Ocultismo envolve crenças e práticas que recorrem a seres ou forças sobrenaturais. Entre os gregos muitos dos mistérios do sobrenatural cabiam aos oráculos, indivíduos dotados de uma capacidade especial de se conectar a essas forças que estavam além da compreensão e alcance de qualquer humano e que conseguiam enxergar aquilo que o sentido não é capaz, antevendo acontecimentos e destinos. Não eram meros adivinhos porque oráculos estavam associados a algum ente divino específico e por isso atuavam em templos ou santuários oraculares consagrados. Estas pessoas espiritualmente diferenciadas tinham o conhecimento dos processos para realizar os contatos sobrenaturais e atender aos pedidos daqueles que buscavam orientação ou procurassem saber sobre seus destinos.
Em Delfos, cidade onde os gregos acreditavam estar o Onfalo (Ὀμφαλός), o “umbigo do universo” representado pela rocha que foi servida a Cronos para lhe fazer regurgitar e libertar Zeus e seus irmãos que havia engolido por medo de ser destronado. Era reconhecida também como o local onde o mundo dos deuses e dos homens se comunicavam. Isso dava uma importância enorme ao santuário local erguido numa encosta do Monte Parnaso e ao redor de uma fonte de gases. A figura humana central do santuário era quem assumia a relevante e respeitada condição de Oráculo de Delfos.
A sacerdotisa Pítia era a personificação do Oráculo e falava por Apolo. A médium que assumia sua missão como Pítia abandonava qualquer outra atividade para exercer a função, abandonava até sua identidade. Geralmente tinha mais de 50 anos de idade e era escolhida entre outras sacerdotisas através de um processo que nunca foi plenamente conhecido. Uma vez investida, e praticamente por ato sobrenatural, a mulher passava a pronunciar as misteriosas respostas e orientações para quem conseguia chegar até ela, agora como Pítia.
Pítia era um recipiente para espíritos divinos e anunciava suas profecias num tom misterioso que exigia muito cuidado por parte de quem fosse em busca de sua sabedoria sobre o futuro. O rei Cresso, do Reino da Lídia, procurou o Oráculo preocupado com os persas e ouviu da boca de Pítia que ela causaria a queda de um império. Diante da resposta, o rei partiu para cima dos persas instigado pelo otimismo inflamado por sua interpretação, mas perdeu a guerra. Ele não entendeu que Oráculo estava profetizando a derrocara de seu reino.
Além de assuntos de guerra, governantes viajavam de longe para consultas para tratar de variados temas como resultado de colheitas, casamentos estratégicos, sucessão e vários outros assuntos.
O processo do contato com o plano divino exigia a preparação ritualística com etapas prévias que incluíam sacrifícios animais, banhos em águas sagradas, orações, cânticos e a ocasião da consulta era solene e mágica. Pítia mascava folhas de louro e inalava os vapores que saíam do chão do templo, então ela estava entre a terra e o mundo divino num transe profundo e frases soltas e enigmáticas ou claras eram pronunciadas que eram registradas por sacerdotes através de versos tão insondáveis quanto o próprio destino. Cabia aos consultantes avaliarem e ter cuidado para não cometer o mesmo erro de Cresso.
O santuário do Oráculo de Delfos entrou em decadência com o domínio romano. Os poderosos de Roma não se deram ao trabalho de viajar até lá para ouvir a Pítia em seu transe.


[…] ou “radiante” e a titânide está ligada à profecia, sendo a anterior promotora do Oráculo de Delfos, que passou para seu neto Apolo. É mãe Febe é mãe de Astéria (a deusa estrelada do oráculo e […]