Tiye, a plebeia que virou uma poderosa rainha do Egito

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

A história da realeza do Egito Antigo apresenta mulheres marcantes com importantes e definidores papéis de poder. Uma delas foi Tiye, que também é conhecida como Tiye (ou Tí, Tiyi, Tiye ou Teye), Grande Esposa Real do faraó Amenhotep III. Além do status de principal das consortes do faraó, o que já lhe conferia maior distinção na numerosa família real, a personalidade, postura e inteligências da rainha possibilitaram uma atuação singular de Tiye no governo.

Nascida por volta de 1398 a.C, Tiye não tinha origens na nobreza, diferentemente das esposas do faraó. Seu pai, Yuya, era militar e comandante da carruagem real e a sua mãe, Tjuya, era uma sacerdotisa, e assim, embora exercessem atribuições distintas, eram plebeus e conferiram esta posição para a filha conforme as tradições de nascimento. Mesmo com sua origem modesta e diante da pouco usual prática da união entre a realeza e gente da plebe, a flexibilidade de sua elevação para a nobreza pode ter indicado a necessidade de realizar uma manobra ou aliança em busca de estabilidade ou atendimento de interesses políticos. De qualquer forma, Tiye também oferecia suas próprias qualidades para ocupar a posição e conseguir a confiança do faraó.

Mulheres da realeza egípcia podiam desempenhar importantes atuações e Tiye exerceu bem esta possibilidade. Ela tinha atribuições religiosas como promotora de celebrações e rituais religiosos na corte, representando um elo entre os deuses e alta cúpula faraônica. A posição de Grande Esposa representava a figuração como matriarca, papel significativo no comando da abrangente família real com várias consortes, seus filhos e outros parentes próximos.

Logicamente a intimidade com Amenhotep III possibilitou a privilegiada condição de confidente e conselheira, uma voz ativa e relevante diante das decisões nas mais variadas questões. Um exemplo de sua influência foi seu papel diplomático, pois Tiye conduzia pessoalmente a comunicação com representantes de outros reinos, o que é evidenciado em registros da época que citam expressamente a rainha como interlocutora do Estado. A presença de seu poder também está marcada nas representações artísticas, pois ela costuma aparecer em destaque ao lado do faraó em estátuas, relevos, pinturas e outros artefatos, evidenciando sua autoridade e relações direta com o exercício do comando do Egito.

Ela foi mãe de diversos príncipes e princesas, incluindo o primogênito e herdeiro do trono, Amenhotep IV, em cujo reinado ela também atuou como influência política e agente diplomática. Embora seu poder tenha sido consideravelmente reduzido, ela manteve sua importância no governo mesmo quando o filho promoveu sua revolução religiosa e passou a ser conhecido como Akhenaton.

Tiye morreu por volta de 1338 a.C, durante a fase crítica do reinado de seu filho, e não testemunhou a queda da revolução de Akhenaton nem as ascensões de seu neto Tutankhamon como faraó e de sua neta Ankhesenamon como rainha.


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