Nerva: Estabilidade e moderação diante do caos de Roma

(Representação visual gerada pela IA Leonardo)

Roma enfrentava mais uma situação de turbulência sob o governo do autocrático Domiciano, mais um imperador de comportamento instável e paranoico. O descontentamento era grande e ia do Senado às ruas da capital, mas a maneira de lidar com as críticas que Domiciano encontrava era a habitual perseguição e repressão violenta, o que aumentava sua lista de inimigos declarados e ocultos. Como também era habitual em Roma, certas oposições eram resolvidas através da conspiração e eventualmente de uma trama homicida, assim Domiciano acabou sendo eliminado por seus inimigos e assassinado 96 d.C. A sucessão foi resolvida pelo Senado, que tratou de designar Marcus Cocceius Nerva para seu lugar.

Aos 65 anos de idade, Nerva tinha uma carreira de serviços prestados ao Estado em funções políticas e administrativas, incluindo sua atuação como membro do Senado e como cônsul. Era um homem de respeitada reputação e reconhecido como um político moderado e conhecedor das leis e o conjunto de seus requisitos valeu o reconhecimento e a mobilização dos senadores em torno de seu nome, apesar de sua falta de atuação como comandante militar.

Como imperador, ele tratou de pacificar as instituições e o ambiente em Roma, abolindo a execução pública de membros do Senado, entre outras práticas realizadas pelo antecessor. Nerva trouxe para o seu exercício de governo sua experiência com a administração pública e conhecimento sobre o funcionamento do Estado, implementando mudanças no sistema fiscal para aperfeiçoar a arrecadação e utilização dos recursos. Suas medidas tiveram alcance sobre as camadas mais pobres ao reduzir o peso dos impostos e através da distribuição de terras.

Ele chegou a lidar com uma rebelião da Guarda Pretoriana 97, pois não conseguiu assumir pleno controle sobre a corporação que era um reduto fiel a Domiciano. Durante o ato, membros da guarda invadiram o palácio e tomaram o imperador como refém e fizeram uma série de exigências que tiveram que ser parcialmente atendias ao custo de enfraquecimento de sua autoridade. Como consequência, Nerva resolveu fortalecer a posição imperial através de uma manobra inteligente, nomeando o respeitado general Trajano (Marcus Ulpius Traianus) como seu sucessor ainda durante seu governo.

Apesar de sua fragilidade como líder militar, Nerva teve em seu curto governo a capacidade de estabilizar o império, iniciando uma fase próspera e sendo reconhecido posteriormente como o primeiro do período conhecido como a época dos “Cinco Bons Imperadores”. Ele morreu em 98 e deixou a transição preparada para que Trajano ocupasse o posto de imperador.


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