As mais antigas monarquias surgiram com o advento das primeiras civilizações complexas e antes disso o poder era mais descentralizado e exercido por figuras que poderiam ser líderes guerreiros ou religiosos, anciãos, chefes tribais ou de clãs. Os sistemas de parentesco e de linhagens que já existiam podem ter sido importantes para o processo de desenvolvimento monárquico, mas o conjunto de características que marcaram as monarquias foi sendo aprimorado enquanto as primeiras civilizações ou cidades-estados se firmavam por volta da Idade do Bronze.
Atualmente os registros mais antigos que identificam um rei são da fase pré-dinástica no Alto Egito, quando por volta de 32 séculos antes da Era Cristã governou um certo Iry-Hor. Quanto a primeira mulher governante de um reino, a Mesopotâmia tem o registro mais antigo, identificando a rainha suméria Kubaba, da cidade-estado de Kish.
Kish era uma das mais antigas cidades autônomas mesopotâmicas e começou a ser formada ainda na pré-história. Localizava-se próxima das poderosas Ur e Uruk e despontava como um importante polo para transações comerciais. O período de maior exuberância da cidade foi entre 2900 a.C. e 2334 a.C. A rainha Kubaba governou depois desse período, durante um intervalo em algum momento entre 2112 a.C. e 2004 a.C.
As informações a respeito da rainha são escassas e fragmentadas, mas seu nome consta em antigas listas de reis sumérios, em artefatos materiais de períodos posteriores ao seu governo e reverenciada em textos religiosos. A partir dos retalhos informativos, as interpretações permitiram considerar que ela não teve origens nobres, pois exerceu em uma fase de sua vida a função semelhante a de uma taverneira, ou seja, trabalhou em um estabelecimento que servia bebidas para grupos de frequentadores. Os detalhes de sua espantosa ascensão se perderam, mas a mulher que um dia foi uma trabalhadora comum, segundo esta versão, acabou virando rainha de Kish e teve uma atuação próspera como governante.
A história incrível de Kubaba revela outra ascensão incrível, pois além de rainha ela foi divinizada pelo povo e o culto em sua devoção perdurou durante séculos. Templos foram erguidos para ela, rituais e oferendas eram recolhidos e a rainha transcendeu à condição de uma divindade promotora de fertilidade e proteção pessoal adorada em toda Mesopotâmia.

