Ao longo da História as mulheres que viveram em sociedades patriarcais tiveram que líder com restrições que limitaram suas possibilidades e autonomia. O acesso à educação, ao exercício de atividades e até a possibilidade de circulação eram prejudicados por determinações que estabeleciam papeis de gênero femininos e masculinos.
Algumas mulheres encontraram soluções ousadas, engenhosas e até arriscadas para superar os impedimentos num mundo dominados pelas imposições que privilegiavam os homens: elas decidiram assumir falsas identidades masculinas. Este artifício favoreceu acessos e possibilidades para que mulheres pudessem estudar, viajar, ter novas experiência e possibilidades de atuação em variadas áreas como a ciência, medicina, literatura, e até mesmo encarando os riscos dos campos de batalha.
Confira nos links a seguir casos incríveis publicados no blog que apresentam mulheres que desafiaram as situações e recorreram aos disfarces e identidades masculinas.
Charley Parkhurst: O Homem que Era Mulher e Enganou o Velho Oeste
Charley Parkhurst foi um lendário caubói do Velho Oeste, conhecido por sua coragem e habilidade com diligências. Mas só no funeral descobriram seu segredo: era uma mulher. Uma história real de disfarce, liberdade e sobrevivência no século XIX.
Maria Quitéria: A Baiana que Batalhou pela Independência do Brasil
Nascida na Bahia em 1792, se disfarçou de homem para se alistar no exército brasileiro durante a luta pela independência. Sob o nome de José Cordeiro de Medeiros, destacou-se por sua habilidade militar, sendo condecorada por D. Pedro I em 1823. Sua bravura e determinação fizeram dela um ícone e patrona do corpo de oficiais auxiliares do Exército Brasileiro.
Agnodice: A Primeira Ginecologista
Nascida em 300 a.C. na Grécia Antiga, Agnodice se disfarçou de homem para estudar medicina, prática proibida para mulheres. Ao revelar sua identidade para ajudar mulheres em trabalho de parto, enfrentou julgamento, mas foi absolvida graças ao apoio feminino.
A Intrigante Lenda da Papa Joana
Figula lendária da Idade Média que teria se disfarçado de homem para se tornar a única mulher a liderar a Igreja Católica como pontífice. Segundo a lenda, seu verdadeiro gênero foi revelado durante uma procissão quando entrou em trabalho de parto, provocando grande escândalo. Apesar das controvérsias e investigações posteriores que sugerem tratar-se de uma sátira ao papado, a história de Joana continua a fascinar.
Anne Bonny e Mary Read: A Temível Dupla de Mulheres Piratas
Elas foram as mais notórias mulheres piratas do século XVIII. Ambas se disfarçaram de homens para se juntar à pirataria, lutando com ferocidade e destemor ao lado de seus colegas masculinos. Suas histórias de coragem, amor e rebeldia em meio ao perigo dos mares e à perseguição da justiça são um testemunho impressionante de resistência feminina em um mundo dominado por homens.
Libertinagem, Lutas e Lirismo: A Vida Agitada de Julie d’Aubigny
Conhecida como La Maupin, viveu uma vida de excessos, talento e rebeldia no século XVII. Esgrimista exímia e cantora de ópera renomada, ela se disfarçava de homem para duelar e se envolver em relacionamentos escandalosos. Sua vida foi marcada por paixões intensas, fugas dramáticas e uma carreira artística brilhante. A história de La Maupin é uma mistura fascinante de coragem, amor e transgressão.
Hannah Snell: A Mulher que se Disfarçou de Homem e Virou Soldado por Amor
Nascida em 1723 na Inglaterra, se disfarçou de homem para procurar seu marido desaparecido e acabou se alistando no exército. Serviu bravamente na Marinha Real e foi ferida em batalha, ocultando sua verdadeira identidade até 1750. Sua história de coragem e perseverança foi reconhecida, garantindo-lhe uma pensão militar e fama como “A Mulher Guerreira”.
Joana D’Arc: A Guerreira Divina da França
Nascida em 1412, é uma das figuras mais icônicas da Idade Média. Inspirada por visões divinas, inicialmente se disfarçous de homem para lutar e acabou liderando tropas contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos, assegurando a coroação de Carlos VII. Capturada e julgada por heresia, foi executada em 1431, mas sua condenação foi anulada postumamente. Canonizada pela Igreja Católica, Joana é venerada como santa padroeira da França, símbolo de bravura e fé.
