Whiro e o poder do mal na mitologia Maori

(Representação visual gerada pela IA DALL-E)

Diversas culturas conceberam suas próprias noções de submundo, destino dos mortos e ambiente além do alcance dos vivos. Seres poderosos e frequentemente temíveis foram imaginados como regentes dos submundos, desempenhando papéis fundamentais nas crenças e vivências de variados povos, abordando a relação com a morte, o destino e a própria existência.

Entre os Maori o além é marcado pela escuridão de Te Po, o reino dos espíritos, existente em paralelo ao mundo dos vivos. Diversas divindades possuíam seus próprios domínios e moradas seja no céu, em florestas sagradas, nos mares, em ambientes mágicos e na própria terra, mas Te Po era o ambiente de Whiro. Filho de Ranginui (o céu pai) e Papatuanuku (a terra mãe), irmão de Tangaroa (o deus do mar) e Tane Mahuta (o deus da floresta), com quem disputava obter o conhecimento sobre o poder supremo da criação e da luz, mas perdeu a disputa e foi dominado pela fúria e inveja. Ele resolveu descer para o mundo sombrio, onde encontrou condições de se sobressair, acumulando forças malignas.

Ele é identificado como a personificação do mal, o espírito do azar, das doenças e da escuridão, representado pelos aspectos maléficos e negativos presentes na existência. Em algumas tribos havia a crença de que Whiro, por estar associado à morte, se alimentava dos corpos falecidos e deles obtinha ainda mais força. Para evitar favorecer o maleficente senhor do submundo, os cadáveres eram cremados. 

Ele era mencionado quando as coisas davam errado ou quando tragédias ocorriam, mas em caso de guerra e situações de risco ele era invocado com bastante cuidado por sacerdotes que conheciam bem o poder e aspectos de Whiro, afinal, não era prudente arriscar. O deus maligno normalmente não era cultuado e os rituais nos quais Whiro era citado visavam exatamente a proteção contra sua ação.

Ele compunha com o irmão e inimigo Tane Mahuta a dualidade entre as trevas e a luz, entre a vida e a morte, uma representação da própria existência.