Originários da Polinésia, os Maori chegaram à Nova Zelândia em levas migratórias. A migração ocorreu a bordo das canoas conhecidas como “waka” e os viajantes já possuíam conhecimentos a respeito de navegação acompanhando o posicionamento de estrelas, correntes marítimas e fluxo dos ventos. Os primeiros exploradores polinésios na Nova Zelândia chegaram por lá por volta do século X, mas a colonização efetiva teve início no século XIII.
Foi estabelecida uma sociedade complexa com forte orientação nas crenças que faziam parte da cultura dessa população. Os “iwi” (tribos) eram os maiores conjuntos da população, que era subdividida entre os “hapū” (os clâs), que tinham seus próprios domínios territoriais dentro do grande conjunto tribal. O “whānau” era a subdivisão básica dos clãs e correspondiam às famílias, incluindo parentes colaterais como tios e primos. A poligamia era admitida, os papéis de gênero possuíam certa definição, embora mulheres também pudessem ter posições destacadas como lideranças religiosas.
A chefia tribal competia ao “rangatira”, figura respeitada por ter sabedoria, autoridade e perícia no combate. Embora a linhagem fosse um fator importante, a hereditariedade somente não definia a transmissão da liderança, pois o líder do povo precisava ser aceito pela comunidade por meio de demonstrações públicas de aclamação, seguidas de rituais para oficializar a posição. Um rangitira precisava ser reconhecido pela população por qualidades como a capacidade de tomar decisões com sabedoria, de praticar a justiça, de saber se comunicar com o povo, de demonstrar força física e destreza como guerreiro. Os “tohunga” eram os líderes em suas próprias competências, como da religião e da cura, servindo como conselheiros do líder tribal.
Os Maori praticavam a agricultura, cultivando plantas trazidas da Polinésia, como a batata-doce (kūmara), entre outros vegetais nativos. A pesca era uma atividade importante para povos do mar e os Maori eram exímios pescadores, dotados de técnicas eficientes. Consumiam uma diversidade de peixes e mariscos na base alimentar tradicional, caçavam aves e praticavam coleta selvagem nas matas da região para complementar a alimentação. Também trazidos da Polinésia, os kiore, ratos do Pacífico, eram consumidos como parte das refeições e que posteriormente viraram uma praga no meio ambiente. Com a autossuficiência dos hapū, o comércio não era uma atividade primordial e praticavam escambo para obter um bem em troca de outro quando necessitavam.
A cultura Maori concebeu uma rica e diversificada religiosidade, compostas por divindades associadas à natureza e às atividades humanas, além dos espíritos dos ancestrais e de criaturas sobrenaturais. Uma rica mitologia repleta de narrativas carregadas de lições faz parte da composição do conjunto de crenças dos Maori, que possuíam também elaborados rituais para os eventos marcantes como nascimentos, mortes, colheitas, práticas voltadas para interesses específicos e para a preparação para os desafios da guerra, a exemplo do “haka”, dança ritualística famosa até nos dias de hoje.
A cultura nativa e os hábitos sociais dos Maori foram afetadas de maneira relevante a partir da chegada dos colonizadores europeus, que trouxeram e impuseram suas normas e valores, tomando ainda as terras das aldeias. Muitos elementos da tradição sobreviveram como forma de resistência.


[…] ocorrências de conflitos também fizessem parte destes contatos, como em lutas travadas contra os Maori em sua passagem pela Nova […]