Tycho Brahe, um nobre e excêntrico cientista do século XVI

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

O astrônomo Tycho Brahe nasceu no final de 1546 em Knudstrup, na região da Escânia, que fazia parte do Reinio da Dinamarca na época. Ele era o filho mais velho de uma família importante da nobreza, mas teve uma criação incomum porque seus pais entregaram seu primogênito aos cuidados do tio sem filhos Jørgen Thygesen Brahe, que o tratou como filho legítimo e herdeiro de sua vasta fortuna. Ele recebeu uma educação rigorosa e avançada de acordo com elevados padrões disponíveis para a elite. O jovem de inteligência singular ingressou na Universidade de Copenhague, onde iniciou seus estudos de direito aos 14 anos, mas acabou mudando para a astronomia depois de se fascinar por um eclipse solar em 1560 e foi estudar na Universidade de Leipzig.

Brahe acabou sendo um cientista dedicado e metódico, movido por uma curiosidade incessante. Contrariando as expectativas familiares, pois era esperado que sele seguisse carreira política, ela começou a realizar suas observações astronômicas e invenção de instrumentos ainda quando estudante, aprofundando cada vez mais sua experiência e conhecimento sobre os astros. Em 1572 ele identificou uma nova estrela na constelação de Cassiopeia (a Estrela de Tycho), rompendo com a antiga noção de que que o universo era imutável e que novos astros não poderiam ser descobertos. Ele obteve reconhecimento na comunidade científica e recebeu do rei Frederico II a Ilha de Hven para montar o observatório Uraniborg, o mais avançado da Europa na época.

Em Uraniborg suas pesquisas e criações de recursos de observação foram intensificadas e possibilitaram um avançado mapeamento estrelar e os estudos de cometas, sendo o primeiro cientista a propos que estes astros não estavam na atmosfera terrestre. Em 1597, depois da morte do rei, se desentendeu com o novo conselho real por causa dos cortes nos financiamentos ao observatório e por isso resolveu deixar a Dinamarca e ir para Praga, que então fazia parte do Reino da Boêmia, governado por Rudolfo II, um entusiasta das ciências.

Em Praga Tycho Brahe atraiu o jovem Johannes Kepler para trabalhar como seu assistente. Kepler já estudava o trabalho de Brahe e ambos desenvolveram uma relação de colaboração e de brigas, pois o experiente cientista dinamarquês escondia de seu auxiliar muitos dados que ele havia pesquisado em seus mapeamentos astronômicos ao longo dos anos.

Como observador atento e cuidadoso, Brahe fez ao longo de sua carreira anotações muito precisas sobre os astros mepaedos, indo além de todos os seus predecessores nestes estudos. Seus projetos de instrumentos foram muito importantes para a obtenção destes resultados, pois seus inventos eram sofisticados e tecnologicamente inovadores para a época, sendo até utilizado posteriormente por novos astrônomos como Kepler. Outro aspecto diferenciado proposto por ele foi o Sistema Tychonico, modelo híbrido de sistema solar que previa que os planetas orbitavam ao redor do Sol, porém nesta teoria o Sol girava em torno da Terra.

O cientista renomado e prestigiado tinha uma vida incomum fora do observatório. Ele era conhecido por ter um temperamento difícil e impulsivo. Em 1566 se meteu em um duelo contra seu primo Manderup Parsbjerg para definir qual deles era melhor matemático e saiu ferido do embate, perdendo parte do nariz, passando a utilizar uma prótese nasal ou a encobrir a sequela anatômica da lesão quando era visto em público. Ele era conhecido por ter um alce de estimação, animal selvagem que não era habitualmente domesticado. Contrariando os habituais rigores dos astrônomos, ele era muito sociável e promovia festas no interior do observatório, recebendo membros da elite como convidados – foi numa festa que o seu alce morreu depois de uma queda de uma escadaria, ocasião na qual o próprio animal estava embriagado. Embora fosse geralmente rude e cruel com seus empregados, tinha um serviçal anão chamado Jepp, que servia como seu bobo da corte e a quem o nobre e cientista atribuía possuir poderes sobrenaturais.

Além da ciência dos astros, Brahe foi dedicado estudioso da alquimia e dos saberes ocultos. Ele gostava da ideia de que os astros celestes influenciavam o corpo humano e dizia que o estudo cósmico deveria estar associado à alquimia e a outros aspectos do ocultismo. Ele elaborou seu “Calendário Mágico”, produto da influência de seus estudos científicos e de suas crenças metafísicas.

Apesar de seu status de nobreza, ele se casou com uma mulher plebeia chamada Kirsten Barbara Jørgensdatter em 1573, desobedecendo mais uma vez os parâmetros esperados. Eles tiveram vários filhos que não herdarem direitos aos títulos de nobreza nem aos privilégios aristocráticos e permaneceram unidos até a morte de Tycho Brahe, em 1573.


Referências:

Um comentário

Os comentários estão fechados.