Genghis Khan e o desenvolvimento do Império Mongol

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

Genghis Khan teve origens e experiências improváveis para alguém que se tornaria um dos homens mais poderosos de todos os tempos. Ele nasceu por volta de 1662 nas proximidades do Lago Baikal, na Mongólia, e seu nome de nascimento era Temüjin. Seu pai era um líder de tribo e morreu envenenado por rivais tártaros, o que deixou a família de Temüjin em uma situação precária, pois foram abandonados pela própria tribo e passaram a existir em condições de extrema miséria. As circunstâncias eram tão precárias que ele e seus irmãos disputavam os recursos mínimos para sobreviver quando seu meio-irmão mais velho passou a impor sua liderança e estabelecer uma desigualdade mesmo diante da situação extrema, levando o jovem Temüjin a matá-lo para assumir o comando. O episódio salientou o quanto ele já manifestava uma personalidade dominante e a disposição para estar no controle.

Crescendo em um meio brutal, ele lidou com desafios que foram formando seu caráter determinado e agressivo enquanto obtinha reconhecimento e revertia a situação de penúria de seu clã. Aos 16 anos começou a articular alianças com chefes de tribos e logo assumiu uma reputação de líder entre eles, demonstrando uma notável capacidade de aglutinação dos interesses comuns das tribos. Apesar da habilidosa diplomacia, Temüjin não hesitava quando era necessário a promoção da guerra. Outra liderança entre os mongóis, Jamuka tinha um estilo belicoso marcado pela brutalidade que intimidava outras tribos e se impunha sobre seus dominados através de ameaças e punições severas. Temüjin superou mais este adversário e deu um significativo passo para a unificação das tribos mongóis. Por seus feitos e liderança, em 1206, ele foi proclamado Genghis Khan, que significa “Governante Universal”, o que ampliou seus poderes e deu ainda mais condições de realizar um audacioso plano de expansão territorial.

Em 1210, Genghis Khan conquistou o reino de Xi Xia, localizado no noroeste da China, executando uma estratégia militar inovadora, com movimentações de tropas planejadas para enganar os adversários, incluindo falsas manobras de recuo e retiradas. A vitória favoreceu a continuidade da política de domínio, lançando o poderio mongol contra a região norte da China, então controlada pela Dinastia Jin. Mesmo com desvantagem numérica, as tropas de Genghis Khan conseguiram sitiar Zhongdu (atual Pequim) e subjugar o imperador Jin, ampliando consideravelmente a área sob sua supremacia. O alvo seguinte foi o Império Khwarazm, que detinha os territórios dos atuais Turcomenistão, Uzbequistão, Afeganistão e Irã, conquistado por meio de uma ação marcada pela brutalidade contra a aristocracia e militares, embora poupasse agricultores, artesãos e trabalhadores qualificados – Genghis Khan tinha plena percepção de que tipo de contingente social seria mais proveitoso para o desenvolvimento de seu império. Em 1224 foi efetivado o controle sobre vastas regiões da Rússia e da Europa Oriental.

As conquistas continuaram ocorrendo mesmo após a morte do poderoso líder, em 1227, e o Império Mongol atingiu uma vastidão que se estendia desde a Península Coreana no Leste até a Hungria no oeste, e do Ártico no norte até o sudeste asiático e o Irã no sul. A dimensão do porte alcançado de 24 milhões de km² deu ao império o status de maior de todos em tempos em continuidade territorial. Comparativamente a outros impérios vastos, o Império Britânico abrangeu mais de 35 milhões de km² somando áreas descontínuas, enquanto o duradouro e definidor Império Romano atingiu 5 milhões de km² em seu auge de expansão.

Governar esta imensidão era um desafio proporcional ao gigantismo do império, mas Genghis Khan foi capaz de empregar meios eficientes para administrar e defender seus territórios. Através de um processo meritocrático, ele substituiu as tradições das posições da aristocracia no postos de poder pelas habilidades e lealdade demonstrada pelas pessoas que ele estabeleceu nos cargos de comando do Estado, unificou as normas legais e deu uma dimensão de aplicação em toda extensão do império, organizou a comunicação e burocracia por meio da adoção de um sistema de escrita, dimensionou a população através de censos, organizou a coleta de tributos, introduziu um sistema de correios. Seu imenso exército tinha como centro uma cavalaria muito bem treinada com integrantes caracterizados pela destreza como arqueiros. Sua força militar era reconhecida pela brutalidade, que também forjava uma reputação intimidante que era um meio de pressão que se lançava sobre os adversários mesmo antes dos combates. Uma complexa rede de espionagem também fazia parte do sistema de defesa e ajudava a elaborar abordagens e estratégias adequadas para cada contexto.

Genghis Khan recorreu a outras abordagens para assegurar a integridade de seu império. Uma delas foi a tolerância religiosa, que evitava confrontos internos e favorecia a integração dos povos sob seu domínio. No Império Mongol viviam taoístas, budistas, cristãos, muçulmanos, além de uma diversidade de praticantes de cultos locais e tradições primitivas e seguidores das variadas religiões encontravam espaço na administração estatal. A integração dos diversos povos proporcionou uma rica experiência de desenvolvimento de uma cultura notável e de múltiplas influências, aprimorando as contribuições dos múltiplos conhecimentos para o desenvolvimento de ciência, abordagens estratégicas, cultivos e técnicas.

O poderoso Genghis Khan teve vários filhos com sua esposa principal e diversas concubinas. Ele definiu que a sucessão seria assegurada para seu terceiro filho, Ögedei, descartando deste status os mais velhos por causa de suas rivalidades. O herdeiro de seu título continuou a cumprir a política expansionista e, com o passar do tempo, o império foi dividido em vários khanatos com relativa autonomia, apesar de subordinados ao Grande Khan.


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