Peter Niers, um sinistro feiticeiro e serial killer do século XVI

(Representação visual gerada pelas IAs DALL-E e Leonardo)

Quantos perigos poderiam rondar nas estradas rurais, bosques e vilarejos nas noites escuras do leste francês e de regiões germânicas nos idos da segunda metade do século XVI? O assassino serial Peter Niers encarnou muitos destes riscos enquanto praticava horrores ao longo dos 15 anos de sua atuação errante. Nascido por volta de 1540 em algum lugar vinculado ao Sacro Império Romano-Germânico no sul da atual Alemanha, era provenientes das camadas pobres da região que foi gravemente afetada pela Guerra dos Camponeses de 1524-1525, conflito social assinalado por levantes contra a aristocracia que resultou em confrontos que deixaram mais de 100.000 trabalhadores mortos.

Niers ingressou no mundo do crime como assaltante e evoluiu nas práticas lesivas atuando como líder de gangue e assassino prolífico. Como se este comportamento não fosse o suficiente para fazer dele uma figura temida, Niers foi iniciado no macabro mundo oculto da magia negra por um notório malfeitor chamado Martin Stier. Ao ser inspirado pelas crenças sobrenaturais nas forças malignas do além sua atuação passou a ser ainda mais aterradora porque ele passou a incluir em suas ações diversas práticas sinistras que elevaram o nível de sua reputação perigosa.

Os relatos dos ataques de Niers e de seus comparsas incluem capturas de vítimas que eram submetidas a torturas horrendas até a morte em condições brutais. Seus contemporâneos chegaram a considerar que Niers tinha certos poderes sobrenaturais obtidos por meio de algum pacto demoníaco. Os rituais mórbidos realizados pelos criminosos ocultistas incluíam canibalismo, uso de ossos humanos para a elaboração de objetos ritualísticos, velas produzidas a partir de resíduos de pele de pessoas adultas e gordura extraída de fetos. A atmosfera de terror em torno do bando era tamanha que as pessoas passaram a temer qualquer coisa suspeita em suas jornadas pelas estradas, já que não faltavam relatos de que o próprio Niers poderia surpreender na forma de um animal ou estar oculto por possuir a capacidade de ficar invisível.

A mistura entre fatos, boatos, crendices e alegações fantasiosas, além da precariedade documental em torno da atuação do bandido, torna difícil estimar o total de vítimas feitas por Niers. Os registros de sua confissão apontam para um número superior a 500 mortes, mas este número pode ser inflado pelas características da circunstância. De qualquer forma não há dúvidas de que a atuação do criminoso foi intensa, deixando um rastro sangrento com múltiplas vítimas.

A jornada de Peter Niers acabou quando ele foi detido em Neumarkt, na Baviera, em 1581. Ele estava com alguns de seus seguidores e chegaram na cidade disfarçados de meros viajantes, mas a estratégia fracassou quando um estalajadeiro curioso resolveu fuçar na bagagem do hóspede e encontrou na bolsa de couro uma espantosa carga de corações humanos e mãos decepadas de fetos. Enquanto os bandidos estavam relaxando num banho público a comunidade local foi informada sobre os forasteiros, que acabaram sendo pegos em emboscada. Alvo principal dos julgadores, Niers recebeu um tratamento “especial” com três dias castigos extremos. No primeiro dia, foram arrancadas tiras de sua carne e óleo quente foi derramado em suas feridas. No segundo dia, seus pés foram untados com óleo e ele foi assado sobre carvões em brasa. No terceiro dia, ele foi amarrado a uma roda de tortura, onde seus ossos foram quebrados antes de ser desmembrado enquanto ainda estava vivo. O castigo severo e meticuloso ocorreu diante de um público disposto a testemunhar o fim daquele que promoveu um terror inominável que era difundidos em várias localidades através de panfletos e narrativas assustadoras.


Referências:

2 comentários

Os comentários estão fechados.