Fu Hao, a nobre guerreira e sacedotisa que virou deusa na China Antiga

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

A honorável Fu Hao vivei por volta de 1040 a.C. e foi uma das mulheres mais destacadas da China Antiga durante a Dinastia Shang. Ela foi uma figura da nobreza que exerceu a função de general, sacerdotisa, liderança política, além de principal das 64 esposas do Rei Wu Ding e ainda acabou sendo consagrada como uma divindade após sua morte.

Ela se casou muito cedo com Wu Ding, ato que firmava pactos entre o monarca e aliados e logo deu a luz a Xiao Yi, designado como herdeiro do trono. Sua presença na corte não era figurativa, pois ela já era uma pessoa altamente instruída sobre as questões do poder e interesses do Estado, então ela atuava como conselheira e depois assumiu pessoalmente o comando de tropas. Ainda na infância ela foi iniciada nas artes da guerra, técnicas de combate, artes marciais e manejo de armas, o que favoreceu sua atuação como comandante, participando e comandando soldados em batalhas contra as tribos Jiang, Tu, Bai e Yi. A performance da jovem consorte real e general elevou ainda mais sua reputação e prestígio nos meios políticos, militares e entre o povo.

Além da guerra, Fu Hao também atuava nas lutas espirituais, desempenhando uma destacada atuação sacerdotal. Ela conduzia rituais na tradicional religião praticada pela dinastia, incluindo práticas oraculares e de adivinhação que utilizavam ossos de tartarugas e bois, além de presidir sacrifícios, oferendas e tributos solenes aos deuses e ancestrais. Os ritos eram importantes diante das decisões e para proporcionar proteção espiritual e Fu Hao era notável conhecedora dos assuntos religiosos e assumia um importante papel de alta sacerdotisa.

Representante da elite, Fu Hao era senhora de terras e comandava um feudo real, posição muito rara entre mulheres no reino. Essa condição proporcionava certa autonomia porque ela administrava sua própria fortuna pessoal. O poder dessa notável mulher chinesa estava presente ainda nas tramas da política, pois ela exercia a função de conselheira real, participava de reuniões decisiva e desempenhava inspeções nas áreas de interesse estatal.

Sua presença marcante no poder, na religião e guerra não evitaram as desventuras, pois perdeu seu único filho, que morreu ainda na infância, o que a deixou desolada. Além disso, conforme registros e suposições, ela acabou também morrendo cedo demais após um acidente durante uma caçada. Wu Ding prestou as devidas honras fúnebres preparando uma sepultura dotada de mais de 1.600 objetos, incluindo armas, artefatos de jade, vasos de bronze e muitas de conchas de cauri, que eram usadas como moeda na época. Um culto foi consagrado em nome de Fu Hao, divinizada e adorada como uma divindade durante anos após sua morte enquanto prevaleceu a antiga tradição religiosa dos tempos da Dinastia Shang.


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