Jack, o Estripador: Mistério e terror do serial killer mais famoso da história

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

O mais famoso serial killer de todos os tempos sequer teve sua identidade revelada e não fez tantas vítimas quanto outros matadores, mas o impacto que causou fez dele um ícone do horror que transcende ao seu tempo e seu contexto. O anônimo sombrio e brutal que recebeu o apelido de Jack, o Estripador, aterrorizou Londres durante apenas quatro meses de 1888, mas irradiou um duradouro legado macabro impulsionado pelo mistério e pela natureza chocante de seus assassinatos.

O matador definiu o distrito londrino de Whitechapel como área para agir. Era uma localidade turbulenta da cidade, com superlotação e pobreza, caracterizada por cortiços insalubres, becos escuros e esgoto à céu aberto. O ambiente de miséria favorecia a atuação de criminosos e atividade da prostituição. O bairro reunia dezenas de prostíbulos e hospedagens baratas que também serviam de local para o atendimento dos serviços sexuais de cerca de 1.200 prostitutas que ganhavam a vida naquela área da cidade.

Para algum malfeitor de mente perturbada e sanguinária Whitechapel poderia ser um ambiente ideal e convidativo para a execução de uma escalada criminosa e foi diante dessa motivação que um anônimo sedento por carnificina decidiu agir. A primeira vítima do matador foi Mary Ann Nichols, de 43 anos, assassinada em 31 de agosto de 1888. Seu corpo foi descoberto por acaso por um carroceiro e estava em uma situação estarrecedora, com a garganta cortada e abdômen aberto, com órgãos removidos. A notícia de um crime tão horrendo se espalhou e chocou a cidade. Enquanto as pessoas ainda discutiam sobre a situação, outra vítima foi encontrada pouco mais de uma semana depois. Era Annie Chapman, 47 anos, morta em condições idênticas. O pânico se instalou em Whitechapel, a repercussão dominou a imprensa e as autoridades policiais se depararam com desafios e pressões para a elucidação dos crimes e captura do monstro que estava à solta.

A noite 30 de setembro foi terrível, quando Catherine Eddowes e Elizabeth Stride, respectivamente de 46 e 44 anos, apareceram assassinadas. Além da garganta cortada, Catherine sofreu diversas mutilações e teve o rosto desfigurado, enquanto Elizabeth sofreu um corte fatal na garganta sem outras lesões porque provavelmente o assassino foi interrompido durante a execução do crime. Por fim, depois de um intervalo mais longo em sua escalada mortífera, o estripador voltou a atacar em 9 de novembro, matando a mulher identificada como Mary Jane Kelly, de 25 anos, morta em um quarto de pensão com um corte no pescoço, rosto dilacerado e órgãos removidos. Foi sua última vítima.

A cidade que já estava em estado de alerta experimentou uma situação de desespero, com pessoas evitando circular pelas ruas durante a noite. As prostitutas londrinas eram as mais afetadas pela situação por causa do histórico das vítimas. As críticas a respeito da atuação da polícia ficavam cada vez mais duras, acentuando discussões sobre questões sociais como a diferença de tratamento e prioridade em função do local dos crimes e condições das mulheres mortas pelo criminoso. A imprensa aproveitou a situação para vender ainda mais jornais, publicando todo tipo de conteúdo a respeito dos crimes, incluindo cartas de leitores com críticas, artigos inflamados e muitas teorias conspiratórias, suspeitas paranoicas e “fake news” variadas e apelativas. Até cartas falsas atribuídas ao próprio assassino foram publicadas sem qualquer critério, alimentando ainda mais o clima de terror.

Indivíduos tidos como suspeitos eram sondados e apontados como prováveis praticantes dos assassinatos durante o período dos crimes e posteriormente. Eram criminosos notórios ou indivíduos problemáticos. O açougueiro Jacob Isenschmid, um judeu suíço de comportamento instável e violento com histórico de problemas mentais, chegou a ser internado quando os crimes já estavam ocorrendo, mas estava detido quando outras vítimas surgiram. O barbeiro polonês Seweryn Kłosowski, tido como uma figura violenta e agressor de mulheres foi especulado, mas seus métodos eram diferentes do estripador e preferia usar venenos. Outro barbeiro polonês apontado por investigadores foi Aaron Kosminski, morador de Whitechapel e apontado como pessoa de comportamento instável. O instruído advogado Montague John Druitt também figurou no rol de suspeitos, pois, além de ter um histórico familiar de problemas mentais e comportamentos agressivos, foi encontrado morto boiando no rio Tâmisa em decorrência de um provável suicídio logo após o último assassinato do estripador. Estes, entre outros, entraram numa lista de homens considerados como os eventuais autores dos crimes bárbaros, pondendo ser um entre eles o verdadeiro Jack.

Apesar de possuir uma lista de suspeitos, a polícia não conseguiu reunir provas conclusivas contra nenhum e a identidade do assassino em série mais famoso de todos os tempos continua obscura. O mistério em torno de sua figura até amplificou o interesse por sua história, que inspirou especulações, teses e a imaginação criativa que produziu diversas narrativas ficcionais sobre o matador sanguinário e brutal.


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