Catalina de Erauso: Uma Vida entre Violência e Desafios às Convenções Sociais
Conhecida como a “Freira-Alferes”, ela fugiu do convento aos 15 anos e se disfarçou de homem para viver uma vida de aventuras e conflitos no Novo Mundo. Como soldado, ela participou de batalhas, duelos e se envolveu em escândalos, desafiando normas de gênero e sociais da época. Sua trajetória controversa e cheia de ação revela uma mulher destemida e complexa.
Mary Anne Talbot: Mulher, Soldado e Sobrevivente
Nascida em 1778, viveu uma vida marcada por adversidades. Disfarçada de homem, serviu como soldado e marinheiro durante as guerras napoleônicas. Sob o nome de John Taylor, enfrentou batalhas, foi ferida várias vezes e sobreviveu a cativeiros e alistamentos forçados. Apesar das dificuldades, sua história é um testemunho de resiliência e sobrevivência em um mundo que oferecia poucas oportunidades para mulheres.
Eleanor Butler e Sarah Ponsonby: Um Casal Homoafetivo entre os Séculos XVIII e XIX
Conhecidas como as “Ladies de Llangollen,” desafiaram as normas sociais e familiares do século XVIII para viverem juntas no País de Gales. Vestidas em roupas masculinas, fugiram de suas famílias e estabeleceram uma casa onde viveram por décadas. Sua história, vista como uma “amizade romântica,” inspira debates sobre amor, gênero e resistência.
Jeanne Baret: A Botânica que se Disfarçou de Homem para Realizar Descobertas
Uma botânica do século XVIII, se disfarçou de homem para integrar a expedição de Bougainville, uma viagem de circunavegação pelo mundo. Como assistente do naturalista Philibert Commerson, ela coletou e catalogou milhares de espécies de plantas, incluindo a famosa Bougainvillea. Sua identidade foi descoberta no Taiti, mas isso não diminuiu seu impacto científico, tornando-se a primeira mulher a circunavegar o globo.
Moll Cutpurse: Contra a Lei e as Convenções Sociais
Disfarçada de homem, tornou-se notória por suas atividades criminosas, incluindo roubos e contrabando. Além de sua vida fora-da-lei, Moll também se destacou como uma das primeiras mulheres a fumar publicamente e a se apresentar nos palcos teatrais, consolidando sua fama como uma figura rebelde e anticonvencional na história de Londres.
A trágica vida dupla de Catharina Margaretha Linck
Assumiu a identidade de Anastasius Lagrantinus Rosenstengel, servindo como mosqueteiro e pregador religioso. Casou-se com Catharina Mühlhahn em 1717, mas foi denunciada pela sogra e condenada à morte em 1721 por sodomia após sua identidade ser revelada. Sua história destaca a luta pela identidade e sobrevivência em uma sociedade rígida e moralista.
Rani Rudrama Devi: A Primeira Rainha Guerreira da Índia
Nascida no século XIII, governou o reino de Warangal. Preparada como príncipe, adotou o nome masculino Rudradeva para ser aceita pela sociedade patriarcal. Sob seu comando, ela liderou exércitos, construiu fortes e enfrentou rebeldes e reinos rivais. Sua liderança forte e habilidades militares consolidaram sua reputação, embora tenha morrido em batalha em 1289.
Nadezhda Durova: A Amazona do Exército Russo
Desafiando as normas de gênero de sua época, se fez de homem para servir no exército russo sob o nome de Alexander Sokolov. Lutou bravamente nas Guerras Napoleônicas, recebendo a Cruz de São Jorge. Após a revelação de sua identidade ao czar Alexandre I, continuou servindo como oficial até sua aposentadoria. Dedicou-se à literatura e atividades filantrópicas, mantendo sua identidade masculina até sua morte.
Mary Lacy: Uma Mulher que Desafiou o Sexismo e Conquistou Seus Sonhos
Ela fugiu de casa aos 19 anos disfarçada de homem, adotando o nome William Chandler para obter trabalhar na construção de navios. Após enfrentar problemas de saúde, revelou sua verdadeira identidade para obter uma pensão da Marinha Real Britânica. Sua autobiografia, “The Female Shipwright”, documenta suas experiências pioneiras e a luta pela igualdade de oportunidades no século XVIII.
Mary East/James How: Uma Vida Dupla em Busca de Autonomia
Mary East (1716-1780) adotou a identidade de James How para fugir com sua companheira em busca de uma vida independente. Durante anos, elas fingiram ser um casal “comum” para as exigências da sociedade inglesa do século XVIII, enfrentaram inúmeros desafios e conquistaram sucesso como administradoras de um conhecido pub.



















