Imperadores romanos (governantes do império unificado ou dividido nas poções do Ocidente e Oriente) não eram figuras raras nos campos de batalha, mas geralmente comandando tropas muito numerosas capazes de facilmente liquidar os oponentes com forças bem inferiores, ficavam em condições seguras na retaguarda e cercados por guarda-costas altamente treinados e prontos para retirar o soberano de situações de risco, então os césares corriam poucos risco geralmente… mas nem sempre, pois alguns chegaram a morrer em combate, como nos casos de Gordiano II, Filipe I, Décio, Herêncio, Constantino II, Juliano e Valente (seriam mais se contássemos os imperadores bizantinos).
Gordiano II (cujo nome como imperador era CAESAR MARCVS ANTONIVS GORDIANVS SEMPRONIANVS AFRICANVS)
Não são fartas as informações sobre ele, mas Gordiano II teve carreira política favorecida pelo pai, o também césar Gordiano I, que o designou como co-imperador assim que assumiu o comando de Roma. Consta que era um sujeito que apreciava os luxos e prazeres da vida de um nobre, tinha 22 concubinas e vários filhos. Sua desgraça ocorreu quando resolveu enfrentar uma ameaça de invasão na província de Cartago, mas acabou liderando um exército inexperiente e precariamente armado contra as forças lideradas pelo general Capeliano, ainda fiel ao ex-imperador Maximino Trácio – assassinado numa conspiração e que foi o antecessor dos Gordianos – e que comandava uma tropa experiente em combate e muito bem preparada para a ação. No enfrentamento a tropa de Gordiano II acabou entrando em colapso, com várias fugas desesperadas de soldados em pleno combate e na confusão o próprio imperador foi morto e seu corpo jamais foi identificado entre as inúmeras vítimas. Depois da derrota Gordiano I cometeu suicídio, colocando um fim a um curto governo que durou dois meses no ano 238 da Era Cristã.
Filipe I (CAESAR MARCVS IVLIVS PHILLIPVS PIVS FELIX INVICTVS AVGVSTVS), Décio (CAESAR GAIVS MESSIVS QVINTVS TRAIANVS DECIVS PIVS FELIX INVICTVS AVGVSTVS) e Herêncio (CAESAR QVINTVS HERENNIVS ETRVSCVS MESSIVS DECIVS AVGVSTVS)
Um imperador pouco conhecido, Filipe, O Árabe, era mesmo de origem asiática e teria sido efetivamente o primeiro dos imperadores romanos cristãos (batizado pelo Papa Fabiano) e governou entre 244 e 249. Seu governo foi afetado pelas comuns disputas internas de poder entre os chefes militares romanos e sucumbiu porque possuía pouco prestígio entre as tropas, que na época aclamavam o prestigiado e experiente general Décio, líder de uma forte oposição a Filipe que gerou finalmente um confronto. Na tentativa de abafar a rebelião de Décio, Filipe liderou pessoalmente uma missão militar facilmente derrotada e acabou morrendo em combate nas proximidades de Verona, possibilitando que o Senado consagrasse o rival como imperador. Décio governou realizando medidas severas contra o avanço do cristianismo e em favor da tradição pagã romana, tendo determinado inclusive o assassinato do Papa Fabiano. Em 251 designou seu filho Herêncio como co-imperador, no mesmo ano em que o maior de seus problemas despontou e não era o cristianismo, mas os godos, que invadiram o território da atual Bulgária. Na tentativa de impedir o avanço dos invasores bárbaros, os dois imperadores foram pessoalmente comandar tropas e ambos morreram em combate na Batalha de Abrito. A situação não estava fácil para os romanos, pois que perderam três imperadores seguidos mortos em combate militar em apenas dois anos.
Constantino II (CAESAR FLAVIVS VALERIVS CONSTANTINVS AVGVSTVS)
Tendo sido designado césar pelo pai, Constantino I, aos sete anos de idade em 317 e comandante da Gália aos dez, o precoce Constantino II iniciou cedo sua experiência política e militar, passando a dividir a partir de 337 (após a morte do pai) o governo com seus irmãos Constâncio II e Constante I até que as intrigas familiares acabaram rendendo uma trama de conflitos e assassinatos. A disputa fratricida acabou levando Constantino II a enfrentar seu irmão mais novo, Constante I, que definitivamente colocaram suas respectivas tropas uma contra a outra e na tentativa de Constantino II de invadir territórios sob o comando do irmão acabou sendo morto numa emboscada típica de batalhas em 340 na Itália. O jovem Constante I acabou assumindo a condução do império sozinho.
Juliano (CAESAR FLAVIVS CLAVDIVS IVLIANVS AVGVSTVS)
O último imperador não-cristão de Roma governou durante dois anos (entre 361 e 363) e por sua crença pagã ficou conhecido como “O Apóstata”. Ele declarava-se sob a proteção de Zeus e Hélio e até foi educado e batizado como cristão, mas resolveu abandonar o cristianismo, adotar a antiga religião romana e restaurar sua prática mesmo sem estabelecer uma política de perseguição aos cristãos. Antes de se tornar imperador teve uma sólida carreira militar com atuação na atual região da Alemanha e ao ser consagrado césar (resultado de uma disputa de poder com o antecessor, Constâncio II, que quase resultou numa guerra civil) estabeleceu uma política de reformas públicas e uma campanha desastrosa contra os persas sassânidas. Na tentativa de derrotar os inimigos encarou uma batalha fadada ao fracasso no território persa e acabou fatalmente ferido em combate – resultado facilitado por sua imprudência, pois resolveu encarar a batalha sem usar armadura. Sua morte significou também a queda de uma potencial ameaça ao avanço do cristianismo no império.
Valente (CAESAR FLAVIVS IVLIVS VALENS PIVS FELIX AVGVSTVS)
O conturbado reinado de Valente durou de março de 364 até agosto de 378 e foi marcado por instabilidades, enfrentando ataques bárbaros (sobretudo dos godos), rebeliões e ameaças de usurpadores – não faltaram batalhas. Diante de tantos conflitos, o imperador se envolveu diretamente no comando de campanhas militares e em uma delas a situação foi mais grave. Tentando conter os avanços dos godos sobre território romano, Valente liderou pessoalmente uma força para tentar derrotar os inimigos externos para com isso também obter reconhecimento interno inquestionável, mas subestimou o poderio dos bárbaros e acabou diante de uma situação de combate complicada que obrigou o imperador a determinar um movimento de retirada que nem ele conseguiu cumprir, tendo sido cercado por inimigos que atearam fogo à formação de defesa com escudos (mantendo o imperador em seu interior) que grupo de guarda-costas tentou manter.