas o recomeço da alyah (onda de emigração de judeus para a Palestina) trazia para a Palestina uma nova leva de 35.000 emigrantes, sobreviventes dos massacres perpetrados pelos exércitos dos russos brancos e pelas hordas de ucranianos anti-semitas, ou seja, 100.000 vítimas entre 1915 e 1924.
Esses refugiados se organizam na Palestina, seguindo o modelo coletivista praticado na Rússia: cooperativas agrícolas, fundação de um partido trabalhista, o Histadrout, criação de uma grande central de trabalhadores.
A quarta alyah (1924-1929), composta por pequenos comerciantes e industriais poloneses, igualmente vítimas do anti-semitismo, não abraça o modelo coletivista da terceira onda. A primeira preocupação é a coabitação com os árabes. Jerusalém está à beira de uma explosão em agosto de 1929.
Apesar das tentativas de paz preconizadas por Churchill em seu Livro Branco, o grande Mufti de Jerusalém, Al Hajj, toma a decisão de atiçar deliberadamente o conflito para manifestar a vontade árabe de expulsar os judeus da Palestina. Em 23 de agosto de 1929, a população judaica sofre o massacre de Hebron; alguns dias mais tarde, é a vez dos bairros judeus de Safed serem saqueados.
Os limites da política inglesa, que consistia em defender com intransigência seu próprio interesse bem além das situações antagônicas, tornam-se cada vez mais evidentes aos olhos do mundo inteiro.
A quinta alyah acontece pouco após a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha. Somente durante o ano de 1933 pisam em solo palestino 35.000 judeus nascidos no Reich, número derrisório levando-se em consideração o risco corrido pelos que ficaram na Alemanha. Em seis anos, até 1939, data do começo da Segunda Guerra Mundial, somente 180.000 se estabelecem, alemães e depois tchecos e austríacos engrossam o número de judeus na Palestina. Em 1939, era necessário fugir do regime de Hitler e das perseguições na Europa por todos os meios.
Mas a segurança dos judeus na Palestina era abalada pelas revoltas árabes, violentas desde 1936. Os judeus deviam criar uma organização de defesa armada, a Haganah, para proteger as pessoas e seus bens.
Os ingleses se engajavam em uma política malthusiana, destinada a apaziguar seus aliados árabes: eles publicavam em 1939 um Livro Branco limitando a imigração judaica em 75.000 pessoas para os próximos cinco anos. Diante da oposição árabe, apoiada por Hitler, eles decidiam, em 1940, parar completamente o movimento.
Era necessário aos judeus organizar uma imigração clandestina para seus irmãos perseguidos e atacar a administração inglesa. Depois do massacre de seis milhões de judeus durante a guerra, Londres ainda se recusava, em 1945, a abrir as portas da imigração. Os grupos terroristas de Irgoun e o Stern atacavam o ocupante britânico que recusava o acesso à Palestina para os imigrantes do Exodus, um navio de sobreviventes judeus vindos da Alemanha em 1947.
Em 29 de novembro de 1947, a ONU adotava um plano de divisão da Palestina, com dois Estados, um árabe e um judeu, Jerusalém continuando um enclave internacional. O mandato inglês acabava em 1948, e, em 14 de maio, Ben Gurion proclamava a independência do Estado de Israel. A vitória israelense, no começo de 1949, depois da guerra começada em maio de 1948, contra os Estados árabes (Egito, Transjordânia, Iraque, Síria e Líbano), devia ter como conseqüência a constituição de um Estado com um único dono, bem como a emigração de 800.000 árabes acolhidos nos campos para refugiados pelos países vizinhos, contra os 120.000 que ficaram em Israel.
Aqueles que haviam imaginado Israel na época da declaração de Balfour como uma simples zona internacional de refúgio, claro que não haviam previsto o Holocausto.
Depois da descoberta dos campos de extermínio, os mártires judeus mostrarão ao mundo, em 1948, que do seu sofrimento e por seu sacrifício havia nascido um Estado soberano e legítimo, ao qual caberia, a partir de então, defender suas fronteiras numa região onde, apesar do direito incontestável ao Retorno do povo judeu, os Estados árabes lhe recusavam obstinadamente o direito de se instalar.
Assim, a criação de Israel em 1948, conseqüência lógica da declaração de Balfour de 1917, oferecia pela primeira vez em sua longa história uma garantia de segurança para o povo de Israel, tantas vezes perseguido e finalmente martirizado. Mas essa garantia continuava uma ilusão, na medida em que a comunidade internacional era incapaz de convencer o conjunto dos povos livres do mundo árabe da existência de Israel.
Pequena Cronologia
- 70 depois de Cristo: Tomada de Jerusalém pelo imperador romano Tito. Emigração dos judeus, depois da Diáspora, ou movimento de dispersão inaugurada nos séculos VII e VI antes da era cristã pela perseguição dos judeus pelos assírios e babilônios. Sob Tibério, 7 milhões de judeus emigraram pelo mundo romano, no Egito sobretudo.
- 132: Revolta dos judeus de Bar-Kokhba e a segunda tomada de Jerusalém por Adriano. Depois da ocupação de Jerusalém por Constantino e a conversão do imperador, os judeus emigram novamente em direção à Mesopotâmia, depois em direção à Espanha árabe e à Europa cristã, sobretudo para a Polônia, e para a Turquia. Jerusalém, que é incendiada pelos fatímidas do Egito, torna-se novamente cristã durante as cruzadas, e depois árabe sob Saladino.
