Ser uma cortesã historicamente refere-se a uma mulher que era parte de uma corte real ou nobre, especialmente na Europa durante os séculos 16 e 17, embora desde muito antes elas já estivessem presentes nas órbitas do poder. Originalmente, cortesãs eram mulheres que faziam parte ou frequentavam cortes reais ou casas nobres. Elas podiam ser damas de companhia, amigas ou conselheiras de rainhas ou outras mulheres nobres. Muitas cortesãs eram educadas e talentosas em artes como música, dança, poesia e, às vezes, erudição. Elas eram valorizadas por sua habilidade de entreter e engajar em conversas intelectuais.
Algumas cortesãs mantinham relacionamentos íntimos com homens poderosos, incluindo reis, príncipes e nobres. Esses relacionamentos podiam ser tanto românticos quanto sexuais e, em alguns casos, as cortesãs exerciam influência política por meio desses laços. Diferentemente das prostitutas comuns, as cortesãs muitas vezes gozavam de um certo grau de independência social e financeira. Elas podiam acumular riqueza e propriedade e, em alguns casos, tinham um status social que lhes permitia certas liberdades que outras mulheres não tinham.
Na Itália, cortesãs que prestavam companhia sexual erem vistas nas cortes palacianas, em redutos privados de homens muito ricos e também nas pecaminosas cortes papais, atendendo a elite da Igreja Católica. Uma cortesão que obteve um status invejável entre elas foi a Imperia Cognati, apelidada como Imperia La Divina, que gozou do status do reconhecimento como a “rainha das cortesãs”. Nascida Diana di Pietro Cognati em 1481, sua mãe também era uma cortesã que engravidou de um de seus amantes, supostamente Paris de Grassis, influente mestre de cerimônias do Papa Júlio II. A jovem ingressou nos círculos da prostituição de luxo ainda durante a adolescência e chamou a atenção de algumas das personalidades mais ricas e poderosas da Itália.
As mais privilegiadas cortesãs mantinham um benfeitor principal enquanto também prestavam seus agrados a outros clientes eventuais e Imperia conquistou a preferência de Agostino Chigi, que foi considerado o banqueiro mais rico do mundo. Chigi até providenciou um palacete para sua amante profissional em um lugar de destaque na cidade, pois bancar e alardear este tipo de relacionamento com lindas mulheres exibidas como troféus era também um meio de promoção para os homens, apesar do desconforto moral da situação. Imperia também tinha seus acordos com um grupo seleto de outros homens influentes e um deles era o genial artista renascentista Rafael Sanzio, para quem ela chegou a posar como modelo e teve sua figura como referência em algumas obras do pintor. Foi relatado até que um de seus clientes encomendou a morte de um outro por ciúmes dela.
Como iniciou muito cedo na carreira de cortesã e obtendo também muito jovem uma posição de destaque no meio, ela também engravidou muito jovem, aos 17 anos, dando a luz a Lucrécia, que seria filha de Agostino Chigi.
Ela continuou com sua carreira de cortesã conquistando homens poderosos e acumulando riquezas, mas, com apenas 26 anos, em 1512, “La Divina” decidiu acabar com a própria vida ingerindo um veneno. As causas passionais de uma ação tão estrema foram especuladas. Uns disseram que ela foi motivada pelo rompimento com Angelo di Bufalo, homem por quem declaradamente era apaixonada, ou ainda porque Agostino Chigi encontrou uma nova amante ainda mais jovem para substituí-la.
Imperia Cognati foi sepultada como uma figura da nobreza e não como uma prostituta de luxo. Deixou para trás um vultoso patrimônio para sua filha Lucrécia.

