Jean-Baptiste Carrier nasceu em 16 de março de 1756, em Yolet, na França. Ele veio de uma família de classe média e começou sua carreira em um escritório de advocacia em Paris. Com o início da Revolução Francesa, em 1789, ele se juntou à Guarda Nacional e ao Clube Jacobino, tornando-se um membro influente dessas organizações. Em 1790, Carrier foi nomeado procurador em Aurillac e, dois anos depois, foi eleito deputado à Convenção Nacional. Ele apoiou ativamente a Revolução e participou de eventos importantes, como a execução do rei Luís XVI e a derrubada dos girondinos. Durante o “Regime do Terror” ela atuou como um dos desenvolvedores do Tribunal Revolucionário, que tinha como atribuição julgar de forma sumária e punir os insurgentes e variados inimigos da revolução.
No entanto, foi durante sua missão em Nantes, em 1793, que Carrier se envolveu em ações extremamente violentas e cruéis. Seu objetivo era suprimir qualquer forma de contrarrevolução na região e garantir a aceitação do novo governo. No entanto, suas medidas se tornaram cada vez mais brutais. Ele supervisionou diretamente cerca de 13 mil execuções e sua postura era de radical inclemência. Ele determinava prisões por qualquer suspeita ou acusação, em seguida dava um jeito de “liberar espaço” nas cadeias ordenando fuzilamentos, execuções na guilhotina ou mantendo os detentos sem comida até morrerem. Há um episódio espantoso no qual Carrier determinou a execução de três crianças, contudo até o carrasco achou demais, reclamou e acabou morrendo também.
Além de impor um ritmo alucinante de atividade no tribunal revolucionário, ele formou a chamada Legião de Marat para lidar com a grande quantidade de prisioneiros nas prisões. Os julgamentos foram interrompidos e as vítimas foram executadas em massa. Um dos métodos mais infames que Carrier empregou foi o afogamento no rio Loire, conhecido como os “Afogamentos em Nantes”. Milhares de pessoas, incluindo mulheres, crianças, eram colocadas nos “isqueiros”, embarcações especificamente montadas para o transporte e despejo de condenados nas águas geladas do rio. Os barcos tinham alçapões projetados para fazer com que a “carga” caísse na água de uma vez para aumentar o tumulto com pessoas lutando por espaço e sobrevivência na correnteza. Quem conseguisse chegar até as margens do rio não conseguia escapar, pois lá estavam homens designados para matar quem nadou na esperança de sobreviver e o próprio Carrier gostava de participar desta “pescaria”. Estima-se que cerca de 4.000 pessoas tenham encontrado uma morte horrível dessa maneira.
As ações de Carrier provocaram repulsa e indignação, mesmo dentro do próprio governo revolucionário. Em 1794, ele foi chamado de volta a Paris, mas acabou sendo preso quando a reação termidoriana levou à queda de Robespierre e do Comitê de Segurança Pública. Carrier foi julgado pelo Tribunal Revolucionário, e todas as acusações de suas atrocidades foram apresentadas. Ele foi considerado culpado de crimes de guerra, incluindo execuções em massa e afogamentos, sendo condenado à guilhotina.
A execução de Jean-Baptiste Carrier ocorreu em 16 de dezembro de 1794.


[…] Jean-Baptiste Carrier e seu legado de mais 13 mil mortes durante a Revolução Francesa […]