São Jorge, um herói entre os católicos

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

Jorge ou Georgios (Γεώργιος), nome grego que significa “trabalhador da terra” ou “agricultor”, nasceu em 280 d.C. na Capadócia, atual Turquia, região que recebeu múltiplas influências desde a Antiguidade, sendo ocupada por hititas, assírios e persas até ser conquistada por Alexandre e então helenizada. Sob o domínio de Roma a região viu florescer comunidades de cristãos primitivos e foi importante foco de difusão da religião. Seus pais eram Gerontios e Polychronia, que aderiram à nova crença e passaram seus ensinamentos para o filho. Depois de ficar órfão, Jorge se alistou no exército romano, seguindo a profissão do pai, que foi oficial local do império. Ele teve êxitos em ação e sua carreira era promissora, pois alcançou uma importante posição posto na oficialidade. 

O imperador Diocleciano, que regeu de 284 a 305 d.C, resolveu impor a antiga tradição pagã dos romanos como forma de fortalecer o poder e a coesão do império, o que implicava na proibição das práticas cristãs e perseguição aos seus adeptos, instituindo em 303 o edito que marcou a fase conhecida como “Grande Perseguição”. A Capadócia já enfrentava situações críticas como constantes invasões e conflitos fronteiriços, o que agravava o ambiente de controle proporcionado pelos governadores da província romana e perseguição religiosa tornou-se mais um elemento na firme e repressiva postura do representante de Roma no comando da região. Os cristão passaram a ser pressionados sob as ordem de renúncia da fé que adotavam, mas iniciaram uma resistência à imposição romana. 

Como integrante da força romana, Jorge viu-se diante da complexa situação de ser obrigado a renegar sua religião e agir na repressão a outros cristão, mas ele recusou as ordens. Depois de distribuir seus bens para pessoas necessitadas num ato de demonstração de desprendimento, ele decidiu protestar rasgando uma cópia do edito de Diocleciano. A insubordinação resultou em sua prisão e submissão a torturas crueis antes da execução como traidor. Seu martírio em nome da fé foi ressaltado como um exemplo pelos persistentes cristãos que disseminaram sua história. 

Muito tempo depois, durante o século XIII, começou a circular entre os fieis a famosa narrativa do lendário ato heroico da luta do santo aclamado pela devoção popular contra um feroz dragão. A história foi especialmente valorizada pelos guerreiros cruzados que lutaram no Oriente Médio contra os islâmicos, que ressaltaram a virtude e heroísmo do santo soldado como uma inspiração de bravura e devoção. A versão mais conhecida da lenda conta que o heroi enfrentou e matou um dragão que atormentava e exigia sacrifícios da população de um reino não definido até que o rei ofereceu sua própria filha ao monstro na tentativa de conter sua ferocidade. Diante da situação dramática despontou a figura do imponente Jorge, que lutou habilidosamente contra o dragão e salvou a princesa do infortúnio iminente. A população do reino ficou tão grata e convencida da influência divina do ato que acabou convertida. 

Esta história ajudou a popularizar ainda mais a figura de Jorge da Capadócia como santo amplamente reverenciado pelos católicos romanos e ortodoxos. O santo foi reconhecido e homenageado na cultura e fé popular, além de virar patrono de várias localidades como a Catalunha, a Geórgia e a Inglaterra, onde sua cruz vermelha sobre um fundo branco, conhecida como a Cruz de São Jorge, tornou-se a bandeira do país. 


Referências: