O agricultor alemão Peter Stumpf ou Stumpp ficou conhecido como o “Lobisomem de Bedburg” por ter matado ao menos 16 pessoas. Não se sabe exatamente quando ele nasceu, mas pode ter sido por volta de 1540, pois ele tinha cerca de 50 anos quando morreu. Seu nome verdadeiro também não é conhecido e Stumpf era provavelmente um apelido, já que o termo alemão “stumpf” significa “toco” ou “coto”, no sentido de uma parte remanescente de algo que foi cortado, e o homem possuía como característica física uma mão amputada.
Em 1589 um novo desaparecimento de criança na região alertou os moradores da cidade de Bedburg e arredores, que organizaram grupos de caça determinados a capturar a provável ameaça que rondava a comunidade. Acreditavam inicialmente que o problema era a existência um lobo de verdade ou uma matilha inteira por perto. Numa dessas buscas acabaram se deparando com um grande lobo no bosque, levando os caçadores a iniciarem uma ação para emboscar a fera. Estranhamente o bicho sumiu sem deixar rastros, mas eles se depararam com o estranho Stumpf no meio do mato. Já havia quem desconfiasse que o homem era capaz de certas artimanhas muito perturbadoras, como se transformar num animal feroz, então ele imediatamente foi detido como um suspeito. Um dos caçadores chegou a alegar que teria lutado contra um lobo, mas escapou ao ter ferido o animal, decepando uma de suas patas com uma espada, causando uma lesão que correspondia à amputação de Stumpf
Preso, torturado e ameaçado de mais pressões torturantes, Stumpf admitiu crimes estarrecedores praticados ao longo de 25 anos. A maioria de suas vítimas eram crianças, entre elas seu próprio filho. Além disso, o assassino confessou ter comido partes dos corpos de pessoas que matou – incluindo os fetos de duas mulheres grávidas que também se incluíam em sua lista fatal. Alegou que tinha relações incestuosas com a filha e que vivia em segredo com um súcubo, espécie de ser demoníaco de formas femininas e capacidade sedutora irresistível. Ele disse ainda que tinha o costume de se alimentar de carne crua e ensanguentada de animais tal qual uma fera selvagem e justificou seus atos como influência direta do Demônio, que lhe deu o poder de se transformar em um grande lobo indomável.
Diante de tamanhos feitos grotescos, ele foi julgado e condenado por assassinato, canibalismo e bruxaria, mas os magistrados resolveram ainda implicar como cúmplices sua filha e alegada amante, identificada como Stubbe Beell, e a misteriosa mulher Katherine Trompin, que também era sua concubina. Foi decidido que o malfeitor demoníaco deveria morrer de maneira brutal, na torturante roda espetado por pinças de metal quente, além de ter suas pernas quebradas com um machado cego e, enfim, ser decapitado e ter seus restos queimados. As mulheres foram condenadas ao fogo, ateadas na mesma fogueira que carbonizou o corpo estraçalhado do suposto lobisomem. O episódio das execuções virou um verdadeiro espetáculo público macabro diante de vários espectadores.
O relato que sobreviveu ao tempo sobre a obscura história do serial killer canibal é um texto manuscrito de 1590 e publicações inglesas do mesmo período. Há especulações a respeito da narrativa que sugerem uma influência dos conflitos religiosos existentes na Alemanha durante o período, colocando Peter Stumpf numa trama sinistra e complexa no meio das animosidades e rivalidades das diferentes tendências cristãs que se confrontavam por ocasião das Reformas lançando mão de subterfúgios tão estranhos quanto um julgamento de um matador. Há ainda quem acredite que o lobisomem não passasse de uma pessoa com sérios comprometimentos mentais.
Referências:


[…] Peter Stumpp, o sanguinário Lobisomem de Bedburg […]