Os cavaleiros medievais marcaram uma era representando ideais de bravura, lealdade, habilidade no combate e de devoção religiosa, seguindo seus códigos de cavalaria que significavam compromissos sérios e indicavam honra e prestígio.
O inglês William Marshal, conhecido como William, o Marechal, foi um dos mais exemplares cavaleiros da Idade Média e prestou seus serviços aos reis Henrique II, Henrique o Jovem, Ricardo Coração de Leão, João Sem Terra e Henrique III. Filho do barão John Marshal, ele nasceu por volta de 1146, e ainda jovem iniciou sua vida como guerreiro, servindo ao nobre William de Tancarville. Ele era habilidoso nas atividades de competição que entretiam a nobreza, conseguindo obter considerável fortuna com prêmios, conquistando fama como um campeão e aproveitando estes eventos para aprimorar e testar suas técnicas de luta para a aplicação em combates reais.
Esta experiência o levou a servir como militar para o rei Henrique II, atuando diretamente sob o comando do Conde de Salisbury e prestando serviço em combates. Durante uma missão de escolta, ele foi responsável pela segurança de Eleanor da Aquitânia e precisou entrar em ação para proteger a rainha, enfrentando um grupo armado que preparou uma emboscada. Apesar de ter sido capturado pelos oponentes, a atuação de William possibilitou a fuga da rainha, que testemunhou e admirou sua bravura e disposição de se sacrificar para que ela conseguisse escapar. Este gesto garantiu que a própria Eleanor resolvesse pagar o resgate exigido pelos agressores para a libertação do jovem soldado. O reconhecimento pela atuação resultou em sua nomeação como cavaleiro, cumprindo o solene ritual de vigília de armas.
Reconhecido como um cavaleiro leal e compromissado, o Marechal conciliou suas atribuições militares e a prática em combate com a distinta tarefa de atuar como tutor do príncipe herdeiro, sinal da confiança depositada em seu trabalho. Quando Henrique II foi coroado como segundo monarca (pois seu pai ainda reinava) William seguiu atuando em sua preparação militar, porém quando o Jovem Rei morreu, em 1183, o cavaleiro resolveu cumprir o juramento de ir lutar nas Cruzadas ao lado de Ricardo Coração de Leão, sucessor de Henrique II. William e Ricardo chegaram a se enfrentar quando Henrique II era rei e confrontou a rebeldia do irmão, que entrou em guerra contra a própria família em busca de mais poder e prestígio. Durante a rebelião, o William chegou e derrotar Ricardo em uma luta direta entre ambos e resolveu poupar sua vida. Apesar das divergências do passado, Ricardo reconhecia as qualidades do antigo oponente e confiou em seus serviços como cavaleiro. A dedicação de William reforçou seu prestígio e Ricardo valorizou a lealdade fazendo do cavaleiro um nobre poderoso, que chegou a assumir o governo em nome do rei quando Ricardo partiu para a Terceira Cruzada.
Com a coroação de João Sem Terra, após a morte de Ricardo, William permaneceu como leal servidor da coroa, embora o relacionamento com o novo rei fosse distante. Apesar do distanciamento pessoal e político, William não se insurgiu contra João durante a Guerra dos Barões, que resultou na imposição da Magna Carta em 1215, e atuou como conciliador para evitar o aumento das pressões contra o monarca. No ano seguinte, com a morte do rei João, sua participação no poder foi novamente decisiva. Além de assumir a regência em nome de Henrique III, ainda criança, ele enfrentou a rebeldia dos barões que atuavam em favor de Luís da França e, aos 70 anos de idade, comandou as tropas realistas na vitoriosa Batalha de Lincoln, garantindo o trono do rei legítimo.
Ao longo de sua vida cavaleiro fiel à monarquia inglesa, William recebeu os títulos de Marechal da Corte Real e Conde de Pembroke, sendo uma figura de elevada reputação. Ele morreu quando governava na condição de regente, em 1219, aos 73 anos de idade. William Marshal é aclamado como um dos mais significativos cavaleiros medievais.
Referências:


[…] William Marshal, um elevado exemplo de cavaleiro medieval […]