Olympe de Gouges, a feminista que acabou na guilhotina durante a Revolução Francesa

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Marie Gouze (1748-1793), mais conhecida por seu nome artístico Olympe de Gouges, foi uma prolífica escritora, dramaturga, ativista política e defensora dos direitos humanos, especialmente dos direitos das mulheres. Ela era uma pensadora com proposta à frente de seu tempo, que defendia abertamente a emancipação das mulheres, a legalização do divórcio e a abolição da escravidão. Liderando um grupo teatral composto exclusivamente por mulheres, ela debatia suas ideias nas peças que criava,além dos panfletos e cartazes que espalhava pela cidade. Nascida em uma família de classe média baixa em Montauban, no sudeste da França, ela acreditava ser filha legítima de Jean-Jacques Lefranc, o erudito Marquês de Pompignant. A rejeição em ter sua paternidade reconhecida influenciou sua fervorosa defesa dos direitos das crianças nascidas fora do casamento. Olympe casou-se jovem, teve um filho e tornou-se viúva aos 22 anos, decidindo então mudar-se para Paris e ganhar a vida com seus escritos, contexto no qual resolveu adotar seu pseudônimo.

Ela enfrentou várias polêmicas devido aos temas e abordagens que explorava, mas não hesitava em confrontar questões sensíveis que chocavam a sociedade, especialmente quando defendia a igualdade de gênero e questionava convenções sobre casamento, divórcio, maternidade e prostituição. Ela também argumentava que as mulheres tinham o direito de buscar satisfação sexual fora do casamento, assim como os homens, sem sofrerem represálias morais ou legais.

Quando a Revolução Francesa eclodiu, ela continuou sendo uma voz desafiadora, mesmo dentro dos padrões revolucionários. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, redigida pela Assembleia Nacional e promulgada em 1789, foi alvo de suas críticas, pois o documento não reconhecia adequadamente as mulheres como cidadãs. Em resposta, em 1791, ela escreveu e divulgou uma proposta alternativa: a Declaração dos Direitos da Mulher e dos Cidadãos. Sua declaração afirmava que as mulheres tinham o direito à liberdade de expressão, participação em assuntos públicos e reconhecimento dos filhos nascidos fora do casamento. Em julho de 1793 ela foi presa devido às suas declarações e recusa em parar de se manifestar. Foi julgada sem direito à defesa e condenada à morte. Após quatro meses de prisão, Olympe de Gouges foi guilhotinada.

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