Os vikings constituíram uma sociedade patriarcal, mas algumas figuras femininas conseguiram romper as expectativas e consolidar posições de prestígio, liderança e poder. Este foi o caso de Auðr djúpúðga Ketilsdóttir, conhecida como Aud, a Profunda.
Ela nasceu por volta de 830 d.C. e era filha do respeitado chefe tribal Ketill Flatnefur (ou Ketill “Nariz Chato”) com sua esposa Yngvid Ketilsdóttir, sendo descendente de uma tradicional linhagem norueguesa. Quando tinha cerca de 20 anos de idade, se uniu a Olaf, o Branco (Ólafr Hvítaskáld), rei viking de Dublin, através de casamento arranjado com objetivos diplomáticos e estratégicos, firmando uma aliança entre os noruegueses e os gaélicos. Do casamento nasceu Thorstein, o Vermelho (Þorsteinn Rauði), que ainda era muito jovem para assumir plenamente o poder quando o pai morreu em batalha, levando a viúva a encarar o desafio de conduzir por conta própria um reino distante de suas origens.
Aud acabou revelando sua capacidade de liderança, conquistando a reverência dos súditos e tomando decisões sensatas, postura que lhe valeu o reconhecimento como “a Profunda”. Quando Thorstein se tornou capaz de governar, ela não se afastou do centro do poder e acompanhou as expedições militares do filho conquistador nas terras da Escócia que foram inorporadas ao reino viking.
A situação mudou quando Thorstein foi assassinado em meio a uma conspiração de seus próprios comandantes, colocando Aud numa situação vulnerável e perigosa. Ela foi forçada a fugir do cenário hostil, mas contava com liderados leais disposto a segui-la, então tramou uma expedição secreta em busca de um novo refúgio e local para recomeçar. Seu grupo composto por parentes, aliados e escravos, conseguiu migrar até as ilhas Órcades, arquipélago ao norte da Escócia, firmando uma colônia e estabelecendo alianças com habitantes locais.
Apesar de ter conseguido aliados e um local para se firmar, o desejo de ir além continuou guiando Aud. Das ilhas Órcades, onde ela arranjou casamentos de suas netas com chefes locais, conduziu uma nova expedição para a promissora Islândia, que já contava com uma forte presença de nórdicos que buscavam evitar as guerras. Ela fixou um assentamento em Breiðafjörður e seus domínios logo prosperaram. A região se destacou por ser uma colônia liderada por uma mulher experiente e independente e com notável capacidade de conduzir os assuntos do território.
Além de ser uma mulher destemida e líder habilidosa, Aud se destacou por outro feito surpreendente. No século IX o cristianismo ainda não estava amplamente difundido entre os nórdicos e prevaleciam as tradicionais práticas e crenças pagãs, no entanto, Aud acabou acolhendo a fé estrangeira. Convertida, ela atuou na difusão do cristianismo entre seus seguidores e ajudou a disseminar a nova fé na Islândia. Quando ela morreu, por volta dos 70 anos de idade, recebeu os ritos funerários cristãos.
Referências:


[…] Faroé e Escócia. Entre as pessoas que saíram da Noruega durante o reinado de Harald estavam Aud Ketilsdóttir (conhecida como Aud, a Profunda), que representou a liderança feminina no estabelecimento de […]
[…] Aud, a Profunda, destacou-se como uma das poucas mulheres líderes no mundo viking. Filha de um chefe tribal, tornou-se rainha ao se casar com Olaf, o Branco. Após a morte de seu marido e filho, liderou expedições desde as Ilhas Órcades até a Islândia, onde estabeleceu um próspero assentamento. Convertida ao cristianismo, Aud também ajudou a disseminar a nova fé. Conheça sua história, que combina coragem, estratégia e resiliência, tornando-a uma das figuras … […]