A Revolução Francesa foi um cenário político intenso no qual atuaram personalidades marcantes. Uma delas foi o controvertido Jean-Paul Marat (1743-1793), líder radical influente que mobilizou ânimos, decisões e consequências relevantes durante o processo revolucionário.
Nascido em Neuchâtel, na Suíça, teve o início de sua formação em sua cidade natal, demonstrando interesse pela carreira científica. Foi para Paris e começou a estudar medicina, mas não chegou a obter uma licença oficial para o exercício da profissão, provavelmente porque não concluiu o curso. Mesmo assim, tendo uma boa base de conhecimentos teóricos e práticos, passou a trabalhar como médico. Ele foi para Londres, se ocupou das jornadas de serviço na medicina e das reuniões com intelectuais e ativistas políticos, iniciando sua produção escrita, publicando as obras “Um Ensaio Filosófico sobre o Homem” (1773) e “As Cadeias da Escravidão” (1774), expressando sua visão de crítico social.
De volta à França, conseguiu emprego como médico pessoal do conde d’Artois, irmão mais novo do rei Luís XVI. Esta posição possibilitou acesso e contatos com membros da elite e a retomada de sua atuação como pesquisador científico, realizando experimentos e publicando artigos com a pretensão de ingressar na Academia de Ciências. Depois de ser recusado na instituição científica, o frustrado médico-pesquisador resolveu dedicar mais atenção aos temas políticos e sociais. Publicou “Plano de Legislação Criminal” (1780), obra inspirada em Rousseau e Montesquieu, e virou participante ativos dos círculos de ativistas e debatedores políticos.
Quando eclodiu a Revolução, Marat passou a se posicionar através de seu jornal “L’Ami du peuple” (“O Amigo do Povo”), publicação de linha radical alinhada à facção política conhecida como os Montagnards (Montanheses), que proclamava sua intransigente defesa às causas dos “sans-culottes”, camada mais pobre da população em plena ebulição revolucionária. Através do jornal, Marat promovia ataques contra os moderados Girondinos, acusados de obstáculos para a implantação das transformações de interesse do povo. Durante a fase revolucionária conhecida como o “Terror” (de setembro de 1793 a junho de 1794), o jornal de Marat virou um meio de comunicação e mobilização da ala radical capaz de exercer influência sobre as decisões do Comitê de Segurança Pública, grupo que coordenava as ações de controle social e dos Tribunais Revolucionários, que efetivavam a penalidades sobre os chamados “inimigos da revolução”.
O discurso panfletário de Marat ajudava a mobilizar os sans-culottes, propagando denúncias contra aqueles que eram vistos como traidores, disseminando clamores sensacionalistas e reivindicando execuções. O impacto do conteúdo do jornal também provocava medo e insegurança entre os alvos potenciais da fúria radical de Marat, que tinha seguidores e informantes animados pelo extremismo de sua retórica e postura acusatória, que muitas vezes ecoava difamações, calúnias e intuitos vingativos.
Marat passava boa parte de seu tempo recolhido porque sofria de uma doença de pele inflamatória debilitante que causava dores e pela ocorrência de lesões e coceiras intensas. Por causa disso ele precisava ficar dentro de uma banheira com água, pois era a única forma de proporcionar alívio para o incômodo. Ele recebia as pessoas em sua residência porque estava normalmente incapacitado para sair e atendia seus assistentes, informantes, aliados e interlocutores enquanto estava em sua banheira. Foi nesta condição que em 13 de julho de 1793 apareceu diante dele a jovem Charlotte Corday, que inicialmente anunciou como que tinha informações, mas tal justificativa era um pretexto para se aproximar de Marat e esfaquear o mobilizador radical, que morreu em sua banheira. A assassina era uma simpatizante idealista dos moderados, estava farta da escalada de violência do regime do Terror e considerava Marat como o maior instigador da política de execuções. Embora ela tenha conseguido eliminar Marat, acabou sendo imediatamente presa e executada por seu ato.
Marat foi aclamado como mártir do regime, mas o radicalismo revolucionário não se sustentou no poder por muito tempo e o líder Robespierre caiu, possibilitando uma condução mais moderada nos rumos da revolução.
Bibliografia:


[…] adotada pelo comando revolucionário também atuavam na incitação das pessoas, a exemplo de Jean-Paul Marat, que editava o do jornal político “L’Ami du Peuple” (O Amigo do Povo). Marat era […]
[…] Marat, o incendiário agitador político da Revolução Francesa […]
[…] como Camille Desmoulins, com quem constituiu uma forte amizade e parceria política, e ainda Jean-Paul Marat e Maximilien Robespierre. Nestes ambientes eram realizadas interações políticas e filosóficas […]