Quando os vikings abordaram pela primeira vez o território inglês, atacando o mosteiro de Lindisfarne em 793, iniciaram um período agressivo de saques, invasões e ocupações territoriais para a formação de assentamentos. Nórdicos, principalmente dinamarqueses, e ingleses travaram muitas batalhas no decorrer dos anos. A persistência e evolução das incursões vikings foram ainda mais decisivas quando uma coalizão de forças lideradas por figuras como Ivar, o Desossado, e Halfdan Ragnarsson, desembarcou na Inglaterra e conquistou grandes partes dos reinos anglo-saxões.
Esta presença nórdica forçou a posterior assinatura do Tratado de Wedmore, definido em 878 pelo rei Alfredo, o Grande, de Wessex, e o líder viking Guthrum. O acordo tinha como objetivo conter a presença dos escandinavos e forçar a conversão ao cristianismo como condição para a permanência dos colonos em solo inglês. Esta situação estabeleceu o Danelaw, um verdadeiro domínio viking no norte da Inglaterra, incluindo cidades importantes como York, Derby, Leicester, Lincoln, Nottingham e Stamford. Com o passar do tempo, nórdicos e ingleses foram promovendo uma integração com contribuições mútuas que perdurou até após a vigência do Danelaw, no século X.
Em 954, como efeito da restauração anglo-saxã, o último líder viking, Eric Bloodaxe, foi derrubado e expulso, assinalando o fim do Danelaw. Apesar desta mudança de situação, os vínculos entre os nórdicos e os ingleses já estavam estabelecidos e as incursões vikings não cessaram completamente. No trono da Inglaterra desde 978, Æthelred, o Despreparado, tentou comprar a paz com o rei dinamarquês Sweyn Forkbeard, oferecendo fortunas em negociações que esvaziaram os cofres do reino. Os pagamentos não surtiram efeito, pois os ataques continuavam e afetavam a autoridade do monarca inglês e Æthelred resolveu radicalizar, ordenando o massacre de dinamarqueses estabelecidos em assentamentos, mas este gesto somente motivou a intensificação das pressões de Sweyn. Os nórdicos realizaram finalmente uma astuciosa e exitosa invasão à Inglaterra em 1013, obrigando Æthelred a fugir para a Normandia enquanto o rei viking assumiu o trono inglês.
Sweyn morreu no ano seguinte, quando as reações comandadas por Edmund Ironside, filho Æthelred, estavam surtindo efeitos numa Inglaterra dividida entre os nobres que coroaram o líder resistente como Edmund II após a morte de seu pai e outros que apoiavam o domínio nórdico. Neste cenário, Cnut (ou Canuto), o Grande, filho de Sweyn, despontou como novo soberano dos vikings que tomaram a Inglaterra.
Diante da fortalecida reação anglo-saxã e de seguidas vitórias de Edmund, Cnut reforçou seu efetivo e levou, em 1016, o impasse bélico a um acordo que dividiu os territórios disputados entre os dois reis com a possibilidade de unificação em favor daquele que sobrevivesse ao outro. Edmund morreu meses depois, possivelmente envenenado, então Cnut foi estabelecido como rei da Inglaterra.
Ao se estabelecer de vez no poder, ele tratou de eliminar nobres ingleses que ele considerava desleais e distribuiu as terras lhes pertenceram entre aqueles que decidiram apoiar o novo soberano. Uma medida para ajudar a legitimar sua posição foi o casamento com Emma da Normandia, a viúva do derrotado rei Æthelred, ato habilidoso para reduzir eventuais questionamentos e facilitar sua aceitação. Ele dividiu administrativamente o reino entre os condados de Wessex, Mércia, Ânglia Oriental e Nortúmbria, facilitando sua política de arrecadação fiscal e controle político. Outra importante medida adotada pelo rei Cnut foi sua aliança com a Igreja Católica, o que favoreceu ainda sua aceitação e prestígio diante de outros reinos católicos da Europa. Cnut chegou a viajar para Roma e assistiu a coroação de Conrado II como imperador do Sacro Império Romano-Germânico, em 1027. Além de acumular o trono dinamarquês, o poderoso monarca usou os reforços ingleses para conquistar a Noruega em 1028, controlando ainda partes da Suécia, forjando o seu Império do Mar do Norte e desenvolvendo mercados e integração entre a Inglaterra e a Escandinávia.
Sua origem e as condições de sua tomada de poder deixaram logo de ser consideradas como problemas, pois Cnut conseguiu promover uma fase de prosperidade e segurança para a Inglaterra. Apesar disso, a continuidade do contexto favorável foi revelada inviável após sua morte, em 1035. Seus filhos, Harold Harefoot e Harthacnut, dividiram o reino, mas não conseguiram manter o nível de controle e estabilidade proporcionado pelo reinado do pai. Com a morte de Harthacnut, em 1042, os nobres acharam oportuno restaurar uma dinastia anglo-saxã, coroando Eduardo, o Confessor, filho de Æthelred, o Despreparado, e Emma da Normandia. A coroação de Eduardo representou o declínio da influência viking na política inglesa. Após sua morte sem deixar herdeiros, em 1066, o rei norueguês Harold Hardrada chegou a reivindicar o trono inglês, mas sua tentativa de conquistar o poder foi frustrada pela derrota na Batalha de Stamford Bridge.
Referências:


[…] Cnut, o Grande, foi um dos mais poderosos reis vikings, consolidando seu domínio sobre a Inglaterra após derrotar o rei Edmund em 1016. Além de se casar com Emma da Normandia para fortalecer sua posição, ele estabeleceu uma era de prosperidade e alianças estratégicas com a Igreja. Governando também a Dinamarca e a Noruega, Cnut criou um império marítimo que integrou a Escandinávia e a Inglaterra. Conheça a história do viking que se tornou rei e garantiu a estabilidade de seus reinos. […]
[…] a ser instalado um território dominado pelos dinamarqueses, o Danelaw, e até um rei viking, Cnut, o Grande, reinou sobre os britânicos. Dinamarqueses belicosos também se instalaram no norte da França, […]
[…] Cnut, o rei viking da Inglaterra […]