Na região conhecida como o Chifre da África, onde hoje estão as atuais Etiopia e Eritreia, floresceu um imponente reino de grande presença comercial. O Reino de Axum, conforme a tradição, teria sido instituído pelo Rei Salomão e pela Rainha de Sabá em tempos antigos e com o passar dos anos firmou-se pelas operações de comércio que celebravam com egípcios, gregos, romanos e indianos, permanecendo exercendo uma dominante atuação nos negócios até a expansão do islã.
Pela atividade comercial, as trocas culturais e contatos com outros povos era intensa, possibilitando a aproximação de influências de diversas partes. Como o fluxo de estrangeiros na região era comum, gente de diversas procedências, línguas e religiões circulavam por Axum e uma delas foi o sírio ou palestino Frumêncio, que chegou por lá na condição de servo no palácio real. Com o passar do tempo, o forasteiro instruído foi ganhando a confiança do rei Ella Amida e da rainha Sofya, que confiaram a ele a educação do príncipe Ezana. Frumêncio continuou exercendo a função de tutor depois da morte do rei, enquanto a regência era realizada pela viúva, e quando Ezana foi coroado, em 320 d.C., passou a servir como conselheiro real. A influência de Frumêncio foi definidora para a conversão do jovem rei ao cristianismo. Posteriormente Frumêncio obteve o status de bispo e fundou a Igreja Ortodoxa Etíope, uma das mais antigas igrejas cristãs do mundo.
Ezana é um dos primeiros monarcas cristãos, numa fase em que a religião ainda experimentava seus primeiros processos importantes de expansão. O rei africano adotou a religião pouco depois da conversão do romano Constantino I, em 310, porém teve o papel de pioneirismo no ato de definição do cristianismo como religião do Estado.
O reinado de Ezana foi próspero. Ele foi conhecido também como Ezana, o Grande, além de Rei dos Reis e O Rei Gentil. A adoção do cristianismo como religião do reino foi importante para que transformações importantes ocorressem na cultura de Axum, pois foi instituída uma educação de base cristã para difundir a fé oficial, foram construídas igrejas e estabelecida uma aliança com Bizâncio para fortalecer o processo de cristianização.
Além das transformações religiosas, sob o reinado de Ezana ocorreu uma expansão territorial de Axum, que incorporou domínios de reinos vizinhos através de uma eficiente atuação militar, conseguindo derrotar até o imponente reino vizinho de Cuxe. Axum aprimorou sua marinha para estabelecer o controle sobre rotas marítimas e figurou de maneira dominante como centro comercial. Outras inovações introduzidas durante o governo de Ezana foram a adoção de um sistema monetário padronizado com moedas próprias e a adoção de uma nova escrita, a Ge’ez ou Axumite, empregada na documentação oficial, litúrgica e produção literária. Ezana também foi um rei construtor, edificando obras como barragens, sistemas de irrigação, estradas, palácios e templos.
Na Pedra Ezana, monumento existente até os dias de hoje, foram registrados em ge’ez, sabeu (uma língua do sul da Arábia) e grego os feitos do rei para que fossem reconhecidos pela posteridade. Ezana morreu por volta do ano 360, não havendo esclarecimentos a respeito de sua sucessão. O cristianismo continuou vigorando em Axum.


[…] Ezana, o monarca africano que instituiu o primeiro reinado cristão do mundo […]
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