Assurbanípal: Cultura e horror no Império Neoassírio

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

O Império Neoassírio representou uma importante fase da história mesopotâmica entra entre 911 a.C. e 609 a.C. O poder militar, os aprimoramentos das estruturas administrativas e valorização da cultura assíria favoreceram uma imposição dominante sobre províncias estabelecidas em regiões conquistadas. O império abrangeu áreas dos atuais Iraque, Síria, Irã, Turquia e Egito, marcando seu auge durante o reinado de Assurbanípal, também conhecido como Ashurbanipal, que governou de 668 a 627 a.C.

Filho do rei Esarhaddon e da rainha Naqi’a-Zakutu, ele herdou o trono sem incidentes e foi preparado previamente para assumir o comando do império, sendo instruído de maneira intensa a respeito da história, religião e cultura de seu povo, além das habilidades físicas da caça, equitação, manejo de armas e treinamento de combate. Faz ainda parte de sua formação o domínio dos temas administrativos e estratégias de guerra. Essa base proporcionou ao jovem rei condições de conduzir o império como um governante qualificado e Assurbanípal fez uso de tais requisitos demonstrando ter grande habilidade de reconhecer as situações e direcionar ações para favorecer seus domínios e expandir o poder assírio.

O imperador estabeleceu a primeira biblioteca organizada do mundo em Nínive. Dotada de inúmeros volumes de registros e obras em tábuas de argila com escrita cuneiforme, a biblioteca atraía estudiosos e serviu de local para a preparação de gerações de eruditos. Sob seu reinado a cultura conheceu um período muito favorável, com vigorosa produção artística e científica, além de favorecimento à religião através da construção de templos principalmente dedicados a Ashur e Ishtar.

Nem tudo era cultura e leveza no império comandado por Assurbanípal e o rei erudito também tinha seu lado sanguinário, brutalidade que virou uma marca associada a seu nome. Como líder militar ele empreendeu campanhas vitoriosas no campo de batalha, mas que iam além do confronto convencional. Ele impunha mais do que a derrotados oponentes, estabeleceu o massacre como prática. Durante a guerra contra contra Elam (ou Elão), reino que existiu no atual sudoeste iraniano, o exército de Assurbanípal não apenas destruiu a capital do reino vizinho como a objetivou a destruição até do legado elamita, profanando túmulos e espalhando sal sobre terras para provocar a infertilidade do solo. Em outras guerras o padrão devastador se repetia através de extermínio de civis, escravização em massa e o esforço para arruinar os vestígios da existência das tradições e culturas dos povos derrotados. A hostilidade diante do Egito, dominado pelos assírios, era intensa e ele massacrou a tentativa do faraó Taharqa de restaurar a autonomia do reino africano.

O próprio irmão Shamash-shum-ukin também foi um de seus alvos ao liderar uma rebelião a partir de Babilônia. Assurbanípal sitiou a cidade até arruinar seus próprios súditos, que depois de enfraquecidos pela fome foram brutalmente assassinados em massa pelo exército enquanto o rebelde Shamash-shum-ukin se matou antes de cair nas mãos do irmão.

Após seu reinado, o Império Neoassírio entrou em franca decadência enfrentando uma fase de instabilidade que culminou com o domínio pelo Império Neobabilônico.


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