O Massacre dos Valdenses

Na Itália do século XVII ainda era grande a perseguição aos valdenses, adeptos do medieval segmento cristão difundido pelo francês Pedro Valdo (Pierre Vaudès, 1140–1218), que desafiou a Igreja Católica ao pregar diversas concepções e práticas que somente foram retomadas com efeito e força durante a Reforma Protestante. Os valdenses, muito antes de Lutero, já empregavam bíblias traduzidas em seus idiomas e defendiam a abolição do uso de imagens e do poder da hierarquia eclesiástica católica, tendo sido condenados pelo papa Lúcio III em 1184 e oficialmente excomungados em 1215, durante o IV Concílio de Latrão (1215). Eram desde então vistos como seguidores de movimento herético a ser combatido pelos católicos e por Roma e essa postura vigorou ao longo dos anos mesmo com a ocorrência de fases de maior perseguição e outras nas quais eram quase que ignorados. Ainda assim, os valdenses continuaram existindo, persistindo e defendendo suas concepções e práticas.

Desde o surgimento da Reforma Protestante os valdenses passaram a integrar o movimento que se opunha à Igreja Católica – mesmo sendo anteriores e precursores de muitas das teses e princípios do protestantismo mais conhecido. As perseguições que sofriam passaram até a ser reforçadas em função desse fato.

Em abril de 1655, sob as ordens de Carlos Emmanuel II, o Duque de Sabóia, um sangrento massacre ocorreu no Piermonte, Itália, região onde era concentrado um significativo contingente de valdenses, que constituíam comunidades isoladas do convívio com católicos e alheias às autoridades políticas aliadas ao papado. O duque simplesmente decidiu que deveria eliminar os valdenses de seus domínios e reuniu uma poderosa tropa para cumprir este propósito. E não houve limite para a realização deste extermínio, pois nem crianças ou pessoas idosas ou doentes eram poupadas da carnificina. Todos os métodos de torturas e execuções foram empregados para dar efeito à eliminação sangrenta dos valdenses e até persistiram relatos de que os exterminadores (a maioria deles constituída por mercenários de várias procedências) chegaram a praticar canibalismo, comendo partes de corpos que foram cozidos.

A repercussão dos massacre foi péssima e até mesmo o protestante Oliver Cromwell, líder da república revolucionária inglesa, chegou a ameaçar os domínios do agressor e a articular uma retaliação aos aliados do Duque de Sabóia, como era o caso do jovem rei Luís XIV, da França.

As imagens a seguir foram retiradas da obra “The history of the evangelical churches of the valleys of Piemont” (1658), de autoria de Samuel Morland, um inglês protestante que ressaltou o lado dos valdenses.

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