Dentro do vasto e fascinante panteão da mitologia grega, encontramos diversas divindades associadas aos elementos naturais, aos fenômenos cósmicos e às ações humanas. Hélio, o titã do sol, é uma dessas divindades que carrega consigo a magnificência e o mistério do universo.
Hélio era filho dos titãs Teia e Hiperião, assim como seus irmãos, Selene (a lua) e Eos (a aurora). Ao contrário do que muitos acreditam, Hélio e Apolo não são a mesma entidade. Enquanto Hélio era o titã que personificava o sol, Apolo, que veio a ser associado ao sol em períodos posteriores, era originalmente o deus da música, da profecia, da medicina e da luz.
A representação mais icônica de Hélio é sua travessia diária pelos céus, guiando uma carruagem puxada por cavalos alados. A cada manhã, ele surgia do leste, trazendo luz e calor para a Terra. Ao entardecer, descia ao oeste, mergulhando no Oceano para atravessar o mundo subterrâneo durante a noite, emergindo novamente no leste ao amanhecer.
Uma das narrativas mais conhecidas envolvendo Hélio é a trágica história de seu filho Phaeton. Buscando provar que era realmente filho do titã solar, Phaeton pediu a Hélio permissão para guiar o carro solar por um dia. No entanto, o jovem não conseguiu controlar os cavalos, ameaçando destruir a Terra com o calor intenso do sol. Para evitar a catástrofe, Zeus atingiu Phaeton com um raio, fazendo-o cair e morrer.
Outra história conhecida conta que a ninfa Clítia se apaixonou profundamente por Hélio. No entanto, o titã não correspondeu porque já amava Leucótoe. Inconformada, Clítia tramou com o pai de sua concorrente e Leucótoe foi trancafiada em uma torre sem acesso à luz do sol. Hélio decidiu ignorar Clítia e ela ficou desconsolada mesmo ainda apaixonada pelo gigante solar, então passou seus dias sentada no chão, sem comer ou beber, apenas observando Hélio cruzar o céu. Com o passar dos dias, ela definhou e se transformou em uma flor, que viria a ser o girassol, e, mesmo após sua transformação, continuou a girar para seguir o sol em seu percurso diário, um símbolo eterno de devoção e amor não correspondido.
Hélio, com sua visão onisciente, desempenhou um papel chave em várias narrativas mitológicas. Ele informou Deméter do rapto de sua filha Perséfone por Hades e testemunhou o amor secreto de Afrodite e Ares, revelando-o a Hefesto, marido da deusa.
O Colosso de Rhodes, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, foi uma grandiosa estátua erguida na ilha de Rhodes, como uma homenagem ao titã Hélio. Com uma altura estimada entre 30 e 33 metros, essa imponente escultura de bronze foi criada pelo escultor Carés de Lindos por volta de 280 a.C., celebrando a vitória dos rodianos sobre o exército de Demétrio Poliorcetes. A estátua permaneceu de pé por apenas 56 anos antes de ser derrubada por um terremoto. Contudo, mesmo em ruínas, suas partes atraíram visitantes de todas as partes do mundo antigo, solidificando a sua fama. A magnitude do Colosso refletia não apenas a proeza artística e arquitetônica da época, mas também o profundo respeito e reverência dos antigos gregos por Hélio.
Com o tempo, e sobretudo durante o período clássico da Grécia Antiga, a figura de Hélio foi sendo gradualmente eclipsada por Apolo. Embora ambos fossem adorados como deuses solares, foi Apolo quem ganhou proeminência e associação direta com o sol em cultos e rituais.


[…] luz celestial assim como de sua equivalente feminina e esposa-irmã Téia, com quem teve os filhos Hélio (o Sol), Selene (a Lua) e Eos (a […]