Símbolo heroico dos escoceses, William Wallace foi um dos líderes e guerreiros mais aclamados da Idade Média. Ele nasceu por volta de 1270 e seu pai, Sir Malcolm Wallace, tinha posição como integrante de uma faixa da nobreza na estrutura feudal que prevalecia por lá. Wallace foi instruído por tios que faziam parte do clero, o que sugere que ele tinha um bom nível de educação formal e conhecimentos sobre aspectos da administração de propriedades, assuntos governamentais e militares, o que era comum para alguém de sua posição social.
Em sua época a Escócia estava vivendo uma fase conturbada por causa de problemas sucessórios a partir das mortes do rei Alexandre III (1286) e de sua neta e sucessora Margaret, a Donzela da Noruega (1290), levando o trono a uma disputa entre grupos da aristocracia. Os impasses e o temor de uma guerra civil motivaram a adoção de uma arbitragem feita por Eduardo I da Inglaterra, que aproveitou a situação para impor seu próprio poder, designando o pretendente John Balliol como rei em condição subordinada ao trono inglês em 1292. A situação inflamou os ânimos já acirrados na Escócia, gerando atos de rebelião e a deposição do escolhido de Eduardo I, que iniciou uma invasão. A resposta foi a deflagração de uma sangrenta guerra de independência a partir de 1297.
Foi durante esta situação conflituosa que Wallace despontou como personagem relevante no cenário nacional. Ele começou a chamar a atenção dos defensores da causa da independência quando matou William Heselrig, um representando da Inglaterra na cidade de Lanark. Wallace foi movido por motivações políticas, pois seu ato demonstrava sua insatisfação a respeito do domínio inglês e, ao mesmo tempo, por seu desejo de vingança, considerando que sua esposa, Marion Braidfute, teria sido morta por ingleses como uma ação abusiva. Desde então, ele assumiu uma participação ativa nos atos dos rebeldes, se destacando pela bravura, habilidade na luta, capacidade de liderança e coordenação militar.
O reconhecimento de William Wallace gerou uma crescente simpatia pelo líder guerreiro e seguidores se aliaram ao seu comando, unindo-se à sua eficiente abordagem de guerrilha que gerava importantes vitórias sobre os ingleses. Wallace era dotado de incrível perspicácia e entendimento das manobras táticas, evidenciadas na Batalha da Ponte de Stirling, quando seu planejamento possibilitou um triunfo sobre um efetivo mais numeroso, afetando as forças oponentes. Este feito elevou sua posição, pois ele foi nomeado Guardião da Escócia.
A ousadia do comandante rebelde era tamanha que seus ataques iam além da fronteira escocesa, atingindo áreas estratégicas em pleno território inglês por meio de incursões inesperadas e arrasadoras direcionadas a alvos estratégicos. Sua abordagem tinha como objetivo destruir estruturas dos inimigos, arruinar fontes de suprimentos e manter os adversários longe das terras da Escócia.
Além do campo de batalha, Wallace também tinha articulação diplomática e usou dessas habilidades para manter vínculos comerciais com alemães e negociar apoio militar dos franceses, sendo recebido na corte de Filipe IV da França em 1299.
A relevância do Guardião da Escócia incomodava alguns de seus próprios compatriotas, a exemplo do cavaleiro escocês Sir John de Menteith, que se aproximou de Wallace para trair sua confiança e oferecê-lo como prisioneiro aos ingleses por recompensa e expectativas de favores do rei Eduardo I.
Sir William Wallace foi julgado em Londres e depois executado de maneira brutal, sendo enforcado e depois eviscerado, decapitado e esquartejado em 3 de agosto de 1305, aos 35 anos de idade. Partes de seu corpo foram enviadas para cidades escocesas como recado aos rebeldes. Wallace foi prontamente reconhecido como um mártir pela causa escocesa e a luta prosseguiu, tendo seu nome e exemplo como forças motivadoras. Robert the Bruce assumiu a liderança do movimento e foi coroado rei em 1306, mantendo firme a guerra contra a Inglaterra. Em 1328, a assinatura do Tratado de Edimburgo-Northampton encerrou a Primeira Guerra de Independência Escocesa, assegurando a independência reino e cumprindo o desejo de seu herói William Wallace.
Referências:


[…] William Wallace, o Herói Escocês […]