As gueixas são figuras muito marcantes da cultura e sociedade do Japão que conquistaram especial interesse no Ocidente. Elas são artistas tradicionais japonesas dedicas à música, ao canto e à dança, submetidas a um treinamento rigoroso e dedicação intensa entes de se aperfeiçoarem nessas artes. O termo “gueixa” significa “pessoa de arte” e se refere às artes performáticas finas que elas dominam, sendo costumeiramente vistas como símbolos de elegância, feminilidade e graça.
Inicialmente, durante o Período Edo (1603-1868) da história japonesa, as queixas surgiram como artistas que entretiam e proporcionavam interação social seja por meio das expressões artísticas ou pela conversação. Inicialmente eram mulheres de origem pobre ou órfãs que iniciavam como Maiko (aprendizes) entre os 15 e 20 anos de idade, praticando os fundamentos da dança tradicional, música, cerimônias e rituais do chá e conversações geralmente acompanhando as gueixas mais experientes para aprender como se portar. Algumas delas também eram filhas de gueixas que seguiam os passos de suas mães. Geralmente as Maiko e as gueixas de formação concluída se distinguiam pelas vestimentas, pois entre as iniciantes era comum o uso de roupas de cores e detalhes mais vibrantes, maquiagem mais intensa e penteados característicos e ornamentados, enquanto as profissionais treinadas adotavam um visual mais discreto. Existiam especialidades conforme o domínio artístico, sendo as Tachikata as dançarinas e as Jikata as musicistas. Mulheres de classes mais elevadas que exerciam as práticas da hospitalidade e entretenimento eram as Tayū, mas não eram muito diferentes das gueixas habituais.
Como praticantes de um serviço especializado no qual frequentemente lidavam com homens poderosos, apesar do profissionalismo e disciplina que prescreviam um certo distanciamento pessoal e afetivo, algumas delas acabaram se envolvendo com estes indivíduos de alta posição. Um casamento com um homem de posição social elevada representava uma grande ascensão em uma sociedade rígida e as histórias românticas tratando de situações amorosas do tipo acabaram se popularizando na literatura.
Enquanto a tradição em torno das gueixas evidencie que são artistas refinadas que não prestavam serviços sexuais, as oiran, por outro lado, eram as cortesãs de alto escalão que existiam na mesma época. Elas também recebiam treinamento refinado, eram dotadas de talentos artísticos e praticavam para manter seus clientes envolvidos em animadas conversas, mas atuavam principalmente nos “yūkaku”, locais dedicados à prática da prostituição. Uma oiran podia escolher seus clientes ou manter seus próprios grupos de homens atendidos por seus serviços e algumas delas ficaram famosas e ricas. A distinção entre elas e as gueixas também era na aparência, pois as oiran costumavam usar roupas extravagantes, luxuosas e ricamente ornamentados, contrastando com a discrição recatada de uma gueixa.
Apesar da distinção, em situações críticas, como no século XX e principalmente em fases em torno da Segunda Guerra Mundial, muitas jovens que foram forçadas a se tornar gueixas devido a condições de vida difíceis e falta de oportunidades acabaram também sendo submetidas a abusos físicos e exploração sexual, algumas vivendo da prostituição por força das circunstâncias. Durante este contexto, quando ocorreu a ocupação dos EUA no pós-guerra, foi estabelecida a Lei de Prevenção à Prostituição, em 1956, que abordava a prática dos negócios sexuais. Sob influência dos norte-americanos a gueixas, tratadas como “artistas exóticas” acabaram muito afetadas por estereótipos sexualizados, sobretudo no Ocidente. Reformas educacionais restringiram a possibilidade de meninas iniciarem o treinamento durante a adolescência, o que impactou o acesso de iniciantes nas artes do entretenimento, além do surgimento de alternativas de atuação das mulheres em uma economia que se transformou ao longo do século XX.
Atualmente há no Japão reminiscências da prática tradicional das artes das gueixas, embora em franca decadência. Para alguns elas são vistas como guardiãs de uma tradição, embora outros vejam as raras praticantes como insistentes em algo ultrapassado.
Referências:


[…] do “Kamasutra” e no Japão, as “oiran”, frequentemente confundidas com as gueixas, proporcionavam serviços […]