Produzir ideias e conhecimentos é importante, assim como proporcionar a difusão desses saberes. Esta preocupação norteou Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond d’Alembert (1717-1783), organizadores do monumental trabalho “Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers”, mais conhecido como a “Encyclopédie”, um conjunto de 17 volumes de textos e outros 11 volumes de gravuras.
Ao longo dos 14 anos de sua publicação, a Encyclopédie reuniu material abrangendo muitas áreas e conteúdos e a liberdade editorial proporcionada por Diderot e d’Alembert viabilizou um papel arrojado ao projeto, pois engajou autores de propostas avançadas e ousadas que desafiavam as autoridades e instituições conservadoras. Liberdade religiosa, democracia e princípios liberais acabaram sendo orientações muito presentes entre os artigos na enciclopédia de conhecimento, que também deu espaço para autores como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, além de vários pensadores e cientistas que representavam uma nova perspectiva para o conhecimento, progresso e renovação social, servindo de plataforma para os iluministas propagarem suas contribuições intelectuais, desafiando conceitos e dogmas.
A obra precisou ser realizada na clandestinidade durante boa parte de sua produção, pois foi censurada pelo conjunto de aspectos críticos, mas conseguiu se transformar num sucesso editorial mesmo diante desta condição.
Nascido na cidade de Langres, Diderot recusou ingressar no seminário para se tornar um sacerdote e, resistindo à pressão familiar, acabou indo estudar na Universidade de Paris em 1732, de onde saiu formado mestre em artes. Ele atuou depois como tradutor de obras e diversos textos religiosos mesmo sendo ateu, mas aproveitou a realização das leituras para desenvolver ainda mais suas noções a respeito de religião e fé, resultando em sua primeira obra “Pensées philosophiques” (1746), que causou mal-estar no meio religioso por causa dos posicionamentos anticristãos. Sua principal produção textual foi para a Encyclopédie, que contava com mais de 7 mil de seus artigos sobre os mais variados temas, mas contendo muitas críticas à religiosidade e em particular contra a Igreja Católica. O seu trabalho intelectual não rendia dinheiro suficiente e ele vivia em situação de dificuldades financeiras. Seu patrimônio consistia em sua biblioteca com mais de 15 mil volumes, que a czarina russa Catarina II comprou, sendo ela uma entusiasta dos intelectuais franceses e correspondente de muitos deles através de um frequente contato através de ricas cartas. A soberana russa decidiu continuar ajudando Diderot através do pagamento de uma renda anual e até comprando uma casa para ele. Além de su trabalho como editor e redator da Encyclopédie, ele também foi romancista, escrevendo as obras “Les Bijoux indiscrets”, “Jacques, o Fatalista”, “O Sobrinho de Rameau”, “Paradoxo do Comediante”. Ele morreu aos 71 anos.
Jean le Rond d’Alembert teve um início de vida trágico, pois foi abandonado pela mãe na escadaria da igreja Saint-Jean-le-Rond de Paris. Ele era filho ilegítimo de um cavaleiro, que acabou reconhecendo a paternidade em condição de segredo e por isso resgatou o bebê da instituição para enjeitados e entregou para que fosse criado por uma família conhecida. Ele foi educado pela família adotiva, de quem recebeu o sobrenome d’Alembert e apoio para seu desenvolvimento, pois estudou direito e medicina, embora sua verdadeira genialidade fosse voltada para a matemática, desenvolvendo um trabalho que contribuiu para os cálculos da Física, o “Princípio de d’Alembert”. Sua atuação na Encyclopédie envolveu sobretudo a produção dos conteúdos científicos, mas ele também demonstrou profundas análises filosóficas, políticas e teológicas. Embora crítico da religião, ele considerou que a inteligência humana não poderia ser apenas produto da matéria e da natureza, defendendo assim a existência divina. Também correspondente de Catarina II, chegou a ser convidado por ela para ser tutor de seu filho, mas, assim como fez diante outros convites de instituições de prestígio, recusou a proposta para continuar seu trabalho em Paris. Ele morreu aos 65 anos.




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