O rei inglês Henrique II foi o primeiro monarca da Dinastia Plantageneta, iniciando seu reinado em 1154 ao herdar o trono e manter o domínio sobre a Normandia e outras regiões, constituindo o Império Angevino. Ele enfrentou variados problemas e diversos oponentes na Coroa da França, mas os seus principais inimigos estavam em sua própria família. Depois de dividir partes significativas de seus domínios entre os filhos mais velhos, Henrique, o Jovem Rei, Ricardo Coração de Leão, e Godofredo II, duque da Bretanha, ele acabou precisando lidar com uma rebelião de seus herdeiros e de sua rainha, Leonor de Aquitânia, nos anos 1173 e 1774. Ele conseguiu conter esta fase de rebeldia familiar e manteve-se no poder até 1189, quando foi derrotado por uma aliança formada por Ricardo Coração de Leão e o rei Filipe II da França.
Depois de ser coroado como Ricardo I, o novo rei não dedicou muito tempo aos assuntos de governo e preferiu o campo de batalha e as tramas militares. Ele participou da Terceira Cruzada (1189-1192) e fez fama por sua bravura, apesar de não ter obtido êxito. Voltando da campanha, foi capturado por Leopoldo V da Áustria, com quem teve um grave atrito durante a cruzada, e entregue a Henrique VI do Sacro Império Romano-Germânico, que exigiu um resgate por sua libertação, o que ocorreu em 1194. Ao chegar na Inglaterra, largou novamente o governo para lutar contra o antigo aliado Filipe II da França, e morreu em 1199 após ser ferido em batalha, mas sem deixar um sucessor ao trono em uma Inglaterra que já estava habituada a ser governada sem um rei presente.
A sucessão coube a João, que foi ironicamente apelidado de “Sem Terra” por ter sido relativamente negligenciado através partilha realizada pelo pai, o rei Henrique II, apesar de ter recebido a Irlanda, vastas áreas da Normandia e o controle sobre feudos na Inglaterra e nos domínios reais no território francês. Inicialmente desconsiderado como eventual sucessor ao trono, foi durante o reinado de seu irmão sempre ausente que sua posição foi fortalecida, pois ele assumiu a atribuição de Senescal da Inglaterra, função que lhe conferia autoridade administrativos e condições para postular ainda mais poder e prestígio, chegando a ter sua atuação suspeita de tentativa de usurpação do trono.
A legitimidade de João chegou a ser questionada por grupos da nobreza que articulavam a designação de Arthur, filho de seu irmão mais velho, Godofredo II, morto antes de Ricardo. O princípio da primogenitura foi invocado em favor do sobrinho, mas João contava com o influente apoio da mãe e de barões que se encarregaram de eliminar o pretendente, encerrando o desacordo e garantindo seu reinado sem questionamentos desse tipo, embora outros não faltassem.
Ele não conseguiu manter o constante estado de guerra que caracterizou o reinado de seu irmão e as derrotas militares geraram perdas territoriais. O Império Angevino ruiu com a tomada francesa da Normandia e de outras áreas do lado continental do Canal da Mancha através de campanhas que se estenderam de 1202 até 1214. Os altos custos para tentar assegurar o território não adiantaram, causando um colapso econômico e o enfraquecimento da própria autoridade do rei.
O autoritarismo de João da Inglaterra em um contexto crítico foi um fator determinante para uma relevante mudança institucional que estava por acontecer. Ele frequentemente descumpria normas e garantias tradicionais quando buscava obter os recursos para bancar as fracassadas iniciativas militares. A nobreza estava sendo cada vez mais pressionada a ceder diante de suas exigências cada vez mais custosas. Até a Igreja Católica aderiu à oposição ao rei, pois João confrontou a determinação do Papa Inocêncio III a respeito da administração da instituição na Inglaterra, o que resultou na excomunhão do monarca e na ordem papal de suspensão de serviços religiosos no reino, o que aterrorizava uma população profundamente religiosa.
A reação ocorreu através de uma rebelião da nobreza, que forçou o isolado João a aceitar termos que limitavam o poder monárquico na Inglaterra. Como resultado desta intimidação, foi decretada a Carta Magna, assinada em 1215. O documento estabeleceu que nenhum rei poderia agir de maneira arbitrária, sendo sujeito a obedecer às leis. A carta embasou princípios e garantias importantes que influenciaram um variado conjunto de normas estabelecidas posteriormente, assegurando a existência do estado de direito. Além disso, a Carta Magna introduziu a formação de um conselho de barões que deveria ser consultado para determinar se determinadas medidas poderiam ser consentidas. Este colegiado de representantes acabou evoluindo com o passar dos anos até constituir o Parlamento inglês.
Um rei enfraquecido acabou morrendo aos 49 anos de idade, pouco depois do decreto da Carta Magna. João teve cinco filhos com a rainha Isabel de Angoulême, sendo o primogênito, Henrique III, o seu sucessor no trono inglês, coroado aos 9 anos de idade.
Coube a João Sem Terra uma reputação negativa como um rei cruel que explorou o próprio povo através de pesadas e violentas cobranças de impostos, sendo até satirizado na história de Robin Hood. Comparado ao irmão Ricardo, figura heróica de um cavaleiro de bravura, ele também foi retratado como um fracassado que trouxe derrotas para a Inglaterra. No entanto, seu reinado herdou uma país falido pelos imensos custos causados pelo belicismo do irmão e pelo extraordinário preço pago pelo resgate de Ricardo, quando feito refém de 1192 até 1194. A continuidade da guerra contra os franceses travada por seu antecessor revelou-se inviável e provavelmente as perdas territoriais seriam inevitáveis de qualquer forma.
Referências:


[…] Média e prestou seus serviços aos reis Henrique II, Henrique o Jovem, Ricardo Coração de Leão, João Sem Terra e Henrique III. Filho do barão John Marshal, ele nasceu por volta de 1146, e ainda jovem iniciou […]
[…] Sua atuação também foi presente no conflito entre a França do rei Filipe II e a Inglaterra de João Sem Terra, que estavam em guerra por domínios territoriais. O pontífice observou as posições da Igreja […]
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