- 1882: Fundação da primeira colônia agrícola perto de Jaffa em conseqüência ao apelo feito pelo doutor Leon Pinkler em Odessa, na Rússia, onde acontece uma forte perseguição anti-semita.
- 1896: Lançamento do livro de Teodoro Herzl, O Estado judeu. Teodoro Herzl é um refugiado húngaro em Paris que acompanha o caso Dreyfus convencendo-se de que a única solução para o problema judeu é a fundação de um Estado. Influenciado pelo grupo dos Amigos de Sion, ele se junta à Palestina e reúne, em 1897, o Congresso de Bale, que marca o começo do movimento sionista.
- 1901: Criação do Fundo Nacional Judeu para a compra de terras na Palestina após a criação do Banco Nacional Judeu.
- 1909: Fundação da nova cidade de Tel-Aviv e adoção do hebreu como língua oficial. Inauguração do primeiro kibboutz, comunidade igualitária.
- 2 de novembro de 1917: Chaim Weizmann, chefe do sionismo, obtém uma declaração de lorde Balfour. 1921: Primeiros incidentes sangrentos entre judeus e árabes.
- 1929: Violência árabe em Jerusalém.
- 1936: Revolta geral dos árabes contra os judeus.
- 1939: Livro branco inglês limitando a imigração. Atentados de Irgoun contra os ingleses.
- 1945: Guerra dos judeus contra os ingleses e sua administração. Atentados em série.
- 1947: Divisão da Palestina pela ONU. Recusa da Liga Árabe, em 17 de dezembro de 1947, em reconhecer o novo Estado judeu, representado, no entanto, na ONU.
- 14 de maio de 1948: Fim do mandato inglês e proclamação, por Ben Gurion, do Estado de Israel. Esse homem político, que vem de uma família judia da Polónia russa, se estabelece na Palestina a partir de 1906, após ser perseguido pelos pogrons. Ele cria com Ben Zévi o partido sionista socialista Poale Sion. Em 1945 ele é secretário-geral do Partido Socialista, o Mapaí, e torna-se presidente do conselho, eleito, do novo Estado.
- Maio de 1948: Invasão dos territórios israelenses por um exército de 80.000 árabes. A Legião Árabe cerca Jerusalém.
- Junho de 1948: Trégua imposta pela ONU. Ela é seguida de uma retomada da campanha e da reconquista dos territórios pelo exército israelense.
- 18 de julho de 1948: Segunda trégua após a “campanha dos dez dias”.
- 17 de setembro de 1948: O conde Bernadotte, mediador da ONU, é assassinado por terroristas judeus.
- Outubro de 1948: Dupla ofensiva israelense no Néguib e na Galiléia.
- 1949: Uma seqüência de armistícios é concluída entre Israel e os países árabes beligerantes, menos com o Iraque, cujo governo pró-alemão durante a Segunda Guerra Mundial se recusa em negociar. Aumento dos territórios de Israel em um terço aproximadamente. A cidade de Jerusalém é dividida em uma parte israelense e uma outra jordaniana. A Lei do Retorno proclama que todo judeu tem o direito de imigrar e de receber imediatamente a nacionalidade israelense. As instituições do novo Estado judeu, que não tem uma constituição escrita, são democráticas: uma câmara única, a Knesset, eleita a cada quatro anos com uma representação proporcional de todos os habitantes de Israel, designa os governantes.
Confira o documentário “Palestina: História de uma terra” (clique AQUI)
Uma relagiao não raça, um russo ou ucraniano que sao maiora dos ocupadores da Palestina não tem nada ver com esta terra ou com filhos do Israel, os palestinos independente da suas religiões sao mistura dos antigos Palestinos que eram na Palestina antes a chegada da Abrao e Moises e Arabes, mistura palestinis, gregos, filhos do Israel( que a maioria seguiriam o Jesus e ficaram cristoes) e arabes. Mas ver com russos , ucranianos e lithuanianos e..
http://thoth3126.com.br/israel-cientista-judeu-alega-que-sua-raca-nao-e-semita-e-sim-proveniente-da-khazaria/
Artigo objetivo e esclarecedor. A 1a.GM foi em função do petróleo na região e não foi “por acaso” a partilha do Oriente Médio pelas antigas potências imperialistas, Reino Unido e França que também erradicaram os impérios Austro-Húngaro e Alemão do mapa para “balcanizar” a Europa Central. Lembrar que da construção da ferrovia Berlim-Bagdá iniciada em 1910 rumo à região petrolífera!
Não sei se este vídeo foi lançado comercialmente. De qualquer forma, é possível baixar.
POR FAVOR, INFORME SE HÁ PARA VENDA, ESTES 03 (TRÊS), VÍDEOS “PALESTINA HISTÓRIA DE UMA TERRA” E QUE ESTÃO NESTE ENDERÊÇO QUE SEGUE https://historiablog.wordpress.com/2010/12/12/video-a-palestina/
EU CONFESSO, NÃO SEI SALVAR OS VÍDEOS EM DVD, ESTANDO OS MESMOS NO YOU TUBE.
EU PAGO A MÍDIA, O SERVIÇO E O ENVIO VIA CORREIOS OU MOTOTAXI CASO SEJA AQUI NO RIO DE JANEIRO-RJ-PAVUNA, A UNS 800 METROS DO METRÔ.
ANTECIPADAMENTE FICO AGRADECIDO.
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QUEM PODER AJUDAR-ME, FICO AGRADECIDO.
ABRAÇOS.
blog excelente!
parabens!!!
mto doido e mto cabuloso a parada la vey
parabens