Filha de duas das figuras mais conhecidas da história do Egito Antigo, Akhenaton e Nefertiti, nasceu em 1348 a. C. e recebeu o nome de Ankhesenpaaton, durante o período em que o pai tentou reformular a religião egípcia instituindo o culto ao deus único Aton. De acordo com a tradição egípcia de casamentos incestuosos, ela pode ter sido uma das esposas do pai quando tinha por volta dos 11 anos, mas quando o faraó morreu, em 1336, quem ascendeu ao trono foi seu único desentende masculino, Tutankhaton, com quem a princesa se casou e passou a efetivamente à condição de rainha do Egito. O menino de 8 anos, seu irmão paterno, era filho de uma das outras esposas Akhenaton que não recebiam o título de rainha, status que só pertencia até então à Nefertiti – que perdeu o posto para a filha que casou com o sucessor real.
Logo no início do novo reinado ocorreu a reversão do Atonismo, religião instituída por Akhenaton, e foi retomado do politeísmo tradicional, assim os nomes do casal imperial passaram a ser Tutancâmon e Ankhesenamon.
Tutancâmon, que acabou sendo o faraó mais famoso de todos muito tempo depois de sua morte por causa da descoberta de sua tumba intacta e cheia de tesouros, não foi em vida um soberano tão glorioso quanto a fama posterior sugeria. Foi um reinado caótico conduzido por regentes na maior parte do tempo e quando Tutancâmon morreu em 1327 a.C. de forma suspeita aos 18 anos de idade não deixou nenhum descendente herdeiro ao trono – duas gestações de Ankhesenamon terminaram abortadas naturalmente. Surgiu então a alternativa de dar continuidade à dinastia com o casamento entre a rainha viúva e Ay, conselheiro Tutancâmon e avô da rainha, mas ele já era um homem idoso, logo, a possibilidade de Ankhesenamon gerar o próximo faraó era remota, então a jovem rainha de 23 anos de idade decidiu solucionar a situação ao seu modo. Escreveu para Suppiluliuma I, rei hitita, uma proposta com o seguinte teor: “Meu marido morreu e eu não tenho filhos. Dizem que você tem muitos, então poderia me dar um deles para se tornar meu marido.”
A manobra de Ankhesenamon foi algo inédito entre os egípcios, mas superada as desconfianças iniciais, o soberano do Império Hitita enviou o príncipe Zananza para o Egito com o objetivo de ser coroado rei. Hititas e egípcios viviam em atritos por questões territoriais e uma jogada diplomática como esta articulada por Ankhesenamon estarreceu as autoridades em seu império, que consideraram a iniciativa um ato de traição. Quando o pretendido marido da rainha atravessou a fronteira foi logo assassinado por ordem do general Horemheb, que tinha pretensão de assumir o trono como marido de Ankhesenamon, pois casar com ela era a única forma de legitimação de qualquer homem como faraó.
Depois do fracasso da tentativa de Ankhesenamon de conduzir seu destino, Ay foi coroado faraó e só governou por 3 ano até sua morte em 1323 a.C. Não se sabe exatamente do fim de Ankhesenamon, casada a contragosto com o avô. De nascimento plebeu, Horemheb foi o sucessor após disputas e da morte suspeita do herdeiro designado por Ay e sua rainha não foi Ankhesenamon, o que sugere que ela já havia morrido ou que se recusou a tomá-lo como marido, mas seu poder como comandante do exército era suficiente a essas alturas para não depender de sua origem ou da permissão de uma rainha que o rejeitava. O novo faraó tratou de apagar os nomes de seus desafetos dos registros, incluindo Ay, que teve o até o túmulo profanado e destruído por suas ordens. Ankhesenamon também pode ter passado pelo apagamento também, já que “sumiu” da documentação desde 1322 a.C. e não se sabe quando morreu nem onde foi sepultada.
O desaparecimento dela dos registros e a falta de informações sobre seu destino final apenas amplificam o mistério e a fascinação que cercam sua vida.


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