Astarte, deusa fenícia da guerra, do amor e da sexualidade

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

A religião dos antigos fenícios era rica em divindades e cultos e tinha ainda uma forte presença em variadas regiões. A intensa atividade mercantil dos fenícios e o estabelecimento de colônias facilitaram os contatos com povos de diferentes culturas e locais e suas crenças também chegaram longe, assumindo uma capacidade muito grande de se adaptar e incorporar elementos de outras origens, proporcionando um sincretismo diversificado. Seus deuses compartilhavam atributos que também eram valorizados pelas culturas vizinhas, o que facilitou a assimilação e mistura, sendo um exemplo notável disso a popular deusa Astarte.

A tradição sugere que ela era filha ou uma das consortes de El, rei dos deuses do panteão fenício e dividia suas atribuições de deusa da guerra e do amor com sua irmã Anat. Astarte tinha o papel variado como de deusa da guerra, da caça, da sexualidade a da beleza. Geralmente ela era representada como uma mulher nua, podendo ter chifres ou asas, características comuns na região diante da representação de figuras divinas, sendo associada ao leão, indicando força, ao cavalo, indicando sua posição guerreira, à pomba, indicando amor.

Era adorada em templos e santuários erguidos em sua honra, locais que possuíam altares e estátuas representando a deusa. Oferendas diversas, sacrifícios animais e libação (uso de líquidos) eram comuns nos rituais. Como deusa do amor e da beleza, a divindade acabava também sendo um apelo sexual que acabava estando presente em sua devoção, então ritos sexualizados podiam ser manifestados. A recorrente nudez representativa da deusa era outro indício de sua sexualização.

O culto a Astarte era difundido em várias regiões, embora fosse originário de cidades como Ugarit e Emar. A deusa era divinizada por fenícios e cananeus, mas também conhecida e cultuada através de processos sincréticos no Egito, onde foi associada a deusas como Ísis, Qetesh e Hathor, mas também incorporada ao conjunto de divindades que veneravam como uma protetora dos faraós nas batalhas. A devoção atingiu diferentes povos com os quais os fenícios interagiram, sendo ela considerada equivalente a divindades femininas como Afrodite, Ártemis e Juno entre os gregos que conheceram a deusa fenícia. Entre os hebreus ela era conhecida como Ashtoreth, mas de maneira negativa, pois eles condenavam os cultos a divindades alheias à sua cultura e fé como prática de idolatria.

Astarte trazia aspectos que eram comuns e valorizados por diversos povos da antiguidade e seu culto, assim como de tantas outras divindades do mundo antigo, foi sendo superado pela ascensão do monoteísmo e mudanças no cenário da região.

Um comentário

Os comentários estão fechados.