Lavinia Fisher, a Matadora da Pousada da Morte

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

A origem de Lavinia Fisher é desconhecida, pois não existem registros identificados sobre sua vida antes do início de suas atividades criminosas ao lado do marido John Fisher e da atuação do casal com outros bandidos em variadas atuações ilegais.

Eles viveram durante a primeira metade do século XIX dos EUA, numa época conhecida como “Antebellum”, fase que precedeu a Guerra Civil Americana. Eram tempos de expansão territorial, processo de atraía pessoas para as áreas que eram incorporadas. Durante esta fase eram muito ativas também as atividades das quadrilhas criminosas, favorecidas pela insuficiente força policial e vastidão das rotas percorridas por aqueles que tentavam se estabelecer nas distantes localidades pelo interior do país.

Sabe-se que John e Lavínia já participavam do submundo criminoso que existia no estado da Carolina do Sul antes de se estabelecerem em Charleston, onde aprimoraram a perversidade de seus atos. A cidade era um importante centro econômico da região, com intensa atividade portuária, comércio próspero e agricultura algodoeira baseada no trabalho escravo. O fluxo produtivo e a mobilidade em Charleston geravam oportunidades para os bandidos, o que motivava as iniciativas para proporcionar segurança, a exemplo da ação da justiça vigilante. Os Fisher resolveram estabelecer uma fachada legítima para despistar a atenção das autoridades e manter a prática delituosa, então abriram a pousada Six Mile Wayfarer House.

Lavinia era uma mulher jovem, atraente e carismática quando o estabelecimento foi administrado pelo casal. Sua desenvoltura e sedução eram aproveitadas para ludibriar vítimas. Ela se aproximava dos homens que se hospedavam na pousada, envolvendo em conversas aparentemente triviais, porém ela obtinha informações que podiam determinar o destino desses alvos. Ela conseguia avaliar se seu interlocutor tinha dinheiros, portava bens de valor ou se estava na expectativa de obter algo que justificasse a realização de um golpe. Ela era uma habilidosa envenenadora e tinha uma receita de chá feito de oleandro, uma planta tóxica, que era servido para favorecer a consumação dos golpes.

Quando os homens que caíram no charme de Lavinia ficavam inconscientes, ela se encarregava de pilhar seus bens. As informações sobre os resultados das abordagens variavam. Alguns não resistiram à toxidade do chá e morriam envenenados, outros eram mortos por John ou outros comparsas enquanto estavam sob os efeitos da substância, pois a eliminação das vítimas evitava denúncias. Não se sabe quantas pessoas foram assassinadas na pousada da morte e relatos exagerados que passaram a circular sobre o local informavam que a estalagem era também dotada de armadilhas com alçapões cavados sob as camas e que foram empregadas para ampliar a quantidade de casos fatais entre os infelizes hóspedes do local.

Suspeitas sobre a atividade do estabelecimento de administrado por Lavinia mobilizaram a iniciativa de uma investigação. Por causa dos rumores de desaparecimentos de pessoas que se hospedaram no local, em fevereiro de 1818, foi organizada uma investigação preliminar e o vigilante David Ross foi designado para acompanhar a movimentação no estabelecimento, mas acabou sendo emboscado por membros da gangue e pela própria Lavinia, que tentou esmagar a cabeça do agente, que fugiu milagrosamente do grupo de agressores. O incidente deixou as autoridades convencidas de que a hospedaria estava associada a fatos criminosos e a situação situação se agravou logo no dia seguinte, quando o viajante John Peeples se hospedou em Six Mile Wayfarer House. Peeples foi atacado durante a noite e conseguiu escapar para denunciar o ocorrido ao xerife Nathanial Greene Cleary, que finalmente encontrou reuniu indícios concretos para realizar uma averiguação direta.

Um grupo armado de cidadãos convocados pelo xerife cercou a hospedaria e conseguiram prender Lavinia, John e alguns membros da quadrilha de bandidos. As autoridades policiais encontraram itens pessoas de vítimas guardados no recinto e alguns mecanismos suspeitos empregados como armadinhas, apesar da inexistência dos alegados fossos subterrâneos. Inicialmente, John tentou poupar a esposa alegando que Lavinia não participou dos atos criminosos, mas ela se dispôs a confessar e não negou que era uma peça importante naquela organização de malfeitores.

Os bandidos foram julgados e condenados à forca. Lavinia foi executada em 18 de fevereiro de 1820 e seu enforcamento gerou repercussão e lendas. Em sua defesa, foi argumentado que uma mulher casada não deveria ser enforcada, mas este apelo foi ignorado pelos julgadores, então quando ela surgiu diante dos espectadores para encarar o cumprimento da sentença, estava vestida de noiva para reafirmar sua posição. Quando posicionada para a consumação do enforcamento, ela ainda resolveu pronunciar suas palavras finais: “Se alguém aqui tiver um recado para enviar ao inferno, entregue-o a mim, pois eu levarei!” Para finalizar, ela resolveu não esperar que o carrasco realizasse seu serviço e saltou do cadafalso com a corda no pescoço.

Esta versão a respeito dos momentos finais da bandida foi amplamente divulgada e deu ares desafiadores à postura de Lavinia diante da morte certa. Lavinia Fisher costuma ser reconhecida como a primeira mulher serial killer dos EUA.


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