Darya Saltykova, a matadora aristocrata

(Representação gerada pela IA Leonardo)

Darya Nikolayevna Saltykova (1730 – 1801) foi uma rica aristocrata russa que apreciava práticas nada nobres. Ela gostava de matar e foi uma serial killer atuante e sanguinária, com uma marca mortífera de mais de 100 vítimas fatais de sua sanha assassina.

Ela ficou viúva aos 25 anos, com a morte de seu marido, Gleb Alexeyevich Saltykov, membro de uma das mais poderosas e prestigiadas famílias russas e figura presente na corte czarista. Darya herdou diversas propriedades e grande fortuna, o que proporcionou condições muito confortáveis para criar seus dois filhos e manter-se segura como figura da nobreza.

Como dona de vultosa riqueza, ela tinha centenas de trabalhadores diretamente às suas ordens, sendo a maioria deles camponeses. Era numerosa também criadagem empregada para atender ao conforto e necessidades da senhora e o tratamento proporcionado pela nobre aos seus serviçais era marcado por autoritarismo, humilhações e frequentes imposições de castigos físicos, mas o extremismo de seu comportamento ia muito além da condição de fazer dela uma péssima patroa.

Darya agredia pessoalmente as mulheres sob seu comando utilizando instrumentos de metal para bater nelas, ordenava que fossem expostas a condições degradantes e danosas como exposição das criadas despidas ao frio intenso, privações de alimentação e movimento, além de tortura física constante. Entre as agressões promovidas por ela constam chutes na barriga de uma empregada grávida provocando aborto, desfiguração de empregadas utilizando água fervente, mutilações proporcionadas por ferramentas, seções intensas de açoitamentos e até atos de canibalismo. Ela mantinha outros empregados igualmente sádicos e bem pagos como cúmplices de sua vilania monstruosa, gente que se encarregava de preparar as situações de tortura, executava assassinatos sob encomenda e se desfazia dos cadáveres, a exemplo do que foi feito por Elizabeth Báthory, a famosa Condessa Sangrenta.. 

Não faltaram denúncias dos parentes das vítimas, porém o poder, a riqueza Darya e suas conexões com a família real intimidavam até as autoridades, que foram “fingindo” que nada de anormal acontecia sob o domínio da nobre sanguinária. Diante da negligente inoperância das instituições locais, finalmente, em 1762, pessoas que conseguiram escapar ou que tiveram entes queridos mortos pela nobre assassina conseguiram ir até São Petersburgo e apresentaram uma denúncia para o comitê de justiça de Catarina II. A czarina ficou pessoalmente interessada no caso e orientou sobre a necessidade de providências a respeito da situação, o que resultou no início de investigações para apurar 139 suspeitas de assassinatos realizados diretamente ou por ordem de Darya, que fez o possível para interferir pressionando e ameaçando testemunhas, o que foi suficiente para reduzir a comprovação de crimes, terminando em sua implicação por 38 homicídios.

Como a própria Catarina II havia se empenhado pela abolição da aplicação de pena de morte na Rússia, esta situação acabou favorecendo a assassina, que foi condenada à prisão perpétua em 1768 depois de ter passado 6 anos sob custódia da justiça. Antes de ser encarcerada de vez, Darya Nikolayevna Saltykova foi espancada em praça pública e ficou exposta ostentando uma placa que indicava: “Esta mulher torturou e assassinou”. Todos os seus bens foram confiscados.

A condenada foi trancafiada durante 33 anos, até morrer, com a idade de 71, em 1801.