A situação do Império Romano era de confusão quando o jovem Alexandre Severo (Marcus Aurelius Severus Alexander), de apenas 13 anos de idade, despontou como imperador em 221 d.C. Alexandre Severo nasceu no ano 208, em Arca Cesareia, na Fenícia (atual Akkar, Líbano). Sua paternidade não é plenamente definida, mas costuma ser indicado que o nobre Marco Júlio Géssio Marciano foi seu genitor ao lado de Júlia Mamea, que, assim como sua mãe, Júlia Mesa, assumiu um papel determinante como articuladora da política imperial durante o governo do filho.
O adolescente foi envolvido na trama em torno do poder por causa de sua procedência familiar e em virtude da instabilidade do governo de seu predecessor Elagábalo, responsável por uma tumultuada e polêmica atuação que incomodou o Senado, o exército e foi altamente rejeitava entre o conjunto dos cidadãos romanos. Diante da perceptível inevitabilidade da queda do imperador impopular, Júlia Mesa, avó de Elagábalo e personalidade influente e decisiva nos bastidores do poder, convenceu o soberano de Roma a reconhecer seu outro neto como sucessor, concedendo ao menino o título de César e atribuindo a ele o status de co-imperador. Quando Elagábalo percebeu que seu primo não era exatamente um aliado, tentou reverter a nomeação para impedir que Alexandre se tornasse uma alternativa para seus opositores, mas os conspiradores, apoiados por Júlia Mesa e Júlia Mamea, foram mais rápidos e assassinaram o imperador e sua mãe Júlia Soémia. A eliminação do líder rejeitado abriu espaço para que Alexandre Severo fosse reconhecido como imperador único e legítimo.
A juventude e inexperiência de Alexandre favoreceu a atuação de sua mãe e de sua avó, que assumiram o controle sobre as decisões do imperador. O Senado, que foi bastante desprestigiado no decorrer dos governos anteriores da Dinastia dos Severos, voltou a ter um papel destacado ao ser consultado pelo imperador com regularidade. A adoção de uma postura de conciliação entre as instituições foi adotada como solução para proporcionar estabilidade do império e amenizar os efeitos dos excessos autoritários, mas isso despertou reações nas tropas, já habituadas ao militarismo institucionalizado como característica de governo por Septímio Severo, fundador da dinastia. Generais insatisfeitos começaram a tramar contra o imperador, acusado de fraqueza porque se aliou ao Senado e porque mantinha sua mãe como principal conselheira ou até como figura que efetivamente conduzia o governo.
Apesar das resistências, o governo iniciou uma série de reformas com o objetivo de solucionar o quadro crítico vivido pelo império. Houve um esforço para moralizar a administração pública, superar práticas de abuso de poder e conter a corrupção através da nomeação de juristas e diversas pessoas qualificadas para a atuação nos cargos importantes e nos governos provinciais. O notável jurista Ulpiano, pessoa de elevada reputação em Roma, foi nomeado prefeito do pretório para orientar o processo de ajuste institucional e administrativo. A situação econômica do império era crítica porque os gastos militares com a sustentação das legiões e manutenção dos esforços de guerra, retirando recursos de áreas como infraestrutura e sobrecarregando a população através de pesados impostos. O governo de Alexandre Severo buscou diminuir as despesas bélicas negociando acordos de paz com tribos germânicas para evitar o prolongamento de campanhas militares na Europa, apesar de manter intensa a atuação militar estratégica contra o Império Sassânida, sucessor do Império Parta, habitual oponente de Roma. Procedente de uma família oriental, Alexandre Severo, conviveu com uma variada influência de religiões e há fontes que sustentam que até Jesus Cristo foi admitido entre as divindades veneradas pelo imperador. Esta experiência influenciou a sua adoção de uma postura de tolerância religiosa que considerava a diversidade de crenças praticadas pelos habitantes da vastidão do império.
A postura imperial e ações adotadas pelo governo de Alexandre Severo desagradaram os militares, que se prepararam para pressionar e as tensões acabaram se acentuando. Ulpiano foi assassinado por membros da Guarda Pretoriana por causa de suas propostas de reformas e quando o governo preferiu negociar a pacificação com os germânicos, generais acusaram o imperador de covardia. Com seus interesses contrariados, os militares recorreram à usual prática de derrubar um governo para a elevação de outro líder que jugavam adequado. Alexandre foi assassinado por seus soldados enquanto estava em Mogoncíaco (atual Mainz, Alemanha) em 235, quando tinha 26 anos de idade. Júlia Mamea também foi eliminada pelos rebeldes. A tentativa de rever os efeitos do militarismo exacerbado e buscar um outro rumo para o império foi encerrada.
Com a morte de Alexandre Severo, que não tinha sucessor designado, os conspiradores militares estabeleceram Maximino Trácio como novo imperador. O ato significou o fim da Dinastia dos Severos e foi um marco para o início da fase conhecida como “Crise do Terceiro Século” ou “Anarquia Militar”, fase que se prolongou por cinco décadas com governos militares instáveis e ineficientes que não foram capazes de evitar vitórias dos germânicos e perdas territoriais significativas com a formação de Império Gálico (260–274 d.C.) e Império de Palmira (260–273 d.C.), que revelou a poderosa rainha Zenóbia.
Referências:


[…] Alexandre Severo: O Jovem Imperador e a Tentativa de Restaurar Roma […]
[…] e mãe dos imperadores Caracala e Geta, sua irmã Júlia Mesa, avó dos imperadores Heliogábalo e Alexandre Severo, e sua filha Júlia Mamea, mãe de Alexandre Severo, acabaram também experimentando o poder no […]
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