Entre os ingleses desde a Magna Carta, de 1215, foram estabelecidos princípios que limitavam o poder dos reis e durante o século XIII foi instituído um conselho de nobres e clérigos que atendiam convocações especiais para aconselhar os monarcas. Este órgão foi sendo ampliado através do acréscimo de representantes dos condados e cidade e também conseguiu fortalecer sua atuação e poderes ao longo dos anos, conseguindo ter a condição de impedir que os monarcas tomassem determinadas decisões que não fossem previamente aprovadas pelos parlamentares. Um marco para o empoderamento do Parlamento foi a Revolução Inglesa (1642-1651), seguida da Declaração dos Direitos (Bill of Rights), de 1689, que confirmou a supremacia do poder parlamentar sobre o monarca.
A estrutura de poder britânica foi incrementada pela atuação de lideranças parlamentares que assumiam efetivamente os assuntos de governo e esta inovação teve início com a atuação de Sir Robert Walpole, o Conde de Oxford.
Nascido em 1676, Walpole se familiarizou com assuntos de Estado logo cedo, pois seu pai era um influente membro do Parlamento. Educado em Eton College e no King’s College, de Cambridge, acabou ingressando na política atuando como um Whig, ou seja, integrante da tendência parlamentar liberal, constitucionalista e anti-absolutista. Orador primoroso e dotado de grandes capacidades de articulação e liderança, logo virou uma figura destacada no Parlamento, conseguindo, em 1721, assumir tanto poder que acabou efetivamente governando durante os reinados de Jorge I e Jorge II.
Como líder de governo, o Conde de Oxford empreendeu iniciativas que proporcionaram estabilidade financeira para o reino e buscou manter uma política externa pacífica, envolvendo seu país em poucos conflitos internacionais. Sua condução política era firme e controladora, tendo uma liderança praticamente inquestionável diante dos parlamentares, o que favoreceu a continuidade de sua posição até 1742, quando caiu em decorrência de desgastes e dos abusos praticados. Embora tenha conduzido o governo sem base oficial, sua abordagem acabou concentrando poderes, o que viabilizou a institucionalização do cargo de primeiro-ministro, que seguiu sendo exercido informalmente até o século XIX, quando foi finalmente definido em caráter reconhecido pelas regras legais.
Apesar da existência de figuras políticas que se destacaram em outras monarquias europeias, Walpole pode ser considerado o pioneiro no exercício da função de primeiro-ministro num modelo no qual o poder executivo é derivado do legislativo, consolidado pelo sistema parlamentarista que inspirou diversas organizações políticas e administrativas pelo mundo.

