Os povos do passado reconheciam a morte como desfecho inevitável da existência física, mas questionavam se existia algo além dela. Qual o destino depois da vida? Diversas culturas responderam com suas próprias interpretações, que frequentemente incluíam lugares onde as almas dos mortos “viveriam” pela eternidade ou durante algum ciclo especial. Tais ambientes geralmente possuíam as entidades que exerciam a função de regentes, controlando seus domínios através de autoridade, poderes e magias. As representações do além eram imaginadas como reflexos da própria vida terrena, como destinos capazes de abrigar seus moradores conforme os parâmetros estabelecidos do plano existencial, com favorecimentos para os virtuosos e punições para os desviados.
Entre os nórdicos, a dimensão pós-morte era especialmente complexa, pois uma alma poderia parar em diferentes lugares dependendo das circunstâncias. O Valhalla era o honroso salão de Odin e recebia guerreiros mortos em combate que foram previamente escolhidos pelas Valquírias; em Fólkvangr a deusa Freya também recebia guerreiros selecionados que viveriam prazeres; em Ran ficavam os mortos nos mares, pescados pela deusa que deu nome ao ambiente nas profundezas oceânicas; o Helheim era o reino das almas de quem morria das causas naturais ou que viveram sem grandeza.
Helheim tinha sua soberana, a deusa Hel, filha de Loki, o deus da trapaça, e da gigante Angrboda. Hel era uma regente controladora e severa, embora justa, ela julgava quem chegava aos seus domínios e definia onde seus novos súditos ficariam em seu reino da morte, pois Helheim poderia apresentar variados desconfortos ou mesmo comodidades para cada tipo de alma, pois entre os habitantes do imenso submundo estavam pessoas que, embora não se qualificassem para Valhalla ou Fólkvangr, não eram necessariamente merecedoras de punições porque levaram vidas “comuns”. Deste modo, o “inferno” nórdico não era genericamente um ambiente de castigo eterno, contudo, havia em suas profundezas um ambiente próprio para isso, o Niflhel, onde ficavam confinadas e sofrendo as almas de malfeitores e pessoas indignas de favores no além.
A rainha do submundo era representada como uma figura semimorta, com seu corpo dividido entre a aparência de uma bela mulher e a de um cadáver deteriorado, mas ainda assim dotada da imponência de uma divindade. Hel também é uma entidade que vive sob o isolamento em função de sua condição de regente do mundo sombrio e distante que era gélido Helheim. São raras suas interações com outras divindades, mas ela não é inferiorizada por causa de sua atribuição e chega a se impor e estabelecer sua autoridade sem submissão.
Cultos dedicados à deusa do submundo não eram comuns, mas essa situação não diferia do tratamento a outras figuras que governam os mortos em diversas mitologias. A devoção era substituída pelo temor.
A palavra inglesa “hell” (traduzida como “inferno”) é derivada do termo “Helheim”, resultado da influência nórdica nas Ilhas Britânicas a partir do final do século VIII, apesar do entendimento cristão a respeito dessa dimensão do além.


[…] Na mitologia viking, Hel, filha de Loki, governava Helheim, o reino dos mortos que não caíram em combate. Seu domínio era uma terra fria e sombria, onde as almas comuns, e até algumas indignas, residiam. Hel era uma figura poderosa, dividida entre a beleza e a morte, e seu reino refletia a complexidade da vida após a morte na cultura nórdica. Descubra como a deusa Hel administrava esse submundo e sua influência nas crenças vikings sobre o … […]
[…] pelos gigantes de fogo. O último mundo era Helheim, habitado pelos mortos e governado pela deusa Hel. Os habitantes destes mundos faziam parte de uma fabulosa mitologia registrada em obras épocas e […]