A corte francesa de Luís XIV instalada do Palácio de Versalhes foi cenário de opulência, do intrigas e escândalos. A alta elite francesa convivia nos salões, corredores, espaços reservados e jardins do palácio personagens singulares da corte se destacaram por razões variadas. Uma das figuras mais conhecidas entre os frequentadores e hóspedes do rei foi a nobre Madame de Montespan (1640-1707), marquesa de forte influência por suas habilidades pessoais, pela fortuna e pela proximidade íntima com o rei, sendo sua reconhecida amante.
Nascida Françoise-Athénaïs de Rochechouart, filha do nobre Gabriel de Rochechouart, o Duque de Mortemart, e da também aristocrata Diane de Grandseigne, desde sua origem já estava mergulhada em requinte e privilégios no Castelo de Lussac-les-Châteaux, lar da família. Foi educada no convento, como previsto para uma jovem de sua estirpe, além de receber instrução de tutores especialmente designados para educar sua etiqueta e finesse. Desde jovem já frequentava os ambientes da corte, servindo como dama de companhia da irmã do rei. Casou-se aos 23 anos com Louis Henri de Pardaillan de Gondrin, Marquês de Montespan e em 1666 foi viver em Versalhes, onde foi inicialmente acompanhante rainha Maria Teresa e, finalmente, começou a se envolver com Luís XIV.
Ela era uma dama de notável beleza, de inteligência incomum e muita astúcia, transitava na corte com bastante articulação e foi constituindo influência e poder entre os nobres que rodeavam o monarca. Quando a marquesa e o rei iniciaram o romance ela era uma mulher casada e mãe dos dois filhos. Seu marido manifestou que estava enojado da situação e por ter causado alarde e constrangimento ao rei foi preso e exiliado. Françoise-Athénaïs assumiu uma posição reconhecida no meio cortesão como “maîtresse-en-titre”, papel que cabia à amante principal do monarca e que era praticamente um status admitido com certa aparência de oficialidade, pois conferia determinados privilégios como aposentos próprios especiais no palácio, trânsito livre nos espaços mais reservados do complexo real, exercício de maior liberdade e meios para aconselhar o rei e a admissão do relacionamento extraconjugal de maneira aceitável, pois não era um caso clandestino.
A marquesa se envolvia em intrigas usando sua influência sobre o rei para obter vantagens pessoais ou favorecer seus aliados e marginalizar seus desafetos, tornando-se uma mulher tão admirada quanto temida na corte. Certamente a discreta rainha Maria Teresa não achava essa situação confortável, principalmente porque a Madame de Montespan exercia mais influência do que ela na corte e tinha o hábito de provocar e humilhar publicamente a esposa oficial do rei, comportamento que frequentemente escandalizava.
Como o rei era um notório mulherengo, outras mulheres chamavam sua atenção e preocupavam sua “maîtresse-en-titre”. Françoise-Athénaïs, mas com o tempo o relacionamento passou a ter seus altos e baixos. Diante das incertezas e das ameaças de perder seu status, ela passou a apelar para forças do além, recorrendo aos serviços de figuras praticantes de previsão do futuro e destino, das artes sobrenaturais da feitiçaria e promotoras da perturbadora “missa negra”, ritual macabro de bruxaria. Há rumores que ela serviu poções “enfeitiçadas” ao rei para garantir a perpetuação de seu amor por ela e que também teve participação numa trama conhecida como o “Caso dos Venenos”, episódio de assassinatos de pessoas da corte. A conhecida bruxa e envenenadora profissional La Voisin denunciou a participação da Madame de Montespan no caso dos envenenamentos e da encomenda de seus serviços para preservar seu relacionamento com o rei através do empenho das forças sobrenaturais. Com a reputação manchada, o relacionamento de 12 anos com o rei foi encerrado e a Madame de Montespan, que escapou de sofrer punição severa por falta de provas concretas, foi expulsa da corte e precisou deixar os filhos que teve com o rei.
Fora do poder, Françoise-Athénaïs mudou de hábitos e passou a ter uma dedicação intensa à religião. Praticante de caridade e levando uma vida sossegada e modesta, ela optou por viver discretamente até seus últimos dias, falecendo em 27 de maio de 1707, aos 66 anos de idade.
Referências:


[…] Algumas amantes reais foram mulheres de bastante destaque e influência, a exemplo das nobres Marquesa de Montespan (1640-1707), Marquesa de Pompadour (1721-1764) ou da Marquesa de Maintenon (1635-1719), que chegou […]
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