A mitologia filipina foi constituída ao longo de vários séculos e enriquecida através de contatos com outros povos como os malaios, indonésios e chineses. Quando os espanhóis iniciaram a colonização do arquipélago buscaram submeter os habitantes locais à fé cristã, o que afetou bastante a sobrevivência das antigas tradições. Na fase colonial estudiosos começaram a registrar as narrativas que eram transmitidas oralmente, mas mesmo este esforço não foi capaz de preservar os elementos da mitologia porque não eram completos ou porque foram produzidos sob influências das perspectivas daqueles que fizeram a compilação das histórias e mitos. Apesar disso, a persistência do costume de transmissão oral ajudou a preservar diversas informações da grande diversidade de aspectos das formidáveis culturas nativas com muitas etnias e variações locais.
Os nativos filipinos conceberam uma mitologia incrível com entidades divinas complexas, além de uma vasta gama de outros tipos de seres como elementais, espíritos da natureza, espíritos dos ancestrais, criaturas sobrenaturais e até pessoas sagradas.
Entre as divindades, uma das mais importantes era Lakapati, associada à agricultura e fertilidade. A fertilidade da terra e humana são aspectos que diversos povos e culturas consideraram como domínio da ação divina, assim consagravam seres divinos em busca de bons resultados para a garantia da perpetuação da existência pela fartura de elementos para a subsistência e pela vitalidade que gerava a reprodução. Lakapati cumpria exatamente esta função para os filipinos.
Os habitantes pré-coloniais constituíram uma sociedade agrícola que dependia das boas colheitas e como os atos da vida estavam sujeitos à ação divina, uma divindade se encarregava de proporcionar as condições para a abundância das safras e a prosperidade. Os devotos realizavam seus pedidos oferecendo à divindade alimentos, bebidas e sacrifícios de animais e esperavam que a satisfação de Lakapati resultasse em benefícios. Rituais eram celebrados nos momentos do plantio, durante o processo de desenvolvimento das lavouras e na fase de colheita, com celebrações repletos de cânticos e rituais que honravam Lakapati.
Outro aspecto significativo de Lakapati era sua condição especial como divindade andrógina ou mesmo igualmente feminina e masculina. Como a cultura filipina pré-colonial filipina era dotada de uma visão de gênero mais ampla que a cristã, esta representação da divindade era natural. Como as forças femininas e masculinas eram complementares para a fertilidade, Lakapati incorporava esta representação em sua forma, que erra associada ao simbolismo agrícola e sexual, pois a divindade também era reconhecida por seu papel de favorecer o nascimento de pessoas, principalmente protegendo a gravidez e proporcionando os partos. Casais que desejavam filhos realizavam suas oferendas e prestavam rituais para que Lakapati concedesse o pedido que assegurava a existência geracional do povo.
Muitas culturas antigas possuíam suas divindades da fertilidade, porém Lakapati tem aspectos distintivos entre tantas outras.

