Simón Bolívar nasceu Caracas, Venezuela, em 1783, filho de Juan Vicente Bolívar y Ponte e Concepción Palacios Blanco numa família que era parte da elite criolla venezuelana. Ele teve acesso a uma educação privilegiada, estudando em uma academia militar em Caracas e completou sua educação na Europa, principalmente na Espanha e na França. Essa experiência educacional no exterior influenciou profundamente sua visão política e despertou seu desejo de lutar pela independência das colônias espanholas na América Latina, pois desenvolveu uma consciência crítica em relação ao sistema colonial e se envolveu com os ideais iluministas e revolucionários que circulavam na Europa na época. Além disso, Bolívar testemunhou a opressão e a tirania da monarquia espanhola sobre os territórios coloniais da América Latina. Ele viu seu povo sendo subjugado e privado dos seus direitos, despertando sua percepção da injustiça.
O cenário político na Venezuela era efervescente, com o crescente descontentamento contra o domínio espanhol. Em 1810, aproveitando-se da invasão napoleônica da Espanha, que desestabilizou o controle colonial, Bolívar e outros líderes locais estabeleceram um governo autônomo na capital venezuelana. Como membro da Sociedade Patriótica de Caracas rapidamente emergiu como uma figura proeminente devido à sua paixão, carisma e habilidades de liderança. Apesar dos esforços do movimento, a independência plena ainda estava distante, e os anos seguintes foram marcados por lutas intensas e conflitos internos, além de dificuldades materiais para estabelecer a administração de um país recém-constituído, a exemplo da falta de recursos e da dificuldade de fazer a economia funcionar. Enquanto isso ainda era persistente a busca da Espanha e dos aliados internos de retomar o controle da região, o que causava sérios abalos no governo independente, que chegou a ser derrubado.
Mesmo no exílio e diante dos problemas na própria Venezuela, Bolívar insistiu que a luta libertadora deveria ocorrer em outras partes da América do Sul. Ele dirigiu-se à Nova Granada (atual Colômbia), onde conseguiu importantes vitórias e estabeleceu a base para a formação da Grande Colômbia, uma união sul-americana que incluía a Colômbia atual, Venezuela, Equador e Panamá, além de atuação nas lutas pela libertação do Peru e Bolívia, país que foi nomeado em sua homenagem. Bolívar era um visionário. Ele sonhava com uma América Latina unida, uma confederação de estados que pudesse compartilhar uma identidade comum e se defender contra influências externas.
Como governante, Simón Bolívar enfrentou desafios enormes. Embora fosse um líder militar brilhante, as realidades do governo provaram ser mais complexas. Ele tentou implantar suas ideias de um governo republicano e democrático inspirado pelas teorias iluministas. No entanto, as tensões regionais, a diversidade étnica e social, e as disputas políticas internas dificultavam a implementação de uma administração estável. Bolívar, por vezes, adotou medidas autoritárias, como assumir poderes ditatoriais, o que era visto como necessário para manter a ordem e a unidade nas jovens repúblicas.
Bolívar acreditava firmemente na educação e nas reformas sociais como fundamentos para o progresso, mas esses esforços foram muitas vezes frustrados por instabilidades políticas, conflitos, falta de recursos e de estruturas. Seu posicionamento a respeito da escravidão variou ao longo de sua atuação. Inicialmente, ele não se opôs explicitamente à escravidão, uma prática comum e aceita na sociedade colonial da época, mas no decorrer de sua experiência nas lutas pela independência passou a defender a libertação daqueles escravos que aderissem à causa como força na luta revolucionária, aumentando o efetivo de combatentes enquanto as economias das terras dependentes da escravidão e aliadas da Espanha foram afetadas pela falta dessa mão-de-obra forçada. A libertação dos escravos também era uma questão que dividia os apoiadores de Bolívar, pois vários deles eram exploradores escravistas. Assim, a libertação plena dos escravos não foi obtida de forma imediata e o próprio Bolívar não testemunhou a abolição em regiões como na Venezuela e Colômbia, repúblicas instituídas pela revolução que só extinguiram a escravidão quando o líder libertador já havia morrido.
Bolívar conheceu tragédias que afetaram gravemente sua vida. Ficou órfão ainda cedo, sendo educado por Simón Rodríguez, tutor que foi uma referência na formação de suas ideias e motivações. Casou-se jovem, aos 19 anos, com María Teresa Rodríguez del Toro y Alaysa, mas a união foi tragicamente breve, pois ela faleceu de febre amarela menos de um ano depois do casamento. Esse evento teve um impacto profundo sobre ele, levando-o a jurar nunca se casar novamente, um voto que ele manteve pelo resto da vida. Embora não tenha tido filhos, Bolívar teve várias relações amorosas conhecidas ao longo de sua vida, incluindo Manuela Sáenz, uma destacada liderança e parceira nas lutas e administração do processo revolucionário.
Os últimos anos de vida de Simón Bolívar foram marcados por desilusão e frustração. Após dedicar sua vida à libertação e unificação da América do Sul, ele testemunhou o desmoronamento de muitos de seus ideais e esforços. A Grande Colômbia, que ele esperava estabelecer como uma federação unificada de estados sul-americanos, começou a se desintegrar devido a rivalidades políticas internas, desacordos regionais e falta de apoio. Em 1830, agravado por uma saúde debilitada e desgastado por anos de campanhas militares e tensões políticas, Bolívar renunciou à presidência da Grande Colômbia. Sentindo-se traído e abandonado por aqueles que ele havia lutado para libertar, ele planejou exilar-se na Europa. No entanto, sua jornada foi interrompida pela piora de sua saúde. Bolívar morreu em 17 de dezembro de 1830, aos 47 anos, em Santa Marta, na Colômbia, vítima de tuberculose. Suas últimas palavras, segundo relatos, refletiram sua decepção com a situação política na América do Sul: “Tudo o que fiz foi em vão; a América Latina é ingovernável”. Apesar de seu fim melancólico, o legado de Bolívar como “El Libertador” e uma das figuras mais influentes na história da América Latina permaneceu imortalizado.

