O Mito de Narciso

(Representação visual gerada pelas IAs DALL-E e Leonardo)

Narciso é a figura central de um dos mais conhecidos mitos gregos, que tem uma forte mensagem sobre autoconhecimento, autocontrole, vaidade e justiça. Apesar de sua origem na Grécia Antiga, a mais conhecida versão da narrativa foi popularizada a partir da obra poética “Metamorfoses”, escrita no século I d.C. pelo romano Ovídio.

A história conta que o jovem Narciso era dotado de uma beleza incomparável, atributo que contava com uma origem especial, pois ele era filho da encantadora ninfa Liríope e do deus-rio Cefiso. Narciso era tão atraente que exercia um poder de fazer com que as pessoas se apaixonassem por ele, mas os sentimentos não eram correspondidos porque ele era indiferente às paixões e proporcionava dolorosas desilusões. Tanto mulheres quanto homens foram vítimas de sua rejeição, que não poupou nem mesmo outras ninfas, o que despertou diversos pedidos para que Nêmesis, a deusa primordial da justiça, interferisse com seu poder para que o causador de sofrimentos sentimentais pagasse por toda tristeza causada. A justiça de Nêmesis era retributiva, baseada no princípio de que quem praticasse um malefício deveria sofrer efeitos equivalentes aos danos causados. Narciso era um reincidente exemplo de hybris, mal daqueles caracterizados pela arrogância extrema e a divindade justiceira se encarregava desse tipo de situação.

O devastador de corações chegou a ser advertido pelo famoso adivinho tebano Tirésias que seu destino estava ameaçado desde que ele não “se conhecesse”. O cumprimento da misteriosa profecia e o ato de justiça divina não tardaram. A ninfa Eco, que tinha o estranho dom de repetir as palavras que ouvia depois de ter sido punida por Hera por causa de suas aventuras amorosas, também caiu na armadilha da beleza de Narciso. A ninfa foi de tal forma consumida pela paixão não correspondida que acabou definhando fisicamente a até desaparecer totalmente, restando apenas a sua voz repetindo as palavras dos outros.

O fim trágico de Eco foi encarado como um ponto final para os estragos causados pelo poder infeliz de Narciso e chegou o momento de sofrer os efeitos de sua capacidade sedutora. Depois de encarar o reflexo de seu próprio rosto na superfície da água de uma fonte, se apaixonou pela imagem que viu. Ele não conseguia fazer mais nada além de admirar o reflexo, deixando de se alimentar, de beber, ficando inerte até perder totalmente as forças e morrer de amor por si mesmo. No local onde seu corpo ficou nasceu uma bela flor, que passou a ser conhecida por seu nome.