O domínio Viking sobre as águas

Os mares eram ambientes temidos por diversos povos, mas não pelos vikings. Exploradores nórdicos encararam águas desconhecidas para atingir distâncias e terras que iam muito além de seus domínios nativos, encontrando nos destinos atingidos áreas para explorar e outras culturas e povos.

Uma motivação importante para as expansões navais dos vikings era a realização de saques e pilhagens. O mais famoso e simbólico episódio desse tipo de atuação foi o ataque realizado por dinamarqueses ao mosteiro de Lindisfarne, na costa britânica em 793, ação que marcou o início das incursões nórdicas em outras partes da Europa. As continuadas investidas bélicas dos dinamarqueses que desembarcavam no território britânico proporcionaram intensos confrontos e também trocas culturais, influenciando mutuamente vikings e anglo-saxões. No território inglês chegou a ser instalado um território dominado pelos dinamarqueses, o Danelaw, e até um rei viking, Cnut, o Grande, reinou sobre os britânicos. Dinamarqueses belicosos também se instalaram no norte da França, onde estabeleceram o domínio sobre a Normandia com destaque do ousado e pragmático Rollo, que exerceu uma influência determinante e iniciou uma importante linhagem nobre de profunda relevância na Europa.

Os vikings noruegueses se notabilizaram pelas expedições para o oeste e estabelecimento de colônias. Eles atingiram a Islândia por volta de 870, a Groenlândia foi atingida em 982 por Erik, o Vermelho, e seu filho, Leif Eriksson, chegou até a América do Norte, iniciando acampamentos na costa do atual Canadá por volta do ano 1000. Os vikings suecos, também conhecidos como varegues, também empreenderam suas jornadas desbravadoras, porém seguiram para o leste, navegaram através dos rios europeus, firmaram rotas comerciais, chegaram ao Mar Cáspio e ao Mar Negro. Os suecos estabeleceram contatos com o Império Bizantino e o Califado Abássida, que dominava partes do Oriente Médio e Norte da África.

A atividade de navegação realizada pelos vikings proporcionou o desenvolvimento econômico e fluxo de riquezas entre os nórdicos. Eles abriram rotas comerciais para diversas áreas, principalmente as rotas do Mar do Norte que ligaram a Escandinávia às Ilhas Britânicas e França, a Rota do Volga que chegava ao Califado Abássida e a Rota do Dnieper que atingia o Mar Negro, Constantinopla e o Oriente Médio. Eles negociavam peles, âmbar, armas e produtos metálicos de alta qualidade e escravos, obtendo pagamentos em ouro e prata que geraram imensas riquezas.

Suas expedições pelas águas marítimas e pelos rios ocorriam com o uso de embarcações desenvolvidas pela tecnologia de construção naval mais desenvolvida da época. Eles dominavam técnicas eficientes para a construção dos navios, que eram montados por meio de uma técnica modular, o que favorecia a realização de reparos no curso das expedições.

Eles empregavam diferentes tipos de embarcações, que possuíam suas características específicas. O Drakkar ou “Navio Longo” era a embarcação de guerra, dotada de uma estrutura que permitia a realização de manobras rápidas e capacidade de navegação eficiente em águas rasas ou profundas. Estes navios de combate podiam ser equipados com velas e remos e alguns recebiam ornamentações como cabeças de dragões esculpidas na proa para dar uma impressão intimidante sobre os oponentes. O Knarr era o navio de carga e possuíam estrutura robusta para suportar o transporte de fardos e pessoas para viagens de longa distância. Eles também empregavam o karve, que era um tipo intermediário embarcação, e o pequeno snäcka, que era utilizado para realizar curtas travessias.

Além de conhecer os aspectos da construção e manutenção das embarcações, os navegadores vikings precisavam desenvolver uma atenta observação dos sinais naturais, tais como as posições dos astros, movimentação das correntes marítimas, fluxos dos ventos e até o comportamento das aves. Reconhecer as particularidades de cada jornada era imprescindível, pois as navegações costeiras, fluviais e em alto mar possuíam suas próprias exigências e providências que dependiam das habilidades e experiência dos responsáveis pela condução dos navios. O treinamento dos navegadores envolvia bastante prática, iniciando em jornadas mais curtas até obter a capacidade de manobrar nas condições mais exigentes. Sem bússola, eles utilizavam as “pedras do sol”, que eram cristais de calcita utilizados para realizar o cálculo da direção dos raios solares para a indicação das orientações a seguir.

Ousadia e técnica foram combinadas para que os nórdicos pudessem se destacar como notáveis desbravadores medievais. Eles conseguiram incríveis resultados.

Um comentário

  1. […] Os vikings eram conhecidos por sua maestria na navegação e por suas embarcações avançadas, como os famosos drakkars. Dominando as águas da Europa, exploraram desde a América do Norte até o Oriente Médio, estabelecendo rotas comerciais e colônias. Suas expedições não apenas trouxeram riquezas, mas também influências culturais entre diferentes civilizações. Descubra como esses audaciosos navegadores conquistaram os mares e moldaram a história da Europa me… […]

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